Esta urbe ganhou uma certa autonomia ao longo dos séculos e passou a chamar-se República de Ragusa, acabando por se afirmar num poderoso centro marítimo e comercial. Permaneceu independente até 1808, quando Napoleão assumiu o poder na Dalmácia e, desde então, Dubrovnik fez parte de diversos governos, como o Império Austro-Húngaro, o Reino da Jugoslávia e a República Socialista Federativa da Jugoslávia, tornando-se parte da República da Croácia independente em 1991.

Dubrovnik é, indubitavelmente, conhecida pelo seu sistema de fortificação com quase 2000 metros de comprimento, e composto por uma muralha principal que rodeia a cidade, mais de quinze torres e fortes, e três portões: Portão Pile, no oeste; Portão Ploče, no leste; e Portão Buža, no norte. As muralhas atingem, no seu ponto mais alto, uma altura de 25 metros, numa espessura de 6 metros, enquanto à beira-mar apenas têm metade desse valor, ou não garantisse o mar Adriático uma proteção por si próprio. São várias as fortalezas que se destacam pela sua dimensão ou pulcritude, como a de Minčeta, que com os seus 80 metros de altura domina as muralhas da cidade no lado da terra, ou as de Bokar e São João, ambas vizinhas da frente do oceano.

Acedemos à fortificação através do Portão Pile e, de imediato, pisamos a popular Stradun, a rua principal e mais larga, bem com a mais longa dentro das muralhas. Esta liga duas praças, e cada uma delas abriga uma fonte: a Grande Fonte de Onofrio, do século XV, e a Fonte Menor, próxima da Igreja de São Brás. Decidimos deixar a nossa caminhada ao longo das muralhas para o final da tarde, a fim de apanhar um bonito pôr do sol sobre as múltiplas vistas para os telhados e jardins da cidade, e garantir imagens de mar absolutamente deslumbrantes.

Naquele dia e no seguinte, muitos foram os locais explorados: o Palácio do Reitor e o Palácio Sponza, assim como a Igreja de São Brás, dedicada ao santo padroeiro da cidade, a Catedral de Dubrovnik, devota à Assunção de Maria, e o Mosteiro Franciscano. Neste último visitamos ainda a famosa Farmácia do Mosteiro, a terceira mais antiga da Europa, com um inventário que data do século XIV.

Ainda podemos apreciar a Coluna de Orlando, frente à Igreja de São Brás, dedicada ao famoso cavaleiro medieval e símbolo da liberdade e independência. Esta escultura tem uma pequena plataforma no topo, onde, além de ser um local de punições, era também palco para anúncio de informações e avisos importantes ao povo de Dubrovnik.

Na praça cercada pelo Palácio Sponza, Igreja de São Brás e Coluna de Orlando, ergue-se uma torre sineira, que no seu topo é possível encontrar uma cúpula que cobre o sino antigo e duas figuras de bronze (chamadas de Maro e Baro pelos moradores) que tocam o sino com os seus morcegos.

Na parte oriental da cidade, perto do Portão Ploče, fica o Mosteiro Dominicano e a sua igreja. Muitos outros exemplos de arquitetura católica subsistem na cidade como a Igreja de São Salvador, Igreja de São Nicolau, Convento de Santa Catarina e Antigo Convento de Santa Clara. Todavia também existem vários outros edifícios sagrados dentro das muralhas da cidade, como a Igreja Ortodoxa com o Museu de Ícones, a Mesquita e a Sinagoga.

Foram dias intensos em que se o pequeno Viajante X absorvia cada cantinho, cada história, cada olhar e expressão, eu e o Viajante Ilustrador, ambos grandes fãs da mítica série “Game of Thrones”, parecíamos estar fora do nosso tempo e a participar de cada drama, vitória, perda ou paixão no Porto Real (King’s Landing), capital dos Sete Reinos, na costa leste de Westeros, de frente à Baía da Água Negra. Ali revivemos as longas temporadas pelo tão desejado Trono de Ferro na Fortaleza Vermelha, casa dos reis dos Ândalos e dos Primeiros Homens…

"Crescendo em Winterfell, tudo o que eu queria era escapar, para vir aqui, para a capital. Para ver os cavaleiros do sul e as suas armaduras coloridas, e Porto Real depois do escurecer. Todas as velas acesas em todas as janelas..."