Por Fábio Inácio, líder de viagens The Wanderlust e autor do blog Walking Around
Ao primeiro olhar parece que está tudo descontrolado, mas depois de alguns dias e de entrarmos na rotina, começamos a encontrar a ordem no meio do caos e percebemos que tudo funciona perfeitamente, lá à maneira deles. Se há algo que a Índia nos traz são experiências, na sua maioria intensas e muito boas. Reuni aquelas que acho que ninguém devia perder numa aventura pela Índia.
Fazer yoga ao nascer do dia nas margens do Ganges
A cidade de Varanasi, ou “Cidade da Luz”, fundada por Shiva, com mais de 3000 anos e uma das mais impressionantes de toda a Índia, é também um grande centro religioso, principalmente devido ao Rio Ganges.
Varanasi estende-se ao logo do Ganges, que na tradição Hindu é uma forma de Deus (Ganga Ma ou Mother Ganga). É impossível não sentir a sua força e poder na época das monções, e a serenidade e calma na época seca, mas acima de tudo, é impossível ficar indiferente à sua magia.
Com o nascer do sol, praticamos yoga num terraço com vista para as suas águas do rio, entre o silêncio da manhã e o som de algumas cerimónias madrugadoras. O yoga é uma prática e estilo de vida atualmente muito conhecido no Ocidente, mas nada se compara a ter esta experiência na Índia, o seu país de origem.
Assistir às pujas
Um pouco por toda a Índia, nos seus muitos templos, casas, restaurantes e também nas margens do Ganges, as pujas são realizadas diariamente. São rituais religiosos hindus de agradecimento às deidades e podem acontecer nas mais diversas formas, mudando de região para região. Geralmente há um altar com uma ou mais deidades, às quais é oferecida água, comida, flores e incenso, acompanhado por uma lâmpada e um sino. A acompanhar a puja são feitos cânticos, os mantras, que se podem tornar fortes e verdadeiramente hipnotizantes. Diz a crença que só por assistir a uma puja a pessoa já terá punyam, o que à falta de melhor tradução, se pode considerar que trará coisas agradáveis ou bom karma para aquele que presenciou a cerimónia.
Quando a noite cai, na Dasaswamedh Gath, uma das portas do Rio Ganges, é possível assistir às cerimónias de fogo (aarti) de devoção e gratidão que os Indianos têm para com Ganga. São largadas flores, incensos e velas acesas na sua corrente, ao som da música devocional. O rio é iluminado pelas velas que descem a corrente levando consigo desejos, preces, agradecimentos.
Visitar o Taj Mahal
Desde 2007 que foi classificado como uma das novas 7 Maravilhas do Mundo, o Taj Mahal é um dos maiores símbolos de amor do mundo e há quem diga que também de loucura. Depois da sua esposa favorita morrer ao dar à luz o seu 14º filho, o imperador Mongol Shah Jahan mandou fazer este Mausoléu em sua honra. Hoje em dia, os seus túmulos estão lado a lado dentro do Mausoléu. Reza a história que o imperador foi preso e morto por um dos seus filhos por ter endoidecido e destruído toda a fortuna da família.
Todos os dias é visitado por milhares de pessoas. Turistas e, principalmente, indianos vestem-se com as suas melhores roupas para a fotografia perfeita!
Viajar num comboio noturno
Uma das melhores maneiras de “viver” um país é estar no meio da população local, na Índia isso não é exceção. Por lá, um dos lugares perfeitos são os vagões de comboio, o meio de transporte mais utilizado entre as cidades e estados do país. Dentro destes vagões tudo acontece, principalmente nas viagens noturnas.
Cada bilhete dá direito a uma cama na classe sleeper ou numa classe superior, em vagões abertos com dezenas de camas, e é normal ver duas e três pessoas na mesma cama. As pessoas passam as muitas horas de viagem em conversa, a jogar às cartas, a comer e a dormir sempre ao som dos muitos vendedores de chai que correm os vagões de um lado para o outro a cantar sem parar, alto e em bom som, “Chai, chai, chai, chai...”
Não estranhem se muitos deles vierem falar com vocês, estranho é se não o fizerem, os indianos têm tanto de envergonhados como de curiosos, assim que a primeira pessoa vier falar convosco muitos mais se seguirão!
Provar comida de rua
Em qualquer cidade indiana, enquanto caminhas pelas suas ruas vais encontrando algumas bancas de comida tradicional, e já sabes, spicy, sempre muito spicy. Contudo, ir à Índia tem de incluir, sem falta, uma destas refeições e, pelo menos uma vez, ficar com a boca a arder e o nariz a pingar. Cada banca tem a sua especialidade, com pratos sempre repletos de especiarias, e uma grande diversidade cheiros e sabores. Os fritos e o caril são a especialidade, quase sempre com chapati, o tradicional pão indiano, a acompanhar. Nos restaurantes aconselho ainda a provar thali, um tabuleiro com arroz e chapati juntamente com várias taças com diferentes acompanhamentos e sabores que variam de estado para estado. Antes, depois ou a acompanhar a refeição podes beber o famoso chai, que os locais bebem a toda a hora.
Uma visita ao Forte de Amber
O Rajastão, Terra dos Reis, é o maior estado Indiano e Jaipur a sua capital, conhecida como a cidade cor-de-rosa devido às suas construções em terracota. Mais de metade do estado é coberto por terras desérticas, nomeadamente o Deserto do Thar que liga a Índia ao Paquistão. Por aqui é normal ver os homens com turbantes coloridos, principalmente nas pequenas vilas onde vivem da agricultura e do gado.
Amber foi a capital dos Rajputs, o povo que vivia nesta região, até 1727, altura em que a mudaram para Jaipur. Nesta cidade, no topo de uma colina, encontramos o imponente Forte de Amber. A sua construção começou no século XVI a comando do Raja Man Singh e durou até ao século XVIII sendo única por juntar arquitetura muçulmana e hindu. Hoje, é a principal atração turística de Jaipur.
Sendo uma grande atração turística, tem também um lado negativo. Este é provavelmente o lugar no Rajastão onde os vendedores mais pressionam os turistas para comprarem os seus produtos, e onde também se assiste à exploração de elefantes. Durante grande parte do dia eles sobem e descem o forte, vezes sem conta, com os turistas enquanto são picados nas orelhas pelo seu “condutor”. Quando voltam ao local onde vivem são acorrentados a uma perna, passando assim anos e anos seguidos até deixarem de conseguir realizar esta atividade.
Encontrar vestígios da presença portuguesa em Goa
Goa, o mais pequeno estado Indiano foi conquistado pelos portugueses em 1510 e por mais de 450 anos pertenceu a Portugal. Mais de 50 anos se passaram desde que as tropas indianas invadiram e retomaram Goa como parte da Índia. Nos dias de hoje ainda é possível encontrar muitas marcas portuguesas.
Parte da população cristã tem nomes próprios portugueses, principalmente os que nasceram até aos anos 70, já os filhos destas pessoas têm normalmente nome próprio indiano, mas continuam com o sobrenome português. Ainda se ouve falar português e muitas ruas e bairros mantêm as nossas construções assim como, vários monumentos religiosos onde o destaque vai para a Basílica do Bom Jesus, uma das 7 maravilhas de origem portuguesa no mundo construída em Velha Goa.
Podes ainda aproveitar para ir à praia, algumas são frequentadas principalmente por ocidentais, enquanto noutras podes ir a banhos com homens e mulheres completamente vestidos a aproveitar as ondas do mar.
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