Assim, e por menos de três euros, entro num Opel preto de cinco lugares, longe de imaginar que a hora e meia seguintes seriam o trailer de uma qualquer novela venezuelana. Ainda não é meio-dia e no lugar à minha esquerda uma mulher jovem puxa primeiro uma cerveja e depois outra. Pelo meio, atende dois telefonemas e discute acesamente com uma amiga que pela ordem das coisas vai certamente deixar de o ser. Da linguagem universal também fazem parte as asneiras, e o sotaque é apenas um detalhe. Mais uma cerveja e mais um cigarro. Desliga e tenta conversa entaramelada, mas daquela boca não saem duas seguidas. Outra cerveja e vamos em seis cigarros, e eis que chego a Ica e depois a Huachachina.

Huacachina situa-se a uns 10 minutos de Ica, mas é um mundo à parte. Tal como no Egipto, em que a expectativa é que as pirâmides ainda se encontrem totalmente rodeadas de areia e longe da cidade, também aqui as ilusões se dissipam rápido. O Oásis está efectivamente no meio das dunas, mas sabemos que, tal como no Cairo, a cidade já se aproximou demasiado de um ponto de interesse que deveria ser paisagisticamente mais preservado.

A lagoa tem um ar artificial, rodeada por algumas palmeiras e vegetação, no meio dos quais deslizam barcos a remos e a pedais. Nas dunas mais e mais íngremes, pequenas sombras caminham a passo devagar e tentam alcançar o topo.

Pousadas as mochilas vem outro desafio: subo para o buggy, pronta para rasgar a duna e ver o pôr-do-sol. É apenas mais um entre dezenas, mas, sentada na fila da frente, o condutor dá-nos, qual Dakar, um show de mestria, avançando rápido por entre as dunas, fazendo curvas apertadas e descendo outras quase a pique.

Outros buggies passam pelo nosso e geram-se autênticas corridas no deserto que nos levam até à mais alta das dunas. A vista é soberba, pois nessa direcção e até onde os olhos alcançam nada mais há que areia. Pego na prancha de sandboard e, agarrando-me à coragem que me resta, atiro-me duna abaixo; juntamente com a sensação de liberdade, o ar em atrito sopra-me na cara - deve ser isto que os surfistas sentem quando rasgam as ondas... E à semelhança da vida, onde perante os altos e baixos o importante é saber levantar, estou pronta para a duna seguinte.

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