Depois de um autocarro a 60 km/h durante 6 horas e sem ar condicionado, corridas de bicicleta enferrujada, chuvas tropicais de lavar a alma ocidental, depois de um dilúvio que destruiu a casa dos caseiros do bungalow, depois de um hotel ‘aos gritos’ e após um longo e interessante pet sitting, vamos viajando com a Beatriz Caetano (@beatrizccaetano) em plena pandemia. E quero fazer as minhas habituais pausas: é uma dádiva poder escrever e acompanhar alguém numa viagem de vida sem bilhete de regresso. Ainda por cima, alguém que eu entrevisto como amiga. Guardamos os segredos entre nós e somente, entre os meus dedos, ficam os detalhes que você não pode perder para seguir rumo a um mundo não pandémico. A um mundo onde está parte do pulmão não ventilado do planeta: Costa Rica.

A Bia continua a sua descida pela zona do Oceano Pacífico e começa a entrar nos momentos mais paradisíacos. Cada dia é um agradecimento, é uma viagem não planeada com guias. Tudo parece, nesta viagem que vos vou contando, um ascender a um templo qualquer. A vários, aliás. Hoje o foco é: pontes suspensas e bungee jumping . Antes de lá chegar, a Bia visitou Sloth Park: não recomenda de todo pois as preguiças estão muito longe, no ‘teto’ das árvores. A nossa portuguesa sentiu que não valia a espera, a não ser que reserve um guia. Mas observou-as. Na minha opinião, sim é isso mesmo. Sempre que visitei as florestas de Costa Rica fui com guia e com os seus magnânimos binóculos da Swarovski. Através do binóculo pode ver plenamente cada animal e os seus movimentos. Uma sugestão minha, pode ser? Junte a lente do seu telemóvel ou da sua máquina fotográfica ao ‘olho’ do binóculo do guia e capte a foto. Vai ter das melhores fotografias da sua vida.

Acredite em mim, pois tenho os animais captados num ângulo que era impossível sem o guia e os seus instrumentos. Fica a dica. Entretanto, entre as nove pontes suspensas (veja a galeria) ela entregou-se completamente à ideia de ‘sem tempo contado’. Até fechar o parque, ela sentiu a empatia durante mais de três horas. E, mais uma vez, não se toca na palavra COVID-19, não se fala de máscara agoniante, nem de pandemia. A Bia caminhou e repousou nas famosas pontes suspensas que são muito ilustrativas da vontade de ir a Costa Rica, além das ‘rain forests’ (florestas húmidas com animais selvagens e vegetação de outro mundo!).

Depois das pontes, a Beatriz envia-nos fotos que causam arritmia: o rio Celeste, a cascata. Não vou ‘traficar’ palavras que tenho na minha inspiração enquanto viajante, escritora e amiga da nossa exploradora. Vou só deixar as imagens da Bia. O rio tem um cor que só vi semelhante nas Filipinas e numa das dimensões do Grande Buraco Azul do Belize. Cor impossível. Parece que a Terra inverteu a rotação e de alguma forma o céu está ali, naquelas águas. Depois a nossa viajante deixa-nos um vídeo que devem clicar dezenas de vezes para tentar tocar na sensação dela: bungee jumping. Preparadíssima (ou não) a Bia saltou, sem fundo à vista, no paraíso da Costa Rica. A uma altura incomensurável, quase tanto como a saudade que dela já sentimos por cá.

Enquanto me vai enviando os segredos e a viagem, entre comidas difíceis de pronunciar ao som da música latina, percebi que este artigo vai continuar amanhã, pois ela acomete-se assim: “fui interrompida porque me ligaram (…) tenho saudades tuas [ah, tenho de te falar dos cães!]”.

Não to disse de imediato, mas também tenho muitas e estamos, aqui em Portugal, a torcer para que essa aventura de 360 graus te corra bem e nos inspires neste mundo de confinamento interminável. E aumentaste a minha saudade: a de ti e a de viajar. Está quase.

P.S. Queremos saber como ficaram os três cães no bungalow!