Holbox é a ilha que a Beatriz Caetano (@beatrizccaetano) encontrou e sinalizou como a eleição desde há um mês que explora o México. Grande e quase virgem, embora esteja neste momento a ser batizada como segundo planeta possível para se viver (como se não houvesse o amanhã) pelos que fogem à COVID-19. Sem estradas, só caminhos de terra que se cruzam com areia e mar. Música eletrónica em todos os recantos da praia e em todos os hotéis, gente de todo o mundo e mar sem ondas porque à volta só existem bancos de areia. O paraíso como esconderijo da pandemia. Só correu mal no hotel: trocou três vezes de quarto ora pelo cheiro, ora água a escaldar sem meio termo, ora sem água. Depois de se ter juntado à música e ao DJ compreendeu a sofreguidão de gente que procura, efetivamente, libertar-se da pandemia. Mas será que está a ficar como Tulum? Isto é o problema maior. O que sabe a Bia é que “eu sei que lá vou voltar (…) eu não te consigo explicar”.

Porquê? Aqui ficam as razões saudáveis.

Um espetáculo de luz natural no mar. Estamos a falar da bioluminescência “tipo avatar” na ilha Holbox. Já experienciei noutro país e aconselho a que não viaje desta vida sem ver este espetáculo que a natureza oferece. Mas, como fazer de forma económica para ver o plâncton luminoso? Alugue uma bicicleta e vá até à lagoa através da qual consegue nadar em segurança, dispa-se “e curta o plâncton”. A Beatriz assim o recomenda e refere que depois de mergulhar é fascinante perceber que o seu movimento agita e ativa o movimento da luminescência. A fauna e flora do mar em plena luz dançante como se estivesse a viver um dos momentos do filme “A Vida de Pi”. Não pode haver luz artificial (por exemplo os telemóveis e máquinas com flash ou mesmo lanternas) e nem lua! Por isso, e burilando com o verso de Fernando Pessoa, vá nos dias de menos luar, pois ‘o mar alto brilha’.

Depois continuou mais a Norte, a pé e pela noite dentro, entrando por áreas virgens com raias e crocodilos “de 4 a 5 metros”, apesar dos sinais de recomendação negativa para turistas ali entrarem. Nisto ela diz-me: “tenho uma sina com crocodilos” – lembra-se do que aconteceu com o naufrágio noutra zona do México, com um crocodilo simpático no rio? Aqui o problema foi um ataque verdadeiro de mosquitos que a fez fugir para dentro de água sem saber o seu rumo. Mais à frente, completamente exaurida, foi resgatada por um barco que tinha como timoneiro “uma senhora da Arménia”. Esta por sua vez tinha na tripulação o filho que estipulava as regras de distância social. Aqui ouve-se mais sobre medidas de proteção. É bom.

Ainda jogou voleibol na praia, no regresso (sim!), com outros turistas, porque a vontade mandou. Seguiu-se uma chuva torrencial que transformou a ilha em lama. Descalça até voltar ao alojamento, sentiu a rudeza como algo grato. Só lamenta não ter visto flamingos pois são típicos ali, mas sazonais.

É uma ilha cara – comenta - e conheceu uma senhora que explicou como a vida era difícil ali, mas muito feliz. Uma senhora que vivia com vários cães e cozinhava para muitas pessoas, não só da família. Aliás explicou à Bia o que devia fazer se quisesse ir para ali viver. De forma tão genuína. Com a inspiração que ali inalou, decidiu passear cães de um abrigo. Por fim, assim como finaliza cada dia, a Beatriz, descreveu-me o pôr-do-sol mais bonito que viu na vida: “o mar parado com os barcos a cruzar o sol”. Ela está agora a rumar precisamente no sentido do sol: vai para Puerto Escondido, do lado do Pacífico. E deixou um conselho, em sopro para o Ocidente: sejamos menos queixosos sobre a forma como vivemos. Decerto inspirada também pela celebração Maia do equinócio da Primavera que assistiu com rituais de dança típicos e completamente ancestrais. Cores e felicidade entre as pessoas, num mundo à parte. Ela deixa-nos pistas na galeria de fotos acima. Obrigada Beatriz.