“O que vi, [no trajeto] de Manteigas para cima, continua a ter o encanto da serra”, disse à agência Lusa Gonçalo Marques, de Santa Comba Dão (Viseu), na terça-feira, quando visitava o Covão da Ametade, junto do vale Glaciar do Zêzere e da vila de Manteigas, no distrito da Guarda.

O visitante, que fez a viagem de carro a partir da Guarda, com a esposa e duas sobrinhas, acrescentou que observou um cenário desolador no percurso entre Famalicão da Serra (Guarda) e Sameiro (Manteigas): “Mesmo assim, digo às pessoas que venham à serra, porque é sempre bonita. Às vezes, vão para longe e temos belezas à porta”.

David Oliveira, também de Santa Comba Dão, que estava acompanhado pela esposa, deslocou-se à Guarda e no regresso a casa, em vez de seguir pela autoestrada A25, optou por ir pela serra para ver “como ficou” após a passagem do fogo.

“Eu adoro a serra. Para quem está habituado a ver a serra toda verde, ver agora aquilo [a paisagem calcinada], quando se vem da Guarda, é deplorável e até dói o coração. Até vinha a dizer à minha mulher que tão depressa não volto cá. A espetacularidade da natureza está na mesma, mas o pormenor do castanho e do preto não ajuda. O resto, continua uma maravilha natural”, disse, enquanto caminhava para o interior do Covão da Ametade.

Junto deste local icónico da serra da Estrela, a Lusa encontrou o inglês Nelson Smith e a mulher Sj Smith, que faziam uma visita com o guia turístico Nuno Diz, da empresa de animação turística Deltatur.

“[Após o incêndio] tivemos cancelamentos. As pessoas ficaram muito assustadas. Há uma desinformação muito grande. As pessoas pensam que ardeu tudo e que ainda está tudo cheio de fumo, quando os pontos principais [de visitação], como é o caso do Covão da Ametade, estão intactos”, referiu Nuno Diz.

O guia turístico nota que os visitantes “ficam um bocadinho tristes por verem o cenário desolador ao vivo”.

Nelson e Sj Smith, que passaram pela serra no âmbito de um percurso que também os levaria a Lisboa, Sintra e Nazaré, mostraram-se surpreendidos com o que encontraram: “É um sítio muito bonito”.

Na opinião do casal oriundo de Birmingham, “o fogo afeta a ecologia, mas a serra continua a ter beleza”.

Um casal israelita que está a passar uma semana de férias na região com três filhos menores, que a Lusa encontrou no início do percurso da rota PR6 (Covão da Ametade – Nave de Santo António – Torre), reconheceu que o fogo deixou “um cenário desolador e triste”.

“Estamos há dois dias em Portugal e hoje [terça-feira] é o nosso primeiro dia aqui. Por aquilo que vemos, consideramos que, apesar dos incêndios, a montanha continua a ter encantos que merecem uma visita”, declarou Hagal.

Noutro ponto da Estrela, no Poço do Inferno, também no concelho de Manteigas, a Lusa encontrou o brasileiro Sávio Cunha, que vive em Sintra e, no regresso a casa, após ter participado num festival no Sabugal (Guarda), decidiu visitar a montanha mais alta de Portugal continental.

“Estou aqui pela primeira vez. [A serra da Estrela] lembra-me muito Minas Gerais, de onde vim. É um lugar bem preservado e bonito. Apesar do fogo, penso que é um lugar muito bonito e que vale a pena visitar”, afirmou.

O mesmo local também foi visitado pelo emigrante no Luxemburgo Avelino Antunes, natural de Braga, que estava acompanhado da mulher, Ana Santos, e dos dois filhos.

“É triste ver a serra assim”, atirou Ana Santos, enquanto o marido anuiu e disse que o impacto dos incêndios “é desastroso”.

Na opinião de Avelino, a serra “continua a ter a sua beleza”, porque “há muita coisa para ver e que não ardeu”.

A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13.

O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 do mesmo mês, à noite.

As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.

No dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos.

A situação de calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na respetiva área geográfica”.

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