A Quinta do Vallado, no concelho de Peso da Régua, distrito de Vila Real, foi uma das primeiras da região a arrancar com a vindima. Primeiro cortam-se as uvas brancas, seguindo-se, dentro de dias, as uvas tintas.
A propriedade possui uma equipa que trabalha o ano inteiro e, nesta altura, recorre também aos empreiteiros agrícolas e contrata diretamente pessoas das aldeias próximas.
Francisco Ferreira, responsável pela gestão agrícola e de produção do Vallado, assinalou a mão de obra como "uma dificuldade” e referiu que se nota que, de ano para ano, mais pessoas saem da região e menos querem trabalhar na agricultura.
Com o aumento estimado da colheita, na ordem dos 30% em toda a região demarcada, as carências de mão-de-obra poder-se-ão também intensificar.
Fátima Carvalho, com 63 anos, trabalha para a Agropenaguião, uma empresa que fornece mão-de-obra para as atividades agrícolas. É de Ancede, em Baião, e disse à agência Lusa que se levanta às 03:30 para se preparar, fazer a merenda e apanhar a carrinha para viajar para o Douro. “Fui sempre habituada na agricultura e já não me custa nada. Não consigo estar em casa”, contou.
António Costa tem 56 anos, é de Barrô, no concelho de Resende, levanta-se todos os dias às 05:00 e regressa a casa por volta das 19:00. Este trabalhador coordena os vindimadores do empreiteiro na Quinta do Vallado e disse também que “é cada vez mais difícil arranjar mão-de-obra no Douro”, principalmente nestas alturas em que o trabalho se intensifica.
Verónica Cardoso é trabalhadora afeta à Quinta do Vallado, tem 26 anos, é natural de Santo Xisto e uma das mais novas que estava nesta vindima, garantindo que gosta de "trabalhar na vinha e ao ar livre". “Nasci no meio das vinhas e acabei por ficar por cá”, frisou.
Maria Lucília, 64 anos e natural de Loureiro, na Régua, faz vindimas desde que era pequena e sublinhou “que não custa nada” e que gosta do corte das uvas.
Este é um trabalho sem teto e, por isso, é com naturalidade que estes vindimadores enfrentam o calor intenso que se sente por estes dias no Douro.
Segundo dados revelados pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), no Douro espera-se uma produção na ordem dos 1,6 milhões de hectolitros de vinho, enquanto no ano passado foi de 1,3 milhões de hectolitros. O aumento será na ordem dos 30% face ao ano anterior e de 16% relativamente à média dos últimos cinco anos.
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