Baltazar Ushca morreu aos 80 anos na passada sexta-feira no Equador e com ele extingue-se o particular ofício de extrair gelo do vulcão Chimborazo para venda, informou o município da localidade andina de Guano.

"Com profundo pesar, comunicamos o falecimento do nosso querido Mashi, Taita (companheiro e pai na língua Kichwa) Baltazar Ushca, o último quebrador de gelo do majestoso Chimborazo, um ícone nacional e internacional", declarou a autarquia nas suas redes sociais.

O município conta que Ushca caiu quando realizava tarefas de pastoreio na sua casa. "Um dos seus animais queridos (um touro) ficou mais forte e atirou-o ao chão, causando um ferimento grave".

Aos 15 anos, ele herdou o ofício do seu pai como quebrador de gelo e durante décadas subiu até aos 5.200 metros, dos mais de 6.300 m de altitude do vulcão Chimborazo, para extrair enormes blocos de gelo de até 20 quilos, que vendia no mercado da cidade de Riobamba.

(ARQUIVOS) Baltazar Ushca, um dos poucos comerciantes de gelo remanescentes no Equador, posa no sopé do vulcão Chimborazo, nos Andes centrais do Equador, em 19 de fevereiro de 2019. O último homem do gelo glacial do Equador, Baltazar Ushca, que passou mais de meio século escalando a montanha mais alta do país para extrair gelo no topo, morreu em 11 de outubro de 2024 aos 80 anos, informaram as autoridades de sua cidade natal, Guano. (Foto de Pablo Cozzaglio/AFP)(ARQUIVOS) Baltazar Ushca, um dos poucos comerciantes de gelo remanescentes no Equador, posa no sopé do vulcão Chimborazo, nos Andes centrais do Equador, em 19 de fevereiro de 2019. O último homem do gelo glacial do Equador, Baltazar Ushca, que passou mais de meio século escalando a montanha mais alta do país para extrair gelo no topo, morreu em 11 de outubro de 2024 aos 80 anos, informaram as autoridades de sua cidade natal, Guano. (Foto de Pablo Cozzaglio/AFP)

A profissão começou a desaparecer com a chegada dos refrigeradores, mas Ushca persistiu no seu ofício, inspirando documentários de cinema e televisão.

"A sua obra é e será uma referência para o conhecimento do nosso povo", escreveu o Instituto Nacional do Património Cultural (INPC) na rede social X.

Em 2017, ele recebeu o doutorado Honoris Causa.

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