A Fundação Gramaxo inaugura quinta-feira um novo museu na Maia, num edifício com assinatura do arquiteto Álvaro Siza Vieira e um investimento de dois milhões de euros, com a exposição temporária “Cores vistas de dentro para fora”.
Em entrevista à Lusa durante uma visita ao novo Museu da Maia, a curadora da exposição, Maria de Fátima Lambert, disse que a mostra é inaugurada quinta-feira, às 18:00, e vai revelar dezenas de obras de um total de 15 artistas.
Em simultâneo, o público vai poder ver a exposição permanente, de onde se destacam peças de artes decorativas e pintura desde o século XV.
“São 15 artistas, entre os quais 13 portugueses, uma espanhola e um brasileiro. […] Cada artista está representado por obras que, nalguns casos, se podem unificar. Há peças únicas, como é o caso, por exemplo, da instalação da Graça Pereira Coutinho ou da cascata de desenho da Cristina Ataíde, que integra elementos que são troncos de árvores, e depois há aqueles desenhos que, embora possamos contabilizar imaginando que estão mesmo ali seis, é um todo”, afirmou.
Beatriz Horta Correia, Cristina Ataíde, Fátima Carvalho, Fernando Marques de Oliveira, Filipe Romão, Francisco Laranjo, Graça Pereira Coutinho, Graça Sarsfield, Lucia Vallejo, Luís Silveirinha, Martinha Maia, Martinho Costa, Susana Piteira, Wanderson Alves e Zulmiro de Carvalho são os 15 artistas que participam na exposição “Cores vistas de dentro para fora”.
Um dos eixos da exposição é a natureza, por causa da envolvente do edifício, cuja arquitetura direcionou a curadora para a escolha de alguns desenhos de Fernando Marques Oliveira, que refletem as “linhas geométricas de uma arquitetura da Escola do Porto”, explicou Maria de Fátima Lambert.
Outro eixo da exposição é a paisagem, inspirada nas peças artísticas da Coleção Maria de Fátima Gramaxo, e que levou a curadora a procurar artistas que trabalham aspetos relacionados com paisagens.
A arquitetura, as geometrias volumétricas e os materiais da natureza como o mármore, o sisal, a ráfia, são outros eixos que a curadora destacou.
“Um dos aspetos que penso que perpassa em muito trabalho destes 15 artistas é o gosto e o virtuosismo no fazer, sem que isso cerceie, porque só está a servir aquilo que é um pensamento e uma conceptualidade”.
Na quinta-feira, além de ser o dia da inauguração da exposição “Cores vistas de dentro para fora”, é também o primeiro dia de abertura do novo museu da Fundação Gramaxo, que oferece, além das várias salas interiores e de um auditório, também uma área exterior de parque com oito hectares de dimensão e de onde sobressai um pinheiro manso e um castanheiro, uma Casa da Eira com espaço para oficinas infantojuvenis, um espigueiro e uma Casa dos Coches para expor trabalhos de artistas maiatos.
O novo museu, que teve, segundo diretor-geral, Jorge Gramaxo, um investimento na ordem dos dois milhões de euros, quer-se “alargar enquanto centro cultural de dentro para fora e construir de fora para dentro”, lê-se no ‘site’ da fundação sem fins lucrativos.
“Temos um parque no centro da cidade da Maia e que é extraordinário para trazer crianças, para simplesmente trazer um livro e ler, para trazer uma refeição ou para não fazer absolutamente nada e relaxar num final de um dia de trabalho”, descreveu Jorge Gramaxo, acrescentando que a Casa da Eira será o espaço dedicado a “cultivar a parte da Cultura”, bem como no futuro será a Casa dos Caseiros, depois de ser recuperada.
A entrada no parque do Museu da Maia é grátis e a entrada no museu custará 3,5 euros, disse Jorge Gramaxo, explicando que as visitas guiadas devem rondar os cinco euros e as atividades para as crianças de uma hora também terão o mesmo valor.
A Fundação Gramaxo foi fundada em 2013 com o desejo de abrir a Quinta da Boavista à comunidade, em particular aos maiatos, e de fomentar as artes e a cultura.
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