A falha, iniciada na noite de terça-feira, afetou um sistema de computadores crucial para pilotos e tripulações. Por enquanto, o governo descarta um ataque hacker.

"Não há sinais de que se trate de um ciberataque", disse no Twitter a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Às 09h locais (hora da costa leste), a FAA suspendeu a proibição que impedia a decolagem das aeronaves. A exceção foram os aeroportos de Newark Liberty (subúrbio oeste de Nova Iorque) e Atlanta, onde foram retomados antes para evitar um forte congestionamento do tráfego aéreo.

Segundo o twite mais recente da agência, as operações em todo o país "estão a ser retomadas de forma gradual".

Causa desconhecida

No aeroporto Ronald Reagan, localizado perto de Washington, os letreiros com as partidas estavam repletos de bandeiras vermelhas, indicando atrasos.

"Vamos perder a nossa conexão", lamentou em declarações à AFP Lisa Nho, que esperava com a filha de quase dois anos um voo para o Texas, seguido de outro para Cabo, no México. "Estávamos a sair quando recebemos uma mensagem de texto a dizer que o voo ia se atrasar", contou.

O voo de Vince Hamilton para Chicago atrasou-se duas vezes. Se perder a sua ligação em St. Louis, onde deveria apanhar um autocarro, pretende alugar um carro.

No aeroporto da Cidade do México vários voos com destino para os Estados Unidos também se atrasaram, constatou um jornalista da AFP.

As atenções agora estão voltadas para a causa da falha, que ainda não foi identificada pela FAA.

Consultado sobre o tema antes da suspensão da proibição das partidas, o presidente americano, Joe Biden, disse ter falado com o ministro dos Transportes, Pete Buttigieg, mas que desconhecia a origem da avaria naquele momento.

Os reguladores "esperam ter uma ideia melhor em poucas horas e vão reagir no devido momento", disse.

Enquanto isso, Buttigieg disse no Twitter que pediu uma investigação "para determinar as causas [da interrupção] e recomendar os próximos passos".

"Inaceitável"

A presidente do comité do Senado a cargo dos Transportes, Maria Cantwell, também advertiu que os membros do comité vão avaliar as causas dos problemas. "O público precisa de um sistema de transporte aéreo resistente", disse num comunicado.

O tráfego aéreo nos Estados Unidos já tinha sido abalado no Natal por uma onda de frio extremo, acompanhado de nevascas, que se estendeu por vários dias com cancelamentos em série da companhia aérea Southwest.

"A falha catastrófica do sistema da FAA de hoje é um sinal claro de que o sistema de transporte dos Estados Unidos precisa desesperadamente de uma melhoria importante", disse a Associação de Turismo dos Estados Unidos.

Vários republicanos também criticaram duramente a FAA, como o senador Ted Cruz que, em nota à imprensa, considerou "inaceitável" a incapacidade da agência em operar um importante sistema de segurança.

A FAA não tem um diretor designado desde a renúncia de Steve Dickson, no final de março de 2021. A Casa Branca propôs em julho substituí-lo por Phillip Washington, mas o Congresso ainda não fez a sua arguição, o que o impede de assumir o cargo.

O sistema Notice To Air Missions (NOTAM), afetado pela avaria, é usado para transmitir informações às tripulações sobre riscos, a situação dos aeroportos e outros dados importantes.

O sistema é "essencial na informação requerida nas operações terra/ar", explicou à AFP Michel Merluzeau, analista do escritório AIR.

Cerca de 2 milhões de passageiros foram potencialmente afetados pelo incidente.