Como signatários da Convenção de Haia de 1954, a Ucrânia e a Rússia têm a obrigação de proteger o património cultural em caso de conflito armado, destaca o camaronês Lazare Eloundou Assomo, recordando que a "destruição deliberada de locais marcados com o emblema azul" da convenção pode ser considerada um crime de guerra.

P: Qual é o balanço que pode ser feito esta quarta-feira, 13 de abril?

R: "A barreira simbólica de 100 patrimónios danificados ou totalmente destruídos será superada na quinta ou sexta-feira. Hoje de manhã estávamos com 98 lugares ou monumentos registados em oito regiões do país.

Entre esses lugares há monumentos históricos, alguns que datam do século XI, XII e outros da arquitetura da época soviética do início do século XX.

Há também igrejas, catedrais — com objetos litúrgicos únicos —, teatros — como o de Mariupol —, bibliotecas e prédios de arquivo. São todos monumentos construídos para a glória da história da Ucrânia.

O balanço poderia aumentar ainda mais, já que há cidades que começam a se tornar acessíveis e onde os danos se mostram muito mais graves do que se acreditava. Há outros lugares onde os combates se intensificam ou intensificar-se-ão nos próximos dias. Estamos muito preocupados. É dramático, é toda uma história, toda uma identidade, que é afetada por estas destruições.

Alguns destes lugares e monumentos levarão tempo para serem reconstruídos e outros provavelmente nunca serão."

P: A guerra continua e algumas áreas permanecem inacessíveis. Como é que é feito o censo dos lugares?

R: "Recebemos notícias das autoridades ucranianas, cruzamos com informações que recebemos de profissionais do património e com a imprensa local.

Também estamos associados ao Unitar Unosat, o Centro de Satélites das Nações Unidas, que nos permite obter fotografias.

Com a transposição de toda esta informação, confirmamos o estado de degradação dos locais em questão. No entanto, a melhor verificação de danos é, sem dúvida, no terreno.

Quanto aos sete Patrimónios da Humanidade da UNESCO, não foram danificados até agora, de acordo com as informações que temos."

P: Que medidas foram adotadas para prevenir a destruição e os bombardeios?

R: "Estamos em contato próximo com profissionais ucranianos que se arriscam todos os dias para proteger a sua história e o património. Fornecemos assessoria técnica e equipamentos adequados para prevenir incêndios e evitar bombardeios.

Numa situação de guerra, pode surgir o tráfico de obras de arte, razão pela qual a UNESCO pediu aos países, especialmente os fronteiriços, que estejam muito atentos à possível presença de objetos culturais que possam vir da Ucrânia.

Estamos a trabalhar com a Interpol e com os nossos parceiros para evitar isso.

Por outro lado, tanto a Ucrânia como a Rússia assinaram a Convenção de Haia de 1954 e têm a obrigação de proteger o património cultural em caso de conflito armado.

Esta convenção prevê que, em caso de hostilidades, os edifícios marcados com o emblema da convenção de 1954  — um escudo azul — não podem ser alvo intencional ou vítimas colaterais de combate ou bombardeios.

É uma violação do direito internacional e pode ser considerado um crime de guerra. É por isso que encorajamos e estamos a ajudar as autoridades ucranianas a colocar esta marca. Na verdade, já começamos a fazê-lo em Kyiv."

O mundo inteiro no seu email!

Subscreva a newsletter do SAPO Viagens.

Viaje sem sair do lugar.

Ative as notificações do SAPO Viagens.

Todas as viagens, sem falhar uma estação.

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOviagens nas suas publicações.