O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), chamou hoje à atenção do Governo para a necessidade de “uma intervenção que impeça uma derrocada” da maior anta da Península Ibérica, situada no concelho.

“Não é admissível deixar cair a Anta Grande do Zambujeiro, seria uma perda muito significativa e, depois, a sua recuperação custaria um valor muito superior àquele que, atualmente, era necessário”, afirmou o autarca.

O alerta surge a propósito de uma exposição alusiva à Anta Grande do Zambujeiro e também ao Cromeleque dos Almendres, igualmente situado no concelho alentejano de Évora, que está patente no Palácio de D. Manuel, na cidade, até dia 27 de outubro.

Intitulada “Do ‘Cabeço da Anta’ ao ‘Alto das Pedras Talhas’ – Retratos de uma descoberta”, a mostra pretende comemorar, segundo a câmara municipal, os “60 anos da identificação dos dois mais importantes monumentos megalíticos de Portugal”.

Situada, num terreno privado, a pouco mais de uma dezena de quilómetros da cidade, a Anta Grande do Zambujeiro, cuja construção remonta entre os inícios do 4.º e meados do 3.º milénio antes de Cristo, é um templo funerário de grandes dimensões.

Em declarações à Lusa, o presidente do município disse estar muito preocupado com a situação de degradação em que se encontra a anta, apontando que “cabe ao Estado, que tem essa responsabilidade, fazer uma intervenção”.

“Qualquer monumento megalítico tem a sua importância, mas este está no topo da importância dos monumentos megalíticos, quer em termos nacionais, quer em termos europeus”, sublinhou.

Assinalando que a autarquia está disponível para colaborar na recuperação do monumento megalítico, Pinto de Sá lembrou que a câmara já tentou fazer uma intervenção, através de uma candidatura ao programa Valorizar, do Turismo de Portugal.

“Mas, a candidatura foi rejeitada. Portanto, não nos foi possível fazer a intervenção”, lamentou, insistindo que a autarquia mantém, ainda assim, a “disponibilidade para colaborar com o Estado e resolver o assunto”.

Para o município ajudar, vincou o autarca alentejano, “tem que haver financiamento”, pois os trabalhos “implicam verbas significativas e seria estar a tirar do orçamento da câmara verbas que são necessárias para outras áreas”.

Além disso, realçou, nos atuais fundos europeus do Portugal 2030, “as verbas para o património são pequenas ou quase inexistentes”, pelo que “têm que haver outras decisões que permitam fazer essa intervenção”.

O presidente do município apontou como um bom exemplo a intervenção que está atualmente a ser feita pela autarquia no Cromeleque dos Almendres, a qual resultou de uma colaboração com o Estado.

Neste caso, destacou Pinto de Sá, “foi possível, através da iniciativa da câmara, fazer um acordo com os proprietários [do terreno onde se situa], avançar para um plano de salvaguarda e fazer uma intervenção no terreno”.

“Esperamos também que o Governo possa assumir a sua quota-parte de responsabilidade, porque a câmara está a ir além do que é a sua responsabilidade, mas fazemo-lo, naturalmente, com todo o gosto”, acrescentou.

Em 2019, o vice-presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses, Luís Raposo, já tinha alertado para o “risco de colapso” do monumento, devido ao “estado de abandono e de grande degradação”.