As tours podem durar um dia ou meio dia e percorrem museus da máfia e propriedades de antigos chefes do crime organizado. Outras atividades estão também incluídas, como uma conversa com um dos jornalistas que cobriu várias histórias da organização e visitas às casas de Toto Riina e Bernardo Provenzano, dois membros influentes da máfia.
Corleone é uma das cidades incluídas na tour. A cidade que dá nome a uma das personagens mais famosas do cinema, Don Corleone [personagem do filme, “O Padrinho”], é outros dos pontos de atração bem como Castelvetrano, cidade berço de Matteo Messina, considerado o atual chefe da máfia siciliana.
Em declarações à AFP, o responsável pela tour, defende que a excursão tem como objetivo não silenciar algo que continua a afetar a vida dos sicilianos. “As visitas mostram aos turistas como a Cosa Nostra continua a ter impacto na sociedade siciliana, e tem de ser esclarecido que isto é muito mau para a Sicília e para os sicilianos”, afirma Gianni Grillo.
"Um estalo na cara daqueles que lutam pela erradicação da cultura da máfia"
Alguns locais têm, no entanto, a opinião contrária. “[A tour] é um insulto ao sofrimento das vítimas e um estalo na cara daqueles que todos os dias lutam pela erradicação da cultura da máfia”, refere Maria Falcone, irmã de um juiz morto pela organização em 1992.
Em várias cidades da Sicília a influência do crime organizado é ainda hoje sentida. Em novembro de 2016, o governo italiano dissolveu a autarquia de Corleone por suspeitas de infiltração da máfia na cidade.
Do mesmo modo, em fevereiro deste ano um conhecido chefe da máfia foi convidado para padrinho de batismo numa igreja siciliana, mas o bispo local terá impedido a realização da cerimónia.
A maior associação agrícola italiana - Coldiretti - tem defendido ao longo dos anos a abolição do uso da palavra “máfia” para fins comerciais. “A União Europeia devia travar o uso infame de uma marca que explora os estereótipos das organizações mafiosas, simplificando e normalizando. Este fenómeno trouxe dor e sofrimento um pouco por toda a Itália”, referiu o presidente da Coldiretti em outubro de 2016.
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