O Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras vai celebrar a vida e a obra de Frida Kahlo, com uma exposição imersiva a 360º, a partir do dia 27 de outubro. A exposição pretende dar "total destaque à experiência de vida da artista mexicana" e promete ser uma "viagem multissensorial".
A exposição, no entanto, acabou por chamar a atenção de várias pessoas pelo facto de não ser acessível para pessoas em cadeira de rodas. Tendo em conta que Frida Kahlo era uma pessoa com deficiência e que usava cadeira de rodas para se deslocar, as reações não se fizeram esperar.
"Vai acontecer em Lisboa uma exposição sobre uma mulher com deficiência, onde não são bem vindas pessoas com deficiência", denuncia Catarina Oliveira, num vídeo partilhado no Instagram.
Catarina, ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, explica-nos que foi escolhido um local que à partida vai excluir alguém. "A lei da não discriminação é clara, inclusive em eventos culturais, não se pode discriminar ninguém por ter uma deficiência", explica. No entanto, mais irónico, para Catarina, é que seja justamente numa exposição sobre Frida Kahlo, uma artista que passou grande parte da sua vida em cadeira rodas e que nunca quis esconder a sua deficiência, inclusive mostrando-a nas suas obras.
"Chega a ser irónico pensar que se Frida estivesse viva, ela não entraria na sua própria exposição", afirma Catarina. "Montaram uma exposição sobre uma mulher com deficiência e ninguém da equipa se lembrou de não excluir pessoas com deficiência?", questiona.
"Será que imaginam a quantidade de pessoas com deficiência que gostariam de ver aquela exposição? Uma mulher que nos representa tanto? É falta de visão económica também" acrescenta.
Embora não acredite que vá acontecer, Catarina Oliveira gostaria de que o local da exposição fosse alterado para um espaço acessível a toda a gente.
A Immersivus, responsável pela exposição, publicou um comunicado no Instagram onde afirma tratar-se de um "espetáculo acessível para pessoas com mobilidade reduzida, com uma forte preocupação com a inclusão e a acessibilidade". Segundo o comunicado, a informação disponível no site que afirma o contrário "prende-se apenas com o facto do edifício histórico não possuir elevador". A Immersivus garante que a situação está salvaguardada com o apoio permanente de uma equipa que "todos os dias recebe e apoia os visitantes com mobilidade reduzida". No entanto, não foi explicado como será garantido esse acesso.
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