O diretor da Agência de Promoção Turística do Alentejo, António Lacerda, falou ao The Guardian a propósito da série "House of the Dragon" que foi gravada em Monsanto e pareceu sugerir que, devido aos fogos que atingiram a Serra da estrela os fãs da prequela de Guerra dos Tronos poderiam antes visitar Marvão e Monsaraz.

"A região sofreu incêndios florestais este ano. 'É uma tragédia', diz António Lacerda, diretor da Agência de Promoção Turística do Alentejo, lembrando que grande parte da área serrana foi queimada. 'Alguns lugares não poderão receber visitantes até o próximo ano.' Salientando que, a par de Monsanto, existem outras 'aldeias atmosféricas intemporais no topo da colina… como Marvão e Monsaraz', pode ler-se no artigo publicado no The Guardian.

Quem não gostou destas declarações foi o Município de Idanha-a-Nova que acusou António Lacerda de querer denegrir a imagem do território.  "António Lacerda aproveita a tragédia dos incêndios florestais na região da Serra da Estrela para denegrir a imagem deste território e desviar fluxos turísticos para o Alentejo", pode ler-se num comunicado publicado no Facebook do Município de Idanha-a-Nova. "Logo de seguida, António Lacerda sugere em alternativa a visita às aldeias de Marvão e Monsaraz… naturalmente situadas no Alentejo".

"É verdade que é função da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo captar turismo para o Alentejo. No entanto, é incompreensível que tal se faça faltando ao respeito a outras regiões, com falta de solidariedade e transmitindo informações enganadoras. O Alentejo não precisa do infortúnio dos outros para se promover", acrescenta.

O Centro de Portugal Film Commission também repudiou as declarações de António Lacerda, afirmando que as mesmas "contrariam um princípio fundamental, que é o da solidariedade". No mesmo comunicado, Centro de Portugal Film Commission salienta que "existem responsáveis na região Centro de Portugal, suficientemente capazes para esclarecer cabalmente, e sem lapsos, toda e qualquer questão referente aos assuntos da região Centro, sem que haja necessidade de recorrer a interlocutores de outras regiões". A organização reforça ainda o compromisso de "desmistificar a imagem negativa que inevitavelmente resulta deste artigo".

Segundo o jornal Reconquista, António Lacerda escreveu a Armindo Jacinto, Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, dizendo que este recolheu da notícia escrita por por Kevin Rushby “o que o jornalista não escreveu e muito menos eu, diretamente acusado, não disse”.

"A mim acusa-me de usar deliberadamente o incêndio, que devorou um dos nossos tesouros naturais e culturais mais valiosos, a todos nos deixando mais pobres, para 'roubar+ turistas e leva-los para o Alentejo. Não fica bem a um Presidente de Câmara fazer este tipo de afirmações descabidas", escreveu António Lacerda, segundo o jornal Reconquista.

Segundo o jornal Público, o director-geral do turismo do Alentejo, afirma que presidente da Câmara de Idanha-a-Nova “não procurou informar-se junto do The Guardian, de Kevin Rushby ou de mim próprio, optando pelo oportunismo da inverdade e da tentativa de implicar outros no alcançar de algum indizível objectivo, que só ele próprio saberá”.

O The Guardian adicionou uma correção final ao texto: “Este artigo foi alterado a 20 de Agosto de 2022 para eliminar uma declaração incorreta de que a aldeia de Monsanto em Portugal tinha sido afetada por incêndios florestais. Para esclarecer, a região sofreu incêndios este ano, mas Monsanto não foi afetada”.