Entramos em Tomar ao som de Lady Gaga e de "Bloody Mary" a tocar nos altifalantes da Ponte Dom Manuel. O hino da cantora norte-americana à "força feminina" não parece aqui totalmente descabido se pensarmos na demonstração de firmeza e garbo que atravessará a cidade no domingo, quando centenas de mulheres vão erguer e carregar os famosos tabuleiros, pesando mais de 30 quilos, sob as suas cabeças ao longo de 5 quilómetros.
São esperados centenas de milhares para acompanharem o Cortejo dos Tabuleiros no seu percurso pela cidade, mas na sexta-feira ainda reinava a tranquilidade no centro histórico de Tomar, por estes dias embrulhado em papel. Um pouco por todo o lado, visitantes tiravam fotografias aos milhões de adereços em forma de flores, animais e outros motivos que levaram um ano a ser moldados à mão (e uma semana a ser montados) pelos moradores de cada rua.
Ao SAPO Viagens, todos garantiram fazê-lo para embelezar a cidade, tendo deixado o espírito de competitividade entre vizinhos no passado (a edição de 2019 já não procurou escolher a rua mais formosa). Ainda assim, era notório que havia uma passagem, pelo menos, que parecia ganhar a preferência dos forasteiros com mais ânsia fotográfica.
Falamos da rua Pedro Dias, ou "a rua do arco-íris", que atraía uma sucessão ininterrupta de selfies nas suas pontas. Ao fim de quatro anos de espera pela próxima Festa dos Tabuleiros, com uma pandemia e guerra pelo meio, os moradores dali escolheram mandar uma mensagem de amor e paz através das cores do arco-íris.
Depois da angústia e do afastamento que motivou o "vamos ficar bem", Tomar escolhe dizer, como se lê num dos letreiros da colorida rua, "estamos bem". Quem visitava ontem a cidade templária, no momento mais exuberante e festivo do seu calendário, tinha bons motivos para ficar convencido disso.
A programação do último fim de semana da Festa dos Tabuleiros 2023 pode ser consultada na página oficial do evento.
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