Sendo um dos locais turísticos mais populares de Espanha e um dos exemplos mais importantes da arquitectura islâmica, o Complexo de Alhambra está classificado como Património Mundial da UNESCO, devido à sua arquitectura espano-muçulmana e às intrincadas decorações em estuque, azulejos e madeira. O Complexo é composto por uma série de edifícios e jardins, que incluem o Palácio de Nasrid, a Alcazaba e o Generalife, além de uma série de mesquitas, banhos, salas de audiência e outras estruturas importantes.
Façamos um breve enquadramento histórico do local. Decorria o século IX quando esta região foi tomada pelos muçulmanos. No século XIII, o Complexo foi expandido e transformado numa fortaleza e residência real pelos governantes da Dinastia Nazarí. Durante este período, Alhambra tornou-se num importante centro da cultura islâmica, atraindo artistas e intelectuais da época. As conquistas de Alhambra não terminam aqui e no século XV, Granada foi conquistada pela armada cristã, sendo que parte do Complexo foi destruído e outra parte transformada em palácios cristãos. Durante o século XIX, o complexo foi restaurado e renovado, com muitas partes sendo reconstruídas com base em desenhos e descrições históricas. Nos dias de hoje, é um exemplo da sucessão do tempo e das várias “caras” que esta parte da Europa já teve.
Agora vamos ao que interessa, as flores: sim, o Complexo de Alhambra é incrível e bastante bonito, mas foram mesmo estas pequenas (ou grandes se forem árvores) formas de vida que me captaram logo a atenção. Já tinha visto fotografias na internet, mas não estava à espera da diversidade e quantidade de flora que podemos observar no interior das muralhas (podemos adquirir um guia com todas as flores de Alhambra, o que já dá para ver a magnitude da coisa). Os edifícios ficam ainda mais coloridos com todas estas plantas e árvores, se tivermos em conta que a sua florescência acontece nesta altura do ano.
A onda de calor no sul de Espanha só chegou semanas mais tarde, mas após a Páscoa já conseguíamos sentir o característico calor Andaluz, o que faz com que esta natureza seja ainda mais gratificante. Diversos estudos mostram que a vegetação reduz a temperatura das cidades e isto pode muito bem ter sido um dos motivos para a criação dos jardins e bosques de Alhambra.
Toda esta vegetação tem ainda um significado simbólico que remonta à época em que o Complexo era usado como palácio e fortaleza. As flores e as diversas plantas eram usadas para representar quatro momentos da vida: a beleza, a fertilidade, a prosperidade e a harmonia. Nos dias de hoje, as flores passaram a ser uma das atrações turísticas do Complexo de Alhambra. Fotografá-las é uma forma de preservar a sua beleza e uma oportunidade para nos ligarmos à natureza que está presente num dos locais mais povoados por turistas em toda a Espanha!
Foi esta a premissa que me levou a captar o Complexo a partir de uma perspetiva mais naturalista. Mesmo sem uma lente macro (que elevaria este desafio até outro nível), a beleza e a cor que as flores trazem a um local onde as paredes apresentam cores pálidas, é bastante notório nas fotografias tiradas. Os tons vibrantes e a saturação das cores das rosas, aliado às cores mais suaves das plantas aromáticas, vão de encontro ao meu estilo de edição ou processo criativo. Tento sempre criar fotografias vibrantes, onde temos tonalidades que se sobrepõem a outras de forma a criarmos uma sensação de profundidade. Só ficou a faltar o contraste provocado pelas sombras e pelos padrões mais escuros das flores!
A luz não estava propriamente convidativa para tirar boas fotografias, visto que o início da tarde num dia de céu limpo não é exatamente a hora que um fotógrafo profissional escolheria para fazer o seu trabalho. Mas as condições nem sempre vão ser as ideais e é nestes momentos que vemos a magia da fotografia aliada ao poder da edição: um passo para a esquerda, dois para a frente e é tudo o que basta para conseguirmos criar as melhores condições para uma boa fotografia; uma hora ou duas de computador e “revelamos” uma fotografia “aborrecida”. Na verdade, as fotografias mais prazerosas são criadas em momentos difíceis.
A incorporação de elementos naturais na paisagem urbana (e vice-versa) é uma das linhas que mais gosto de explorar; talvez seja a minha assinatura fotográfica! A verdade é que até no sítio mais urbano e poluído do mundo, irá sempre haver um momento em que o natural vai florescer e destacar-se!
Como visitar
Visitar o Complexo de Alhambra é relativamente fácil, no entanto é preciso ter em conta que o estacionamento é limitado e a pagar. Mas parece ser fácil deixar o carro em Granada (pelo menos em termos de distância) e percorrer as ruas até uma das portas de Alhambra. A grande dica que vos deixo é comprarem os bilhetes online e com a maior das antecedências, pois os bilhetes esgotam como “pãezinhos quentes” e o Palácio de Nasrid tem hora marcada (escolhem a hora quando compram o bilhete).
Podem seguir as caminhadas e experiências fotográficas do Guilherme no seu blog, Raw Traveller, e no instagram.
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