Bilhete-postal por Tânia

Fui passar uns dias de férias a Praga (a minha quinta, e última, viagem de 2023), que teve umas coisinhas dignas de nota… Poucas, mas boas…

Seguimos numa sexta-feira, a caminho dessa cidade que toda a gente fala maravilhas, eu, mais o meu irmão, cunhada e a pequena amostra de gente que se diz ser meu sobrinho. Chegados e aterrados, recebemos notícias de Portugal, a minha sobrinha que cá tinha ficado por causa das aulas, estava com Covid! Yupi! Escusado será dizer que passados dois dias, tinha ficado a minha mãe também, pois foi com quem a minha sobrinha ficou… Está tudo controlado, mas ainda bastante combalidas.

Aterrados com sucesso, compramos logo no aeroporto um passe de 72h, que nos dava direito a usar metro, autocarro e elétrico, quantas vezes quiséssemos. Custou entre 13 a 15 euros, o que acho que compensa. Lá fomos apanhar o autocarro até à estação de metro, que por sua vez nos levaria até ao hotel, onde chegámos por volta da uma da tarde, cheios de fome, e ainda muito cedo para check-in. Vimos onde podíamos ir comer, e era uma estação antes de metro.

Decidimos, já que ali estávamos, ir pedir no hotel para deixarmos as malas e irmos almoçar. Acabaram por nos dar um welcome drink, e disseram que o nosso quarto estava quase pronto e poderíamos ter a chave antes da hora suposta.

Quando abri a porta, achei que tinha bebido demais, e voltei a fechá-la! Respirei fundo e voltei a abrir a porta…

Esse drink, que parecia um cházinho de limão quentinho, era na realidade uma bebida quente com limão e bastante álcool lá enfiado… Digamos que a minha pessoa, que ainda não tinha almoçado, ficou logo com as bochechas em brasa. Sim, apenas eu, porque a minha cunhada, uma vez que está a amamentar, não bebe, e o meu irmão não foi capaz de beber aquilo. A muito custo, com a bebida de cortesia oferecida, emborcada, o senhor da receção lá nos deu a chave dos quartos, e fomos largar a nossa bagagem.

Já no corredor, eles dirigiram-se ao quarto deles, e eu ao meu... Quando abri a porta, achei que tinha bebido demais, e voltei a fechá-la! Respirei fundo e voltei a abrir a porta… Continuei a ver roupa pendurada no roupeiro, e a cama desfeita…. Voltei a pensar que tinha efetivamente bebido demais em jejum... E fui chamar o meu irmão, que prontamente veio verificar o que se passava. Então, o quarto que me tinha sido atribuído, estava ocupado! E a senhora que o estava a ocupar, parecia tão confusa quanto nós.

Lá fui à recepção tentar perceber o que se estava a passar (com o meu inglês fantástico) e, de fato, tinha sido um erro na atribuição de quarto. O meu era uma porta ao lado... como pedido de desculpa pelo erro, o senhor que nos atendeu, não deu uma, mas sim DUAS garrafas de vinho…. Relembro que eu ainda não tinha almoçado, e aos meus olhos, toda aquela situação já tinha demasiado álcool envolvido!

apesar de não achar os checos nada simpáticos, a cidade é incrivelmente bonita.

No decorrer dos nossos dias, tudo correu bem, visitamos tudo o que tínhamos planeado e o meu sobrinho portou-se lindamente. A comida até é boa, os mercadinhos de Natal eram imensos e, apesar de não achar os checos nada simpáticos, a cidade é incrivelmente bonita. Aos meus olhos, a vista da torre do castelo é fantástica, bem como a vista da cúpula do museu nacional. A mudança da hora na praça do relógio também não achei nada de extraordinário, mas está vista. E a famosa ponte Carlos, embora a tenha atravessado a pé, como é da praxe, é bem mais bonita de longe.

Tudo corria sobre rodas, até uma manhã, ao apanhar o metro, já eu e a minha cunhada tínhamos entrado para a carruagem, o meu irmão meter o carrinho do bebe perto de nós, voltar a sair do comboio e gritar "apanho-vos na próxima estação". Nós ficamos confusas com aquilo, mas depois percebemos que havia caído uma roda do carrinho do bebé e ele ficou para trás para a resgatar. E a roda estava onde, perguntam vocês? Na linha do metro! Exato, aquele rapaz encarnou um ninja, desceu a linha do metro, apanhou a roda, apanhou o metro que veio depois, e armado em herói, foi-nos encontrar.

Para descanso dos demais, ninguém foi preso, regressámos todos vivos e inteiros e não aparecemos nas notícias checas.

A Tânia é a autora do blog Assim por defeito, onde uma versão deste post (mais carregada de reticências e ligeiramente mais divertida) foi publicada.