Bilhete-postal por Tânia

Já fui e já regressei… E para ser honesta, não sei onde tinha a cabeça, para achar que era possível, eu ter uma viagem normal sem peripécias! Sim, euzinha, fui inocente ao ponto de pensar que ia de fim de semana, de forma descansada sem notas a apontar…

Aterrados em Madrid, tudo dentro dos conformes, fomos em busca do transfer para o hotel, e sucede que o motorista tinha o ‘hermoso’ nome de Asdrúbal, exato! Isso mesmo, Asdrúbal! Eu, claro, que não consegui mais olhar para pessoa sem me rir, simplesmente porque não tenho maturidade para lidar com alguém que se chama, Asdrúbal!... Chegados ao hotel, muito bem situado na Gran Vía (pertinho da Praça de Espanha), tivemos a nossa primeira oportunidade para avaliar o sítio onde iríamos pernoitar. O único senão? Tinha um valente ar de.. bordel! Não pelo ambiente, mas pelo ar em si. As portas dos quartos eram espelhadas e dentro dos quartos, um veludo, e uma decoração, que me fazia sentir num motel de beira de estrada. Nada contra! Às vezes até podia apimentar a nossa noite, mas chegamos cansados, e só nós rimos do ar da coisa….

Sábado, lá fomos nós à nossa vidinha, com direito a pequeno-almoço do motel, quer dizer, do hotel, que era excelente e superou expectativas. Depois do café, estávamos prontos para ir descobrir Madrid! Passamos pela Praça de Espanha, fomos até ao Templo Debod, seguimos para a Plaza Mayor e decidimos ir depois visitar o Museu do Prado, que agradável surpresa, gostei imenso, o museu é enorme, e tem muitas obras de arte. O que não estava previsto, era estar a nevar quando saímos de lá! Sim, a nevar! Quis ainda ir ao Parque do Retiro, mas com aquela chuva misturada com neve, já não teve grande graça, pelo que optamos por ir comer alguma coisa, beber copos, e acabar o dia no Museu do Chicote, um bar muito engraçado, com cocktails ainda mais engraçados. E ficou feito o nosso primeiro dia.

Foi no domingo que a viagem se tornou realmente emocionante. Saímos de manhã, depois do pequeno-almoço e do check-out, e fomos até ao Palácio Real, e à Catedral Almudena, mas eu pedi socorro, precisava de um WC urgente: as cólicas eram ameaçadoras, e eu temi pelo bom estado das minhas calças. A partir desse momento, apenas visitei WCs de cafés… Foi terrível, passei muito mal, ao ponto de ter suoeres. Pelo lado positivo, posso dizer que Madrid tem casas de banho bonitas e cheias de encanto! Lá consegui, ao final da tarde, ir a uma farmácia, comprei um primo do imodium, que foi uma abençoada ajuda. Consegui seguir o resto da viagem até casa sem mais problemas de maior.

Para terminar em bom, chegamos ao aeroporto, onde encontrámos imensa gente a reclamar que tinha recebido mensagem da TAP a informar que o nosso voo tinha sido cancelado. Eu não tinha recebido essa informação, por isso procedemos como se nada fosse. Quando entramos no avião, vemos fitas vermelhas em vários bancos, para ninguém se sentar naqueles lugares. Pelo que nos foi explicado, cancelaram a viagem a vários passageiros, uma vez que aqueles lugares não poderiam ser ocupados. Devido a uma avaria numa das saídas de emergência, o avião não podia levar a lotação completa, o que explicava os aleatórios cancelamentos e o estranho procedimento a bordo com as fitas vermelhas.

A Tânia escreve no Assim por Defeito, onde uma versão desta história, com menos filtros, foi inicialmente publicada.