A informação foi hoje prestada à agência Lusa pelo presidente da Associação para a Promoção da Gastronomia e Vinhos (AGAVI), António Souza-Cardoso, que avançou também que este é "um projeto para ser concretizado em 2021, com uma intensidade de trabalhado muito grande no ano anterior para a sua instrução".
António Souza-Cardoso explicou que a ideia começou a ganhar corpo "há um ano e meio" no âmbito do projeto de cooperação transfronteiriça entre o Norte de Portugal e a Galiza designado InternovaMarket-Food, orientado para a competitividade empresarial e financiado por fundos europeus.
O projeto reúne cinco entidades galegas e quatro portuguesas, sendo uma destas a já referida AGAVI, e foi daí que surgiu a ideia da candidatura da dieta atlântica a Património Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
"O receituário galaico-duriense inspirou toda a gastronomia da região Norte e da própria Galiza", destacou António Souza-Cardoso, referindo que produtos como "o polvo, o marisco, o peixe, os caldos e as sopas ou os vinhos da casta Alvarinho são ex-líbris destas duas regiões" do Noroeste peninsular.
O dirigente associativo salienta que "é necessário preservar e mapear esse receituário comum" e isso passa pela qualificação de uma dieta de raiz atlântica, por contraponto com a dieta mediterrânica, que em 2013 foi classificada como Património Mundial e Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
"Devemos acentuar que também temos uma janela atlântica que merece ser registada e diferenciada" a nível gastronómico, por ser "muito ancorada no mar, no consumo de peixe e de marisco" e que está no centro de "uma gastronomia riquíssima", considera o presidente da AGAVI.
António Souza-Cardoso ressalva que "tudo o que seja extraordinariamente influenciado pelo Atlântico faz parte deste projeto e Portugal inteiro deve abraçar esta causa" que vai ser a candidatura a Património da Humanidade.
A AGAVI pretende liderar esta candidatura enquanto parceira do projeto luso-galaico InternovaMarket-Food e acolherá no I Melting Gastronomy Summit a constituição da Confraria da Dieta Atlântica, comprometendo-se esta a instruir em 2020 o dossiê da referida candidatura.
Aquele dirigente vincou que quer Portugal "a capitanear a equipa que se vai apresentar à UNESCO com o projeto, considerando desde já que o mesmo "tem todos os requisitos para obter esse reconhecimento, tal como teve a dieta mediterrânica".
"Temos de ser nós os capitães de equipa desta cruzada que é transformar a dieta atlântica numa dieta de tendência e de futuro", reforçou, avançando ainda que "a candidatura será apresentada em 16 de novembro, que é o Dia Internacional do Mar".
"O outro projeto que temos é o de fazer um verdadeiro roteiro de restaurantes do mar" certificados com um selo de qualidade, denominado (A)Mar, reconhecendo que o peixe e o marisco que têm nas suas ementas provêm de "boas práticas de aprisionamento, amanho e confeção", informou António Souza-Cardoso.
O roteiro dos estabelecimentos com essa certificação abrangerá o Norte de Portugal e a Galiza, podendo vir a ser a ser alargado a todos o território nacional e aos países europeus banhados pelo Oceano Atlântico.
O Melting Gastronomy Summit ambiciona "transformar o Porto na capital mundial da gastronomia" durante três dias, promovendo um debate e uma reflexão alargados entre chefes de cozinha, nutricionistas, antropólogos, filósofos, críticos, influenciadores e vários outros agentes ligados ao setor agroalimentar.
O projeto luso-galaico InternovaMarket-Food inclui as entidades galegas Centro Tecnológico de Carne, Confederação de Empresários de Pontevedra (CEP), Confederação Empresarial de Ourense (CEO), Confederação de Empresários de Lugo e associação empresarial ANFACO-CECOPESCA e as portuguesas Associação Empresarial de Portugal (AEP), Instituto Politécnico de Bragança e Instituto Politécnico de Viana do Castelo, além da AGAVI.
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