A Argentina é o quarto exportador mundial de carne bovina, atrás do Brasil, Austrália e Índia. Em 2020, as vendas para o exterior, principalmente para a China, somaram 819 mil toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Em troca, o país recebeu 3.368 milhões de dólares.
“A Argentina tem a vantagem de não precisar promover muito a nossa carne. É como os franceses com champanhe. Fala-se da França e diz 'champanhe', fala-se da Argentina e diz 'carne”, exemplificou à AFP Miguel Schiariti, presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Carnes e Derivados (CICCRA).
“É um dos elementos que nos identificam. Quando se fala em carne, fala-se em gaúcho, fala-se na origem da Argentina”, acrescentou Miguel sobre os tradicionais habitantes da Argentina, do sul do Brasil e do Uruguai.
A marca do gado que pasta nos imensos espaços dos pampas é fundamental para a Argentina. Uma obra literária, "El gaucho Martín Fierro", de José Hernández, publicada em 1872, retrata-a num poema emblemático que se estuda na escola.
A carne bovina é a base da dieta dos argentinos. De fato, a Argentina é o principal consumidor desse tipo de carne per capita no mundo, segundo a OCDE.
Mas o consumo caiu de 69,3 quilos por pessoa por ano em 2009 para 49,2 quilos em média hoje, de acordo com o CICCRA.
Na tentativa de conter a alta dos preços da carne no mercado interno, que disparou 65% no ano passado, o presidente Alberto Fernández suspendeu as exportações do produto por 30 dias.
Em resposta, os produtores anunciaram que vão interromper a comercialização de gado doméstico durante uma semana.
Apesar de outros suplantarem a Argentina no mercado internacional, os produtores deste país têm certeza de que a diferença será notada.
“O segredo da carne argentina é a genética, que produz uma carne com um marmorizado natural (ndlr: mármore) de gordura que lhe confere um sabor único”, afirma Schiariti.
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