É o caso do ‘chef’ angolano Bruno Mesquita, de 32 anos, desde maio de 2012 à frente da cozinha do principal hotel de Luanda, o Epic Sana, onde são preparados diariamente pratos baseados na gastronomia tradicional angolana, mas com um toque de modernidade.

“A ideia é agarramos num calulu [guisado de peixe] e fazermos um ravioli, com os peixes [fresco e salgado] e os legumes lá dentro. Vamos fazer uma fusão com aquilo que é nosso, elevado a outro patamar. Elevando o produto, é isso que eu e outros colegas meus estamos a fazer aqui em Luanda”, explica.

A esta tendência crescente colocada em prática por vários ‘chef’s’ angolanos não é alheio o poder de compra da classe média angolana, já capaz de pagar facilmente 100 dólares por uma refeição mais elaborada, ou da comunidade expatriada na capital.

Da reinvenção do calulu de peixe à adaptação da muamba de galinha a outros paladares, a ideia, garante Bruno Mesquita, é só uma: “Mostrar que não é só funge, há muito mais do que isso, é essa a nossa missão”.

O ‘chef’ do Epic Sana Luanda, hotel de cinco estrelas e localizado em pleno coração da capital, é um dos jovens cozinheiros que tenta provocar esse salto, estando num ponto privilegiado para testar as inovações: junto de quem vem de fora.

“As pessoas [hospedadas no hotel] não estão à espera de um prato de calulu, de carne seca ou de muamba, mas no fim gostam. Esse é o trabalho que temos vindo a fazer”, defende, mas admitindo que neste aspeto ainda há um logo caminho a percorrer em Angola, que tenta apurar a cozinha tradicional.

Influenciada por Portugal, ao longo de 500 anos de colonização, a cozinha angolana baseia-se na carne, peixe, cereais e legumes. Sobressaem-se pratos baseados no tradicional mufete de Luanda ou no feijão com óleo de palma, sempre com o picante gindungo por perto.

“É muito importante valorizarmos o que temos em Angola, mostrando ao mundo sem ter vergonha”, remata o ‘chef’ Bruno Mesquita.