Conhecido pelas suas paisagens dramáticas e rochas avermelhadas, muitos fazem a comparação com o planeta Marte. Inclusive, o Wadi Rum já foi cenário de várias produções cinematográficas, tais como o Star Wars. E o melhor disto tudo? É que além de poder visitar o deserto, pode ainda acampar lá e ter uma experiência com os povos beduínos. Vamos então descobrir como visitar o Wadi Rum?
Localização e como chegar
O Deserto Wadi Rum localiza-se no extremo sul da Jordânia, a cerca de 100 km de distância de Petra, 60 km de Aqaba e 315 km de Amã, a capital do país.
Se tal como nós vai alugar carro, então é super fácil chegar até ao Wadi Rum (basta colocar no Google Maps “Wadi Rum Village”). Ao chegar ao destino, o carro ficará estacionado na pequena vila (gratuito) e por norma, combina-se previamente como os funcionários do seu acampamento que o levarão de jipe 4×4 até ao deserto. No entanto, também é possível chegar até lá de táxi (mais caro) ou de transportes públicos da empresa JETT.
Visto que se trata de uma área protegida, é necessário pagar entrada. Tem um custo de 5 JOD por pessoa, sendo que crianças com menos de 12 anos estão isentas. Esta taxa é usada para ajudar as comunidades beduínas locais e pagar pela proteção do Wadi Rum. No entanto, para quem adquiriu o Jordan Pass, a entrada no Wadi Rum está incluída. Basta apresentá-lo à entrada, bem como o passaporte.
Melhor época para ir
Tratando-se de um deserto, chove muito pouco em Wadi Rum. O clima é quente no verão (acima dos 35°C) e frio no inverno.
Assim sendo, a melhor época para visitar o deserto é na primavera (março a maio) e no outono (setembro a novembro), quando o clima é mais ameno.
Quantos dias
Existem várias formas de conhecer o Wadi Rum. Há quem faça o passeio de apenas um dia, sem pernoitar no deserto. No entanto, e falando por experiência própria, irá perder a melhor parte, que é dormir num acampamento beduíno e desfrutar de um jantar típico. Há ainda quem fique vários dias, para relaxar e conectar-se com a natureza, numa espécie de retiro. Até porque lá não há rede, nem internet. Afinal, estamos no deserto, certo?
Veja aqui o nosso roteiro de 10 dias pela Jordânia
Nós ficámos duas noites no Wadi Rum, sendo que num dos dias fizemos uma tour. Achamos que é o tempo ideal para ter uma verdadeira experiência beduína. Como tal, não há uma resposta certa quanto ao número de dias. Depende muito da experiência que cada um quer ter e dos dias disponíveis de viagem. Mas se querem um conselho de amigos, não deixem mesmo de passar lá pelo menos uma noite.
Várias opções de tours
Antes de reservar o que quer que seja, deve ter em consideração que existem vários tipos de tours que pode fazer no Wadi Rum.
Existem tours de meio dia e de dia inteiro. Por consequência, pode optar por ir de jeep 4×4 ou de camelo (opção que não recomendamos, pois somos contra a exploração animal). A opção mais popular é passar um dia e uma noite no Wadi Rum, com o tour de jeep.
Nós fizemos um tour de dia inteiro, isto é, desde manhã até ao pôr do sol. E agora percebemos que realmente tomámos a decisão certa. Além de vermos mais pontos de interesse, sem andar a correr, o pôr do sol no deserto é algo de fascinante.
Qual acampamento escolher
Com uma breve pesquisa, vai perceber que existem imensas opções de alojamento no deserto. A questão é: qual escolher? Obviamente que existem acampamentos para todos os gostos e carteiras, dos mais básicos aos mais luxuosos.
Mas é importante saber que a escolha do alojamento é uma parte fundamental para ter uma experiência genuína e maravilhosa. Tudo isto porque os tours são quase sempre organizados pelo alojamento. Se reparar, no Booking por exemplo, há alojamentos super baratos ou até mesmo gratuitos com ótimas avaliações. Ou seja, o alojamento é barato, pois é nas excursões que ganham dinheiro. Depois de analisarmos várias opções, escolhemos ficar no Desert Guide Camp.
Acampamento Desert Guide Camp
Ficámos alojados no Desert Guide Camp. Este acampamento localiza-se a cerca de 6 km da vila e é cercado por magníficas formações de arenito.
Tendas
Aqui há duas opções de alojamento: tendas com duas camas e casa de banho partilhada, ou tendas maiores com camas de casal e casa de banho privativa. Nós ficámos duas noites numa tenda que tinha um quarto muito espaçoso com casa de banho privativa e uma grande janela/varanda com vistas desafogadas sobre o deserto. Acreditem, acordar com aquela vista é algo único.
Cada tenda está equipada com a sua própria luz interna para que se possa movimentar facilmente a qualquer hora do dia. No seu interior existem ainda tomadas elétricas, lençóis, cobertores quentes e toalhas.
Todas as casas de banho possuem chuveiro, sendo possível tomar um banho de água quente visto que o acampamento utiliza painéis solares ecológicos para electricidade, a fim de minimizar o impacto no meio ambiente.
Tendas comunitárias
No centro do acampamento existe uma tenda principal, maior, onde são servidas todas as refeições. A estadia no Desert Guide Camp inclui pequeno-almoço e jantar.
Vale a pena ressalvar que a comida era bastante diversificada (principalmente ao jantar) e era deliciosa.
Além desta tenda, existe ainda outra com uma lareira ao meio, ótima para as noites mais frias. Servem-nos chá e convivemos com os outros hóspedes: plano perfeito.
Como é o tour de um dia inteiro
Como já referimos em cima, nós passámos duas noites no deserto. Assim sendo, chegámos à vila de Wadi Rum ao final do dia. Agendámos previamente com o anfitrião do Desert Guide Camp a hora e o local para nos encontrarmos. Os carros ficam no estacionamento da vila (gratuito), pois a partir daí só é acessível através de jipe 4×4.
Durante a viagem até ao acampamento aproveitámos para nos conhecer, perguntar quais os costumes e como era a vida no deserto. E num instantinho já estávamos instalados no acampamento, prestes a ser presenteados com um belíssimo pôr do sol.
O jantar desse dia foi um prato típico do deserto, o Zaarb. Trata-se de um prato de carne com legumes, cozido num buraco coberto de areia do deserto.
Fomos para a varanda da nossa tenda olhar para o céu e contar estrelas cadentes – não há céu como o do deserto! Deitámo-nos bem cedinho, pois no dia seguinte íamos fazer o tão esperado tour pelo deserto.
Acordámos cedinho, ao som da natureza. Não conseguimos contá-los, mas eram tantos pássaros que sobrevoavam o nosso acampamento a chilrear. Foi muito giro.
Por volta das 8/8h30 os hóspedes juntaram-se na tenda principal para tomar o pequeno-almoço, sendo que às 9h começaram a sair os jipes para a excursão pelo deserto. Nós escolhemos o tour de dia inteiro, desde manhã até ao pôr do sol, e partilhámos o jipe com mais três pessoas.
Conhecemos o nosso motorista, um jovem super divertido, que nos fez uma breve explicação sobre o tour que iríamos fazer e que tínhamos à disposição água, sempre que quiséssemos.
Posto isto, lá seguimos nós até à primeira paragem do dia, a Lawrence Spring. Trata-se de uma fonte natural de água, próxima à vila de Wadi Rum. Neste local ainda é possível ver gravações nas rochas com milhares de anos.
A próxima paragem, muito perto dali, são nas Sand Dunes. Como a areia é muito fininha, torna-se bastante difícil subir. No entanto, vale realmente a pena. As vistas para o deserto são maravilhosas!
Várias fotografias tiradas, seguimos até ao Khazali Canyon, onde é possível entrar nas fissuras de uma das montanhas mais conhecidas do Wadi Rum. Aqui conseguimos ver diversas pinturas rupestres e petróglifos, onde beduínos e outros povos deixaram as suas marcas nas rochas. É impressionante! Não deixe ainda de reparar na rocha que parece uma cara.
Visita concluída e eis que chegámos até uma das rochas mais icónicas deste deserto, a Small Rock Bridge. Como o próprio nome indica trata-se de uma pequena ponte natural entre duas rochas. Este é um dos locais que todos param para tirar uma fotografia.
Seguimos então, deserto a dentro, até chegarmos à Lawrence House. São as ruínas de uma antiga casa onde supostamente viveu Lawrence das Arábias. Thomas Edward Lawrence foi um arqueólogo, militar e escritor britânico que esteve presente na Revolta Árabe. Não achámos as ruínas nada de especial, no entanto valeu a pena pelos vários miradouros que têm uma vista soberba.
Bem, e com a manhã passada, estava na hora de dar alimento a estes viajantes famintos. O nosso guia levou-nos para um local super bonito, à sombra, no meio do nada para almoçar. O almoço está incluído no tour.
Tudo o que era necessário estava no jipe. Estendemos uma manta e conversámos, enquanto o nosso guia fez uma lareira e cozinhou para nós. Sem luxos, a comer no chão, mas acreditem, foi das melhores refeições que fizemos. Talvez por ser tão genuíno que vamos guardar este momento para sempre.
Agora sim, estávamos com energia para explorar mais do Wadi Rum. Posto isto, seguimos até à Mushroom Natural Rock Formation. Este é um dos locais que todos os tours param. Trata-se de uma pedra muito peculiar, com um formato de cogumelo.
Seguiram-se duas curtas caminhadas pelo deserto, a Burrah Canyon Hiking e o Burdah Canyon. Confesso que aqui já estávamos muito cansados porque andar na areia do deserto torna-se ainda mais complicado. Ainda assim, os locais são muito bonitos. No final, há a possibilidade de alugar pranchas e fazer sandboarding.
A penúltima paragem do dia foi na Um Frouth Rock Bridge, com rochas enormes e uma ponte natural sobre elas. É um local super imponente.
O tour já estava a chegar ao fim, mas antes ainda tínhamos uma pausa para assistir ao pôr do sol. Subimos a uma rocha, bebemos um chá quentinho e aproveitámos esta dádiva da natureza. Foi, de facto, um momento muito bonito!
Retomámos então ao acampamento Desert Guide Camp mesmo a horas de jantar. Dormimos mais uma noite no deserto, e pela manhã, após o pequeno-almoço, levaram-nos de volta à vila onde tínhamos deixado o carro.
Assim nos despedimos do deserto Wadi Rum, que tão boas memórias nos trazem. É realmente um dos locais imperdíveis na Jordânia, pelo que recomendamos vivamente.
Artigo originalmente publicado no blogue Viver o Mundo
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