Dia 1: Grand Place, Jeanneke Pis, Delirium Cafe e Galeries Royales Saint-Hubert
Já a tarde ia a meio quando começámos a explorar Bruxelas. Pousámos a mala no Hotel Mozart e logo começámos a desbravar a cidade. O nosso hotel localizava-se a dois minutos a pé da Grand Place, e foi por aí mesmo que começámos o roteiro do nosso 1º dia em Bruxelas.
A Grand Place é uma das praças mais bonitas e notáveis da Europa e reúne turistas de toda a parte do mundo. Considerada o coração da cidade, é bastante movimentada e todos querem ver este lugar único.
Mas afinal o que a torna tão especial? A Grand Place é uma praça enorme rodeada por prédios magníficos do início do século XVII. É este impressionante conjunto arquitectónico que faz a máquina disparar vezes sem conta. Infelizmente, os prédios não são os originais, devido ao ataque dos franceses em 1695, que destruiu praticamente todos os prédios da praça. Ainda assim são harmoniosos uns com os outros e promovem uma bela competição entre si, para ver qual o mais bonito e mais decorado.
A praça apresenta quase 40 prédios e os seus detalhes esculturais apresentam diferentes estilos arquitectónicos, que passam pelo gótico, barroco e renascentista. Toda a praça, incluindo os edifícios, integra a lista de Património Mundial da UNESCO desde 1998.
Dos edifícios mais belos destaca-se a Câmara Municipal (Hotel de Ville), a Casa do Rei (Maison du Roi), a Casa dos Duques de Brabant, o Piegon (residência de Victor Hugo) e a Casa da Guilda (Le Renard, uma espécie de sindicato).
Ainda na Grand Place, podemos encontrar uma escultura em bronze do herói Everard’t Serclaes. Esta situa-se na parte lateral do prédio Hubert de Ville e é fácil encontrar. Everard’t Serclaes foi um patriota que libertou a cidade do Conde de Flandres no século XIV. Existe uma lenda popular que diz que quem tocar no braço da estátua garante um retorno a Bruxelas. Verdade ou não, não custa tentar. O tempo o dirá.
Outra das estátuas mais conhecidas da cidade é a Jeanneke Pis. Esta é a versão feminina da estátua do Manneken-Pis (que visitei no dia seguinte). A estátua de bronze de meio metro de altura foi finalizada em 1987 e representa uma menina agachada a urinar. Esta fica um pouco escondida, no final de uma rua sem saída bem estreita (Rue des Bouchers, entre os números 10 e 12).
É nesta rua que se situa o bar mais famoso de Bruxelas, o Delirium Cafe. Com uma decoração excêntrica, o Delirium Cafe é uma cervejaria que se converteu num ponto de encontro para os amantes da cerveja. Tanto os turistas como os locais juntam-se neste bar animado para degustar um catálogo com mais de 3000 marcas de cervejas internacionais. O bar detém o recorde mundial pelo Guinness Book de maior selecção de cervejas no mundo. Vale a pena entrar e beber uma (ou duas) cervejas – difícil é escolher!
A última paragem deste 1º dia em Bruxelas foi nas Galeries Royales Saint-Hubert. As galerias foram criadas em 1847, sendo as primeiras galerias comerciais da Europa e, ainda hoje, continuam a ser as mais elegantes.
O local é belíssimo com um tecto de vidro arcado, que deixa a luz do sol penetrar e proporcionar uma iluminação natural durante o dia, mas não a chuva. São cerca de 200 metros repletos de joelharias, lojas de chocolate, lojas exclusivas de moda, restaurantes e cafetarias de qualidade e ainda um pequeno teatro e um cinema.
Dia 2: Manneken Pis, Catedral, Parc de Brussels, Palácio Real, Banda Desenhada
A primeira paragem do dia era um dos símbolos mais icónicos da cidade, o Manneken Pis. O Manneken Pis é uma estátua de cerca de 50 centímetros, criada em 1619. Representa um menino nu a urinar numa pia de uma fonte, constituindo assim o monumento que melhor simboliza o espírito rebelde e desafiador dos habitantes de Bruxelas.
Ninguém sabe exactamente a origem da personagem, no entanto, existem várias lendas associadas ao menino. A mais célebre é que este teria apagado o fogo com o seu chichi, salvando assim a cidade de um grande incêndio.
A pequena estátua conta com um guarda roupa com mais de 650 peças e em algumas alturas do ano podemos vê-lo vestido. As roupas de tamanho reduzido podem ser encontradas no Musée de la Ville, localizado na Maison du Rei.
Seguimos então em direcção à Catedral de São Miguel e Santa Gúdula. A Catedral de São Miguel e Santa Gúdula é a maior e mais importante igreja da cidade. Imponente e majestosa são os adjectivos que talvez a descrevam melhor.
Esta magnífica igreja combina vários estilos, desde o Românico ao Gótico, sendo este último o estilo predominante. A construção da catedral foi dedicada aos santos padroeiros da cidade, São Miguel Arcanjo e a mártir Santa Gúdula. Mas se por fora a igreja é soberba, com todas as suas estátuas de anjos e de pessoas importantes a decorar a fachada, o seu interior é igualmente belo! Os detalhes estão por todo o lado e vale a pena explorar cada cantinho.
Seguidamente fomos visitar o Parc de Brussels, que se situa muito próximo da catedral. Também designado de Parque Real, é aqui que os habitantes da cidade vão para relaxar e escapar da correria do dia a dia.
Até 1770 os Duques de Brabante utilizavam a zona como terreno de caça. A partir daí a zona foi renovada para adquirir o aspecto que tem hoje em dia: um parque cheio de fontes, esculturas e caminhos agradáveis para passear.
No final do parque encontramos o Palácio Real de Bruxelas, a sede da monarquia constitucional belga. Este alberga os escritórios dos reis, alguns ministérios, salas de reuniões oficiais e salas para os chefes de estado convidados. No entanto, desde 1831 que os reis não moram ali.
- Veja aqui algumas dicas úteis para viajar para Bruxelas -
Infelizmente não tive o privilégio de visitar o seu interior uma vez que só está aberto ao público habitualmente de 21 de Julho (feriado nacional) até o início de Setembro. Se viajar nesta época não deixe de o fazer. Até porque possui salas de grande valor como a Sala do Trono, o Pequeno Salão Branco, a Sala dos Espelhos e a Sala Goia.
Andando mais um pouco pela avenida, avistamos uma outra igreja imponente, a Igreja Notre Dame du Sablon. A igreja apresenta um estilo gótico, foi construída no século XV e é, sem dúvida, um ponto de visita obrigatório.
No final da avenida, avistamos ainda um imponente edifício. Trata-se do Palácio da Justiça. Actualmente é a sede dos tribunais de justiça da Bélgica. Já era tarde e a barriga estava a dar horas. Assim sendo almoçámos nesta zona, que é dotada de vários restaurantes e lojas.
Continuámos então na descoberta por Bruxelas. A próxima paragem foi o Mont des Arts. Este é um dos melhores lugares para contemplar uma vista panorâmica da cidade.
Daí, fizemos uma caminhada até ao Centro Belga de Banda Desenhada. Era suposto visitarmos no dia anterior, mas não tivemos tempo. Para os verdadeiros amantes desta arte, o Centro Belga de Banda Desenhada é um local de paragem obrigatória. Cada sala é mais inspiradora que a outra. Veja aqui o artigo detalhado sobre este mundo dos quadradinhos.
Para terminar o roteiro do 2º dia em Bruxelas, fizemos uma caminhada um pouco mais longa para ver o Zinneke Pis. Já vos falei da estátua do menino a urinar (Manneken Pis) e também da menina (Jeanneke Pis). Para a família ficar completa só faltava mesmo a estátua do cão a urinar. O Zinneke Pis é então o terceiro membro da família Pis.
No entanto, ao contrário dos outros membros da sua família, Zinneke não é uma fonte. Criado em 1999 pelo escultor, Tom Frantzen, o cão simboliza a “natureza multicultural” e espírito humorístico da cidade.
Dia 3: Atomium, Pavilhão Chinês, Torre Japonesa, Parlamento Europeu e Parques
Neste que seria o 3º dia em Bruxelas (e último) acordámos mais cedo para fazer render o dia!
Como devem ter reparado, no 1º e 2º dia em Bruxelas não usámos transportes públicos. Fizemos tudo a pé uma vez que é possível conhecer a parte central caminhando. No entanto, há certos locais que queríamos visitar que eram um pouco mais longe. Assim sendo, reservámos este dia para esses mesmos sítios e comprámos um ticket de um dia.
Um bilhete custa 2,10€, mas nós achámos que compensaria comprar o bilhete diário que custou 7,50€. Assim poderíamos entrar e sair nos vários transporte públicos quando queríamos. Veja aqui os preços actualizados. Uma nota muito importante: é preciso validar sempre o bilhete nas máquinas, geralmente de cor laranja.
Saímos então do Hotel Mozart e apanhámos o metro da linha azul (linha 6) até Heysel. A primeira visita do dia seria um dos cartões postais da cidade, o Atomium. Do metro até ao Atomium é apenas uma pequena caminhada de 5 minutos.
- Veja aqui como ir do aeroporto de Zaventem, em Bruxelas, para o centro -
O Atomium, que possivelmente é o maior símbolo de Bruxelas, foi construído para a exposição mundial de 1958. Apesar de se chamar Atomium (átomo) é, na verdade, no formato de um cristal de ferro ampliado 165 bilhões de vezes. A sua estrutura é fascinante. São 9 esferas (cada uma com 18 metros de diâmetro) conectadas por 20 tubos. Três grandes pilares (conhecidos com bipodes) sustentam a estrutura de 102 metros de altura que recebe milhares de visitantes por ano. Pelas dimensões já estão a perceber como é um monumento imponente.
Mas não é só o seu exterior que é fascinante e fotogénico. Eu visitei o seu interior e, na minha opinião, vale muito a pena.
O bilhete tem um custo de 15€ e é comprado no edifício ao lado (está tudo bem sinalizado). A fila para entrar é um pouco grande uma vez que temos de ir de elevador até ao último andar e leva poucas pessoas de cada vez. Durante a subida, os visitantes são convidados a olhar para o alto e ver a estrutura do monumento por dentro.
Ao chegar ao topo, há uma vista panorâmica 360 graus da cidade. Lá de cima temos ainda uma óptima vista da Mini Europa que fica mesmo ao lado do Atomium. A Mini Europa é um parque que possui miniaturas de alguns dos monumentos mais emblemáticos do mundo.
Descendo novamente pelo elevador vamos explorar as outras esferas, onde é possível encontrar exposições permanentes e temporárias. A exposição permanente conta um pouco da história da exibição mundial de 1958 quando o Atomium foi construído.
Mas, para mim, a parte mais surpreendente é a parte final da visita onde nos deparamos com um cenário futurista. Algumas das salas conjugam a música com imensas luzes que nos transportam de imediato para um filme futurista. Até a descida nas escadas rolantes é impressionante – repleta de luzes vibrantes em movimento. Um verdadeiro espectáculo.
O bilhete incluía ainda a entrada no Adam Museum, que se encontra no cimo da avenida onde está o Atomium. O Museu do Design Belga é um espaço dedicado ao design do século XX e actual.
Depois de várias fotografias tiradas a hora do almoço estava próxima, pelo que almoçámos numa das carrinhas ambulantes de fast-food ali presentes. Conte com 3 a 4 horas para visitar com calma o Atomium.
Quando planeei, em casa, o roteiro do 3º dia em Bruxelas, tinha visto que próximo do Atomium se encontrava um sítio pouco turístico que despertou em mim uma curiosidade imensa. Não pude deixar de visitar. Assim sendo, apanhámos o metro de superfície e fomos conhecer o Pavilhão Chinês e a Torre Japonesa.
Mandados construir por Leopoldo II no início do séc. XX, deixam qualquer um boquiaberto. O Pavilhão Chinês surge em tons dourados, cheio de detalhes elaborados, com varandas e painéis de madeira trabalhada que foram propositadamente esculpidos em Xangai.
A Torre Japonesa ergue-se bem acima das copas das árvores, num paralelepípedo gigante de cor vermelha com cada piso marcado por um telhado, como é típico nos pagodes.
Até há alguns anos, todo este conjunto abrigava o Museu do Extremo Oriente, mas por questões de segurança o complexo encontra-se agora fechado e só se pode ver o exterior dos edifícios. A colecção permanente do museu está actualmente guardada no Museu do Cinquentenário. Ainda assim, para quem gosta de arte oriental acho que vale muito a pena fazer este pequeno desvio.
Daqui seguimos novamente em transportes públicos até ao Parlamento Europeu, o coração da política europeia. É aqui que se encontram os gabinetes principais dos deputados europeus, e tem sido palco de muitas votações importantes.
Apesar de podermos visitar o seu interior, eu não tinha muito tempo, pelo que ficará para uma próxima. Não deixe de apreciar uma parte do muro de Berlim que se encontra ao lado do Parlamento Europeu.
Próximo do Parlamento existe um grande e agradável parque. O Parc Leopold é um óptimo local para praticar desporto, passear ou simplesmente descansar ao final do dia. Possui imensos espaços verdes e parques infantis. No meio do parque está um lago super giro que abriga muitas famílias de espécies animais.
Daí seguimos a pé até ao nosso último destino, o Parc du Cinquantenaire. Este é o segundo parque mais importante de Bruxelas. Devido à sua proximidade aos edifícios da União Europeia, é um dos lugares onde os trabalhadores vão habitualmente à hora do almoço.
Actualmente, o Parc du Cinquantenaire abriga três museus: o Museu Real de Arte e História, o Autoworld e o Museu Real das Forças Armadas e História Militar.
No topo do Parc du Cinquantenaire localiza-se ainda o imponente Arco do Triunfo. Foi erguido em 1905, substituindo uma versão temporária anterior da arcada por Gédéon Bordiau. As estruturas foram construídas em ferro, vidro e pedra, que simbolizam o desempenho económico e industrial da Bélgica.
E assim chegara ao fim o nosso 3º dia em Bruxelas (e último). No entanto, a viagem por terras belgas ainda não tinha terminado. Reservámos um dia para visitar uma cidade vizinha, Brugge. Veja aqui o nosso roteiro.
Sigam as nossas aventuras mais recentes no Instagram
Artigo originalmente publicado no blogue Viver o Mundo
Comentários