Dia 1: Vila Velha de Rodão

O dia começa com a melhor das vistas, a partir do Miradouro das Portas de Rodão, onde o Tejo se estreita ao longe. Não podia ter tido mais sorte, o céu estava limpo e o clima quente, sem vento, permitindo um espelho perfeito que habitualmente só se vê nas fotos (dos outros).

Sigo caminho em direção ao Castelo do Rei Vamba, deixando o carro à sombra da Capela da Nossa Senhora do Castelo. Diz a lenda que a história de amor entre a rainha cristã e o rei mouro, uma relação adúltera, não teve um final feliz tendo inclusive sido lançada uma maldição sobre a zona. A verdade é que o castelo se mantém de pé, com uma vista imensa e desafogada sobre o Rio Tejo frequentemente acompanhada por grifos, águias e outras aves de grande envergadura que pairam sobre o vale forrado a sobreiros e azinheiras.

Vila Velha de Rodão
Paisagens de Vila Velha de Rodão créditos: Me Across The World

A hora de almoço aproxima-se e nada melhor do que começar a experienciar os sabores da Beira Baixa junto ao Cais Fluvial, no restaurante Vila Portuguesa, que recomendo não apenas pela paisagem e localização mas também pela qualidade da confeção. Da praceta tem início um agradável caminho pedestre até à Capela da Sra. da Alagada.

De regresso ao carro, a próxima paragem é no Miradouro do Vale do Almourão, com vista plena sobre as Portas do Almourão.

O calor aperta e não perdoa, e está na altura de inaugurar as praias fluviais desta zona. Estendo a toalha sobre as relvas da Praia da Foz do Cobrão, onde muitas outras pessoas se encontram a desfrutar da tranquilidade deste espaço singular, caracterizado por um enorme monólito granítico exatamente a meio do curso de água.

O dia já vai longo quando chego às Casas do Almourão, onde os proprietários – um casal bem simpático – nos recebe. Totalmente equipada, cada casa tem dois quartos duplos, para além da casa de banho, kitchnette, sala, e uma varanda que convida ao fim de tarde em contacto com a natureza.

Dia 2: Proença-a-Nova

Começo o segundo dia explorando a zona em torno do Vale do Cobrão, com um trilho de dificuldade baixa a moderada por entre a vegetação que me leva até à Buraca da Moura e ao Farol dos Ventos, uma instalação artística de 2020 feita com cabos náuticos, recriando movimento – como o de uma ave que vai levantar voo.

Passo por momentos pela Praia Fluvial da Fróia, mas aqui entre nós que ninguém nos lê antes não o tivesse feito! Uma manobra mal feita e um drone enfiado nos arbustos que alguém que não eu acabou por ir lá tirar. Amargamente, lembrou-me um episódio já ocorrido em 2018 no Havai, nas Akaka Falls, e a prova de que drones não é mesmo comigo.

Proença-a-Nova
Paisagens de Proença-a-Nova créditos: Me Across The World

Desanimada, não consigo dar o devido crédito ao Centro de Ciência Viva da Floresta, que para além do centro educativo (com atividades e exposições várias) tem ainda uma esplanada e jardim infantil. Seria, sem dúvida, um espaço para explorar com outro estado de espírito, mas que é extremamente recomendado para quem viaja com os mais novos. Para adultos (ou para uma adulta como eu), já fiquei feliz de ver as aeronaves a aterrar e levantar no Aeródromo mesmo em frente.

É altura de ir conhecer a Praia Fluvial do Malhadal, um maravilhoso recanto verde e fresco, onde famílias se juntam nas relvas à sombra, a apanhar sol ou para bons banhos.

Passo por Álvaro com agrado, num final de tarde ainda quente mas com uma brisa suave, caminhando pelas ruelas com detalhes de tempos já idos. Do miradouro onde assenta a sua Igreja Matriz, destaca-se a vista soberba sobre as curvas do Rio Zêzere.

O dia termina já em Oleiros, com um jantar no restaurante Callum, integrado no Hotel de Sta Margarida mas a noite essa é passada no encantador Refúgios do Pinhal, um hotel de charme gerido por uma família que reabilitou toda a estrutura de uma antiga quinta, tendo-a convertido num espaço pitoresco e agradável.

Dia 3: Oleiros

A visita começa do alto do miradouro do Santuário do Cristo Rei, uma estrutura de granito com cinco metros de altura com vista desafogada para Oleiros. Na sua base, é possível uma pequena capela de três gravuras pintadas nas paredes, usada para algumas celebrações.

O sol esconde-se por entre as nuvens quando chego à Praia Fluvial de Açude Pinto, algo que não intimida as crianças nem as impede de se divertirem nas águas frias do rio. Uma vez mais, destaca-se a qualidade dos apoios de praia, do café-restaurante e do espaço infantil.

Oleiros
Paisagens de Oleiros créditos: Me Across The World

Um dos mais surpreendentes miradouros de todo o percurso, o Miradouro da Cabeça do Mosqueiro é ponto comum de romaria ao fim-de-semana, onde famílias se encontram para grelhados e convívios. Do alto dos seus 660m, com uma vista belíssima (infelizmente, pautada por parcelas de terreno devastadas pelos incêndios dos últimos anos) e muito bem preparado, este é um exemplo de um espaço amplo e bem conseguido, pensado para miúdos e graúdos, com várias áreas para explorar.

A tarde prossegue em direção à Cascata da Fraga da Água d’Alta, um dos ex-libris da região. Descendo através dos Passadiços do Orvalho até à sua base, ou observando do topo a partir do Miradouro da Cabeça Murada, a Cascata da Fraga da Agua d’Alta é a mais alta da Beira Baixa e faz deste um dos pontos indiscutíveis da visita à zona de Orvalho. A escadaria de acesso é ainda adornada por pequenas esculturas de animais que acompanham o percurso.

Dia 4: Penamacor

Acordo nas Casas da Penha, com uma vista magnífica sobre toda Penamacor que já tinha sido elogiada de véspera, qual aldeia presépio ao cair da noite. Este é um espaço requintado, em que a identidade original das casas de pedra se mantém ao mesmo tempo que o interior apresenta traços de comodidade e modernidade.

A pé, faço daí uma pequena paragem junto do Miradouro da Rua de S. Pedro, da Antiga Casa da Câmara Municipal e do Castelo de Penamacor e sua Torre de Vigia, que nos remete de imediato para os tempos medievais. Desço até à vila, tentando descortinar onde se realiza o célebre Madeiro, a tradicional festa de Natal que todos os anos vejo pela televisão. Quem sabe, se não é um destes invernos em que darei cá um saltinho para assistir ao vivo a esta celebração?

Penamacor
Paisagens de Penamacor créditos: Me Across The World

Praia fluvial da Meimoa e sobretudo a Praia fluvial de Meimão são verdadeiros ex-libris desta zona, e talvez uma das mais bonitas deste roteiro. A relva estende-se até à linha da água, e aqui não faltam mesmo pontos para estender a toalha.

Dia 5: Idanha-a-Nova

Aldeia de Monsanto

Avisto Monsanto pela primeira vez aquando de uma pequena paragem de carro em Salvador. Ao longe, ergue-se a aldeia no cume do monte, e é para lá que me dirijo.

Aldeia encantada e verdadeiramente romântica, Monsanto fazia parte do meu imaginário há alguns anos, muito por responsabilidade de amigos que cá tinham já vindo passar dias agradáveis. Monsanto é um conglomerado de rochedos graníticos de enormíssimas dimensões, caoticamente distribuídos por vários quilómetros quadrados, por entre os quais algumas casas de pedra se posicionam também elas de forma estratégica, numa simbiose perfeita.

Monsanto
Monsanto créditos: Me Across The World

Em Monsanto o segredo é perdermo-nos pelas ruas e deixarmo-nos levar. Os caminhos vão provavelmente conduzir ao castelo, no ponto mais alto, de onde a vista é magnífica. Os trilhos são sempre bem assinalados e pautados com algumas placas informativas.

Aldeia de Penha Garcia

Já maravilhada com Monsanto, tenho nova enorme surpresa com a Aldeia de Penha Garcia, à qual faço questão de deixar logo no primeiro parágrafo uma forte recomendação.

Tem, com Monsanto, o fator comum de ser uma aldeia de pedra – contudo aqui as formações deixam de ser de gigantes graníticos para passarem a enormes escarpas com visíveis traços da sedimentação ao longo de milhares de anos.

Penha Garcia
Penha Garcia créditos: Me Across The World

Penha Garcia é uma verdadeira aldeia mágica, que parece ter sido tirada de um livro. O trilho em plano inclinado leva-nos até algumas casas que ainda persistem, acompanhadas de uma cascata que termina numa pequena piscina e num riacho. É também aqui que podemos encontrar vestígios de tempos históricos como fósseis de trilobites com 480 milhões de anos!

Foi também nos arredores de Penha Garcia, em Monfortinho, que encontrei um dos locais que mais prazer me deu em pernoitar: o Hotel Fonte Santa. Belissimamente decorado e com uma magnífica piscina virada para as árvores circundantes, passaria aqui alegremente uma semana!

Aldeia de Idanha-a-Velha

Ainda em Idanha-a-Nova localiza-se uma aldeia pela qual vale a pena passar, a Aldeia de Idanha-a-Velha.

Não sendo das aldeias mais conhecidas do circuito, esta tem um carisma e tranquilidade muito próprios, para além de várias ruínas romanas do séc. I a.C. Terá sido ocupada pelos muçulmanos no séc. VIII e reconquistada pelos cristãos no séc. XII.

Idanha-a-Velha
Idanha-a-Velha créditos: Me Across The World

Idanha-a-Velha faz parte do conjunto das Adeias Históricas de Portugal – juntamente com Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piodão, Sortelha e Trancoso.

Dia 6: Castelo Branco

Castelo Branco é a última paragem deste roteiro pela Beira Baixa. Cidade que tem muito para oferecer, aqui ficam os locais “imperdíveis”:

  • Piscina Praia de Castelo Branco
  • Sé Catedral de Castelo Branco
  • Parque da Cidade – de acesso gratuito
  • Jardim do Paço Episcopal – 2 euros por pessoa, mas que valem bem a visita. O jardim do séc.XVII, organizado por 4 áreas distintas e repleto de estátuas, remete a tempos palacianos
  • Casa do Arco do Bispo
  • Solar dos Motas
  • Centro de Interpretação do Bordado – uma das tradições mais emblemáticas de Castelo Branco. Aqui podes ver como é trabalhado o bordado albicastrense, que se inspira em motivos da natureza
  • Celeiro da Ordem de Cristo
  • Palácio dos Viscondes de Portalegre
  • Câmara Municipal de Castelo Branco
  • Capela de Nossa Senhora da Piedade
  • Centro de Cultura Contemporânea
  • Parque do Barrocal – o mais recente ponto de interesse e de contacto com a natureza da cidade, e também de acesso gratuito
Castelo Branco
Castelo Branco créditos: Me Across The World

Roteiro realizado em parceria com a Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa

Este roteiro foi originalmente publicado no blogue Me Across The World

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