Imagem: Francesco Carovillano

Chegar a Freiburg, no sul do país, a cerca de 30 quilómetros de França e 70 da Suíça, requer um voo e uma deslocação de comboio mas vale realmente a pena. Do tamanho certo para uma escapadinha de alguns dias, seduz pela animação e espírito descontraído. Cidade com mais dias de sol da Alemanha (por isso se diz que tem um ambiente especialmente alegre), visitá-la é realmente um prazer e há muitos lugares mesmo a não perder.

Marco da cidade, a Freiburger Münster (a catedral) demorou mais de 300 anos a ser concluída e daí os estilos que exibe, do romântico à fase final do gótico, o “flamboyant”. Porque servia de referência aos aviões (ou, há quem diga, por milagre) não foi destruída na II Guerra, preservando os magníficos vitrais (retirados antes dos bombardeamentos e depois recolocados) e a torre de 116 metros de altura, que os mais corajosos podem subir (são cerca de 300 degraus). É linda por dentro e por fora, da escultura da Última Ceia às 91 gárgulas que a protegem, do excesso de chuva e do “mal”.

Tal como a vistosa Casa dos Mercadores, em tempos armazém e posto aduaneiro e hoje espaço para realização de eventos, fica na Münsterplatz, que todas as manhãs (exceto domingos) acolhe um mercado irresistível. Vegetais, frutas e flores, algum artesanato contribuem para o colorido da praça mas o que mais se destaca é um delicioso cheiro a petiscos… Vem das banquinhas de comida que vendem a “lange rote”, a salsicha típica de Freiburg, outra instituição da cidade.

Freiburg Mercado
Mercado créditos: FWTM/Schoenen

Ainda na praça, é possível conhecer vinhos locais (a região de Baden tem cerca de 15.000 hectares de vinhas) no wine bar Alte Wache e experimentar o surpreendente vinho gelado; bem como provar os pratos regionais e sazonais do histórico restaurante Oberkirch.

Uma forma bastante agradável de descobrir as áreas envolventes é seguir ao longo dos “bächle”, canais de água junto aos passeios. Alimentados pelo rio Dreisam, remontam ao século XII, quando a cidade foi fundada, e serviam para apagar incêndios, entre outros usos. Atualmente são mantidos como um atrativo incontornável – e não há quem não ache graça à lenda que diz que quem puser o pé dentro de um deles casará com um “bobbele”, designação dos naturais de Freiburg (ou, numa versão menos romântica, regressará um dia).

Dá gosto passear por estas ruas planas, sempre animadíssimas e repletas de lojas de todos os tipos, por exemplo a caminho das torres Schwabentor e Martinstor, as duas portas medievais da cidade que sobrevivem (já foram cinco). E, a meio do passeio, parar no central Markthalle para matar a fome (a qualquer hora, das 8h00 às 20h00), um “mercado” com pequenos restaurantes de vários pontos do mundo, da Ásia ao Brasil.

Nas imediações, um dos lugares a visitar é a cervejeira Ganter, com visitas guiadas que revelam como se faz a cerveja e, no final, prova de degustação. Fundada em 1865, associa tradição, tecnologia moderna e produção sustentável.

Bairro Vauban
Bairro Vauban créditos: FWTM/Spiegelhalter

Outra visita interessantíssima é ao bairro Vauban. Num espaço em tempos ocupado pelas forças armadas francesas (e daí o nome, homenageando o célebre engenheiro), é exemplar no que toca a ambiente e sustentabilidade: as casas têm baixo consumo de energia; os automóveis ficam estacionados fora do bairro (há apenas 215 por 1000 habitantes); a população, cerca de 5.300 moradores, desloca-se para o centro, a 15 minutos, de elétrico ou bicicleta; há muitos espaços verdes, com características definidas pelos próprios habitantes; as ruas servem para as crianças brincarem, em segurança… Uma inspiração, tal como a própria Freiburg, conhecida como Green City há décadas.

A encantadora Floresta Negra

Considerado um dos lugares mais bonitos da Alemanha, a Floresta Negra foi assim batizada pelos romanos devido à grande densidade de árvores que impedia a entrada da luz. É um território vasto – tem cerca de 200 quilómetros (de norte a sul) por 50 – e diversificado, com áreas de arvoredo cerrado mas também encostas verdejantes onde vacas pastam tranquilamente, cascatas e lagos. Um destino que merece várias viagens, portanto.

Floresta Negra
Floresta Negra créditos: DZT Michael Neumann

Visitando-a a partir de Freiburg, além de descontraídos passeios pela natureza descobrem-se as tradições locais. Uma delas respeita ao relógio de cuco e, neste caso, é imprescindível uma visita à fábrica de August Schwer, em Schönwald – terra onde o primeiro exemplar terá sido criado, em 1737. Antes gerente num escritório, August explica com paixão como se constroem os relógios, desde o mecanismo até aos pequenos foles que fazem o som do cuco. Há-os de todos os tamanhos e preços, desde 100€ até 3.500€, que muitas vezes se destinam a compradores nos EUA ou na Ásia. É ele quem os decora, um trabalho admirável, cheio de detalhes encantadores.

Outro trabalho fascinante é o realizado na fábrica de peças de vidro Dorotheenhütte, em Wolfach, a última em atividade na Floresta Negra, onde em tempos existiram centenas. Conta com museu, que abrange cerca de 2.000 anos de história, e visitas guiadas durante as quais se veem os operários a soprar o vidro e se aprende tudo sobre o processo de produção, totalmente artesanal. Melhor ainda, possui uma secção com elegantes enfeites natalícios – que aqui o espírito de Natal está presente durante todo o ano.

A Dorotheenhütte dispõe também de um restaurante de comida tradicional e no menu não falta o célebre bolo Floresta Negra, mais um grande embaixador da região. Camadas de bolo de chocolate e chantilly, com cerejas e kirsch, ou aguardente de ginja, e finos pedaços de chocolate no topo compõem um doce irresistível, merecedor da fama de que goza a nível mundial.

Bolo Floresta Negra
Bolo Floresta Negra créditos: DZT Jens Wegener

Neste território verdejante a oferta de alojamento é bastante diversificada, existindo até alternativas para quem queira relaxar em estreito contacto com a natureza: dormir numa cabana é uma das opções disponibilizadas pela pousada Gallushof. Fica em Oberharmersbach, entre o prado e o arvoredo, e possui vacas, cabras, porcos e galinhas que os hóspedes podem alimentar.

Da mesma forma, são muitos os espaços onde provar os sabores da gastronomia alemã. Em Nordrach, por exemplo, o histórico Vogt auf Mühlstein (com uma capela que remonta a 1903) é um dos lugares para degustar comida simples e saborosa, das incontornáveis salsichas ao popular schnitzel (panados de porco servidos com um molho especial), após uma aprazível caminhada à descoberta da floresta encantada.

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