"Os Stephens na Marinha Grande - Abertura da Real Fábrica de Vidros (1769)" é o título do espetáculo que envolve 150 figurantes, cavalos, carruagens e fogo de artifício e que recupera a memória da chegada do britânico Guilherme Stephens à cidade, numa recriação preparada pelo encenador Norberto Barroca.

O episódio remonta ao século XVIII: convidado pelo Marquês de Pombal e por D. José I para revitalizar a indústria vidreira nacional, Stephens chegou a Portugal há 250 anos. Em 16 de outubro de 1769, segundo nota divulgada pelo município da Marinha Grande, arrancava a laboração da então reativada Real Fábrica de Vidros.

"Mudou para sempre a nossa Marinha Grande", afirma a presidente da autarquia, lembrando o impacto na indústria, economia, cultura e sociedade.

"Este inglês, que passou a ser marinhense, ajudou a moldar aquilo que somos enquanto coletividade, enquanto cidade e enquanto seres humanos", sublinha Cidália Ferreira, descrevendo Guilherme Stephens como "um industrial brilhante e muito à frente do seu tempo", que prezava "o equilíbrio entre o trabalho e vida social".

Na Marinha Grande instituiu um sistema de proteção social, "uma espécie de fundo de reforma", além de garantir o "acesso facilitado a médicos para os trabalhadores e suas famílias".

A par disso, recorda a autarca, o inglês criou uma escola para alfabetizar os seus funcionários e "fez questão de tornar os seus trabalhadores culturalmente aptos com a criação de um teatro dentro da fábrica", que ainda hoje funciona: o Teatro Stephens.

Em paralelo ao impacto local, as consequências da vinda de Guilherme Stephens para Portugal ainda hoje se fazem notar: depois do sucesso dos vidros e cristais, a indústria orientou-se para os moldes com "qualidade reconhecida internacionalmente".

"Temos um ‘cluster’ [nos moldes] que não existe em mais lado nenhum no nosso país", afirma Cidália Ferreira, lembrando que o concelho da Marinha Grande é "o segundo do país a contribuir financeiramente para as exportações".

No sábado, o espetáculo preparado por Norberto Barroca lembra a abertura da Real Fábrica de Vidros enquanto "momento histórico", diz o encenador.

"A ação de Guilherme Stephens e do seu irmão Diogo foi fundamental para o desenvolvimento da Marinha Grande, não só do ponto de vista industrial e, portanto económico, como também pela vertente cultural e social que aqui lançou e influenciou a população da Marinha Grande", afirma.

O programa comemorativo inclui fabrico de vidro ao vivo, a edição de um postal, o lançamento de um livro sobre personalidades da história dos últimos 250 anos da Marinha Grande e concertos, terminando com a recriação histórica.