Chemnitz é a Capital Europeia da Cultura de 2025, tal como a eslovena Nova Gorica e a italiana Gorizia, numa candidatura conjunta. Com um programa muito abrangente, seja em termos geográficos, pois contempla uma ampla região; seja no que toca ao conceito, “C the unseen”, que pretende dar visibilidade a pessoas, lugares e atividades que ainda não mereceram atenção turística, revelando novidades artísticas mas também a tradição local.
Eis algumas dicas para partir à descoberta deste território surpreendente que, este ano, recebe 223 projetos e mais de 1000 eventos agendados.
Chemnitz e o gigante Karl Marx
A cidade, terceira maior da Saxónia, tem o nome do rio que a banha, mas já se chamou Karl Marx Stadt, a partir de 1953, portanto, nos tempos da República Democrática Alemã (RDA). A designação foi mudada, por vontade da população, com a reunificação da Alemanha.
O seu principal símbolo é um dos maiores bustos do mundo, com mais de sete metros de altura e 40 toneladas de peso, num pedestal de quatro metros e meio, que imortaliza Karl Marx desde 1971. Não tendo qualquer relação com a cidade – a construção foi apenas uma opção dos dirigentes da RDA – é incontornável e não há quem não pare para tirar uma foto.
Vários estilos, muito para ver
Cerca de 80% do centro da cidade foi destruído durante a II Guerra Mundial, e isso explica muitos edifícios mais recentes, mas persistem aqui estilos que vão do barroco ao gótico, art nouveau e, claro, arquitetura socialista.
Há muito para ver, como a Torre Vermelha, que remonta ao século XII; o Museu da Cidade, instalado num mosteiro beneditino; a belíssima Theaterplatz, que acolhe a Ópera; o Museu da Indústria, que ocupa uma antiga fundição; e a fábrica Hartmann, última unidade de produção do “rei das locomotivas”, que contribuiu para que Chemnitz tenha sido um dos maiores centros industriais da Alemanha. Este último espaço foi agora convertido na sede da Capital da Cultura.
Festival pela Democracia
Música de vários estilos, apresentada em diversos palcos espalhados pela cidade, e intervenções artísticas fazem parte do festival Kosmos, um dos eventos a não perder de 13 a 15 de junho. Este não é um festival qualquer: participam também associações locais, a própria população promove iniciativas, há fóruns de discussão de temas como sustentabilidade, inclusão ou como será o trabalho no futuro. É um sucesso: na última edição recebeu 70.000 pessoas.
Arte liga 38 municípios
Esta Capital é mais uma Região da Cultura pois liga 38 municípios com um passado comum, o da exploração mineira, de prata, ferro ou urânio, num percurso com esculturas e outras obras criadas por mais de 70 artistas locais e internacionais. Designado Purple Path, estende-se à Saxónia Central, Erzgebirge (ou Montanhas de Minério) e à zona de Zwickau, abrangendo 400 quilómetros de estradas regionais.
Dois exemplos do que se descobre neste caminho: as esculturas de bronze Javalis Selvagens, do alemão Carl Emanuel Wolf, junto à mina-museu Ehrenfriedersdorf Zinngrube, Património UNESCO; ou a instalação de luz Color Floating, de Nevin Aladag, que paira sobre o lago no Austelpark.
Zwickau: de Schumann ao “Trabi”
A cerca de 40 quilómetros de Chemnitz, a charmosa Zwickau também integra a Capital 2025 e merece uma visita com tempo. Foi aqui que nasceu o compositor Robert Schumann, em 1810, numa casa hoje transformada em museu (também dedicado à pianista Clara Wieck, sua esposa) e com sala de concertos que acolhe espetáculos regularmente.
Outra instituição incontornável é o museu August Horch, fundador da Audi, com dezenas de automóveis desde 1911 – incluindo o Trabant, mais conhecido por Trabi, um símbolo da República Democrática Alemã que se transformou num carro de culto.
Para saber mais sobre os 223 projetos e mais de 1000 eventos agendados visite o site oficial.
Pode aproveitar a viagem para (re)descobrir as charmosas Dresden e/ou Leipzig, onde se situam os aeroportos mais próximos.
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