Quem nunca ficou perdido a fazer scroll em feeds de viajantes e a sonhar com viagens parecidas que atire a primeira pedra. No entanto, o mundo pintado nas redes sociais está bem longe da realidade e, no caso das viagens, não é diferente.
Águas super azuis e transparentes, céus com vários tons de rosa, bandos de pássaros a voar, raparigas bonitas com vestidos esvoaçantes em atrações turísticas vazias. Tudo parece perfeito quando viajamos pela maioria das contas de Instagram.
Muitos são influenciados por estas imagens e sonham em recriá-las quando tiverem oportunidade. Também vão querer a foto a andar naquele baloiço famoso ou a olhar, de forma contemplativa, para um qualquer monumento.
Não há nada de errado com isso, sempre fomos buscar inspiração a algum lado. Todavia, basta ter um pouco de sentido crítico para chegar à conclusão de que os registos de viagens começam a ficar todos os iguais. O viajante transformou-se no protagonista e a paisagem envolvente é sempre perfeita. Perfeita demais para ser verdade.
Quando, finalmente, conseguimos pescar alguma realidade neste mundo de sonho é uma lufada de ar fresco. Vemos as cores dos lugares sem filtros (afinal, o mar não era assim tão turquesa), vemos os retratos dos habitantes locais (os verdadeiros protagonistas das viagens), lemos relatos do que correu bem, mas também do que correu mal (corre sempre alguma coisa mal em viagem e isso também faz parte). Ficamos a saber o que, realmente, fascinou aquele viajante, e o que ele não gostou.
Sentimo-nos, de facto, a viajar e não apenas a sonhar com viagens que, quando concretizadas, não vão ser iguais a uma qualquer fotografia ou vídeo que vimos nas redes sociais. Vão ser melhores ou piores, mas uma coisa é certa: vão ser únicas por estarem a ser vividas na primeira pessoa. Cada um de nós é único, sendo também exclusivas as impressões que vamos guardar de um determinado sítio.
É impossível não sermos influenciados pelos estímulos que nos chegam através dos ecrãs, mas é essencial saber enxergar para além dos filtros e tentar ser original quando decidimos registar e divulgar as nossas viagens. Porque, no fim, o que se vai destacar é a forma subjetiva com que contamos as histórias e as peripécias vividas, e não aquela foto igual a tantas outras que vemos todos os dias.
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