Durante a cerimónia de abertura do Fórum Global de Economia e Turismo em Macau, o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (UNWTO), Zurab Pololikashvili, deixou o alerta de que o Turismo está a falhar no que aos objetivos de desenvolvimento sustentável diz respeito.

Responsabilidade de todos

Esta é uma responsabilidade partilhada por todos. Dos agentes decisores que teimam em adotar medidas difíceis e pouco populares para defender a comunidade residente, o património e, no final de contas, o que diferencia um destino de outro. Dos empresários do setor que continuam a pensar mais na rentabilidade dos seus negócios do que em associar-se a esta necessidade patente de reduzir o impacto do Turismo em matéria do ambiente, lembrando que um estudo recente da Universidade de Sidney aponta o turismo como sendo um dos sectores que mais contribui para as alterações climáticas, representado 8% do total de emissões de CO2. E de todos nós, enquanto turistas, que continuamos a adotar comportamentos pouco responsáveis e viajando muitas vezes sem que seja necessário e sem pensar no destino, em quem lá vive ou até mesmo nos outros turistas.

Dúvidas houvesse, António Guterres, Secretário Geral da ONU corroborou esta ideia no arranque do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável e admitiu mesmo que corremos o risco de vermos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) serem “deixados para trás numa altura em que apenas 15% das metas destes, estão no caminho certo para serem alcançados até 2030 e em que existe mesmo uma regressão em alguns dos objetivos".

Tecnologia tem de estar a bordo

Por tudo isto, está à vista que estamos a fazer “a viagem das nossas vidas”. Tal como defendemos na obra lançada este mês: “TURISMO E HOTELARIA FUTURELAND - Sustentabilidade e Tecnologias para o Futuro”, a tecnologia é claramente um passageiro obrigatório nesta viagem rumo a um Turismo para todos, como de resto defendeu o Secretário de Estado Nuno Fazenda durante o Fórum Global de Economia e Turismo quando disse “que o benefício do Turismo tem de ser para todos”.

É fácil de perceber o porquê de defendermos que a Tecnologia tem de estar a bordo. Porque nos permite olhar pelo ambiente quando, por exemplo, pensamos no Turismo Virtual que nos permite viajar até à outra parte do mundo sem sair de casa e por isso sem o impacto ambiental associado. Ou, por exemplo, porque nos permite garantir o acesso ao Turismo a mais pessoas, quando permite que alguém com mobilidade reduzida embarque numa viagem só acessível no mundo virtual sem que provoque “mass tourism” e o descontentamento da tão importante comunidade residente. Ou ainda quando pensamos num Turismo melhor para todos, mais educativo, interativo e impactante e onde através dum simples smartphone podemos ter acesso a informações ou a recursos que não só tornam a experiência mais positiva como a melhoram e a tornam mais interessante para a desafiante geração de jovens da atualidade.

Cada viagem que fazemos, pode ser a viagem das nossas vidas

Que ninguém duvide: em Turismo mas não só, até porque o Turismo é transversal a tantas outras áreas, estamos todos a fazer a viagem das nossas vidas. Uma viagem que terá impacto nas viagens dos nossos filhos, netos e de todas as gerações vindouras. O esforço tem por isso de ser de todos. Cabe-nos a nós, cientes da importância desta viagem, subir a bordo, apertar o cinto e embarcar com a responsabilidade de sabermos que cada viagem que fazemos, pode ser a viagem das nossas vidas.

*Para a construção deste artigo de opinião, Tiago Rodrigues contou com a colaboração de Luiz Moutinho, Nuno Abranja e Alfonso Vargas-Sánchez, também autores do livro “Turismo e Hotelaria Futureland”