Fica na Rua da Restauração que é, por si só, uma varanda sobre o Douro, sendo, portanto, quase impossível não querer espreitar este novo espaço nestes dias de verão na cidade em que cresce o desejo de estar ao ar livre à volta da mesa.

Uma casa azul-celeste, uma piscina de bolinhas e uma esplanada sobre o rio, com vista para Porto e Gaia, desenrolam-se à nossa frente enquanto vamos explorando, pela primeira vez, este novo espaço. Chama-se Basquiat e quer afirmar-se como “rebelde e irreverente”, sem esquecer a “ligação com a cidade do Porto”.

Marco Gonçalves, um dos sócios do projeto, explica-nos a proposta do Basquiat enquanto destaca a carta do restaurante. Uma mistura entre gastronomia portuguesa e mediterrânea com um apelo visual forte pois também a culinária pode ser uma forma de arte.

Basquiat
Basquiat Uma obra de Julian Opie no exterior do Basquiat créditos: Alice Barcellos

Por falar em arte, é uma escultura de Julian Opie que rouba a cena no espaço exterior do Basquiat. Faz parte da coleção de outro dos sócios do projeto, José Miguel Pereira, o responsável por trazer esta componente artística não só ao restaurante, mas também ao Maison Bleue, o boutique hotel que ocupa o edifício azul-celeste de finais do século XIX.

Referência na arte contemporânea, o artista nova-iorquino Jean-Michel Basquiat influenciou não só a escolha do nome, mas também a atitude irreverente do restaurante. “Queremos ser disruptivos e ter a nossa própria identidade”, afirma o terceiro sócio do projeto, Jorge Oliveira.

Quer seja através de cocktails de assinatura ou de pratos coloridos, essa vontade de marcar pela diferença pode ser vista na oferta do restaurante.

Arte aberta à cidade

Outro dos objetivos passa por “garantir um acesso à arte de forma descontraída”, refere Marco. Essa vontade de ter um espaço para reunir a coleção de arte contemporânea de José Miguel Pereira foi a génese do projeto que começou com a abertura, no ano passado, da Maison Bleue.

O que no início foi pensado para ser uma galeria de arte passou a um projeto de alojamento. “Compramos a casa em 2015 com a intenção de expor a coleção, mas criámos um conceito de boutique hotel com espaço de arte contemporânea que é visitável pelos clientes e pelas pessoas de fora”, explica José Miguel. “Depois, criamos este espaço cá em baixo, o Basquiat, para restauração e eventos”, completa.

Maison Bleue
Maison Bleue Maison Bleue créditos: Divulgação

Em breve, a Maison Bleue vai ter uma sala de exposição fixa e duas salas rotativas que, a cada nove meses, mudam as obras expostas.

Com cerca de 30% de artistas portugueses, a coleção conta com nomes como Anselm Kiefer, Gunther Forg, Mickalene Thomas, Rui Chaves, Pedro Cabrita Reis, Helena Almeida, José Pedro Croft, Jonathan Meese, Francisco Tropa, Julian Opie e André Butzer.

Também faz parte dos planos futuros ter uma sala que dê visibilidade ao trabalho de novos artistas através de uma colaboração com a Faculdade de Belas Artes do Porto.

Paralelamente, o hotel boutique de luxo conta com 11 quartos, alguns com vista para o rio e todos com um toque de sofisticação – os amenities são da Bulgari.

Maison Bleue
Maison Bleue Maison Bleue créditos: Divulgação
Maison Bleue
Maison Bleue Maison Bleue créditos: Divulgação

Além da presença de muitas obras de arte, cada quarto conta com duas obras originais, e de um trabalho exemplar de restauro do edifício de 1890, a decoração dos espaços interiores foi da responsabilidade de Paula Brito.

Ainda sobre o edifício, José Miguel tem informações de que pode ter sido construído como casa de férias de Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida como Ferreirinha, famosa empresária de vinhos de Peso da Régua. Se a informação ainda está por confirmar, podemos já imaginar que aquela vista sobre o rio por onde passam os rabelos – hoje com turistas, mas antes com barricas de vinho do Porto – deve ter encantado Ferreirinha, tal como continua a encantar quem por aqui passa.