Viana do Castelo distingue-se pelo seu centro histórico, monumentos, museus e igrejas, mas principalmente por ser a cidade portuguesa mais virada para o mar, com uma actividade económica, uma história e uma cultura popular intimamente ligada ao Oceano Atlântico. A localização da Casa Manuel Espregueira e Oliveira é estratégica, e a partir dali sabíamos que poderíamos aceder a pé aos principais pontos de interesse da cidade. Mas, para além disso, sabíamos que iríamos ficar alojados numa casa especial, uma casa com uma história que queríamos conhecer em primeira mão e que merecia ser contada.
À primeira vista, a Casa Manuel Espregueira e Oliveira recebe-nos com uma bela fachada, numa rua pedonal e movimentada, onde outras casas de semblante clássico nos atraem também o olhar. Mas rapidamente nos apercebemos que a casa tinha uma profundidade, literal e histórica, que a fachada não deixava adivinhar. O João e a Alda, proprietários da casa, e o Tiago, um colaborador neste projecto, receberam-nos com uma simpatia e hospitalidade difíceis de igualar, e rapidamente nos puseram à vontade. Fizeram-nos uma breve visita guiada aos diferentes espaços da casa, e pela primeira vez começámos a ter um vislumbre da história riquíssima por trás deste edifício. Tudo na casa nos atrai o olhar e é difícil escolher para onde dirigir a nossa atenção: os azulejos, o soalho, a mobília, as paredes onde abundam as obras de arte, ou os fabulosos tectos ornamentados. Mas aquilo que nos fascina hoje, tem a sua raiz no passado da casa e dos seus proprietários, sendo que estes desempenharam um papel fulcral na comunidade, na cidade e na região, perfilhando valores de partilha, de participação cívica e de responsabilidade social e cultural.
O proprietário original, Luiz Augusto de Oliveira (1851-1927), médico e militar de carreira, era também um amante da arte, da cerâmica e do coleccionismo. Ao longo da sua vida, e particularmente após o seu regresso a Viana do Castelo, depois de ter sido para ali destacado e ali ter casado, desempenhou um papel fundamental na história e cultura da cidade, tendo sido o 1º Diretor do “Museu Regional de Viana do Castelo”, e reunindo a título pessoal um espólio considerável. O seu filho, Manuel Espregueira e Oliveira (1888-1953), vereador da Câmara Municipal de Viana do Castelo e Deputado na Assembleia da República, doou à cidade, em testamento de 1949, o valioso espólio de seu pai, incluindo arte cerâmica, mobiliário, desenhos e outros objectos de arte do século XVI. A casa que nos recebeu foi a residência da família desde 1900, e está agora nas mãos de pessoas que, embora não fazendo parte da família, se apaixonaram pela história deste edifício e nele investiram com vista à sua restauração e recuperação do seu glamour passado. E o resultado está à vista de todos aqueles que escolherem passar ali uns dias.
O nosso quarto, “Orquídeas”, era no último andar, numa espécie de águas-furtadas, muito confortável e acolhedor, e onde o mobiliário contemporâneo foi escolhido de forma a combinar com um telhado de madeira magnificamente restaurado, com vigas originais do século XIX. A vista das janelas era fenomenal, abarcando o casario da zona ribeirinha da cidade e a foz do Rio Lima, estendendo-se no horizonte até ao mar. Nos outros quartos, que a Alda nos mostrou, sobressaíam o soalho de madeira e o tecto de gesso, originais do século XIX.
Ao mesmo tempo que a casa nos impressionou visualmente pela sua riqueza decorativa e beleza arquitectónica, o seu lado familiar e acolhedor também nos cativou, permitindo-nos sentir verdadeiramente em casa. Apesar de, como é nosso hábito, termos passado muito mais tempo fora do que a desfrutar da casa, pudemos usufruir das áreas comuns da habitação, entre as quais a sala de chá e a sala de jantar, e só não usamos a cozinha, que pode ser utilizada pelos hóspedes, porque não tivemos tempo! No piso térreo, a casa dispõe ainda de um salão disponível para a realização de eventos, e quando lá estivemos, estava patente uma exposição de pintura.
Os nossos dias atarefados começavam sempre da melhor forma, apreciando um belo pequeno-almoço, com uma magnífica vista para o jardim. A fruta da época, um sumo natural de laranja, doces tradicionais, bolos e compotas caseiras, presunto, queijo e enchidos regionais, sem não esquecer um apetitoso pão, compunham uma deliciosa refeição, ideal para ganhar energias para o resto do dia.
Durante a nossa estadia em Viana do Castelo, subimos à Serra de Santa Luzia no histórico funicular, e desfrutamos da magnífica paisagem no Zimbório do Templo de Santa Luzia. Visitámos o Museu do Traje e do Ouro, onde conhecemos melhor o artesanato vianense, assim como o Museu de Artes Decorativas (renovado em 2014, localizado a 160 metros da Casa Manuel Espregueira e Oliveira), onde pudemos apreciar o espólio original da casa onde ficámos hospedados, nomeadamente mobiliário, faianças, e obras de arte, doado à cidade pelos seus primeiros proprietários, e que constitui cerca de 80% do acervo total do museu. Ficámos a conhecer o novo Geoparque Litoral de Viana do Castelo, percorrendo um belo troço da costa a norte da cidade. Visitámos o Navio Hospital Gil Eannes, ficando a perceber melhor a importância dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo na história da cidade e do país. Desfrutámos do sol e da praia, e experimentamos a extraordinária gastronomia vianense, baseada no peixe e marisco.
Mas ao final do dia, era sempre um enorme prazer voltar para o conforto e ambiente acolhedor da “nossa” Casa Manuel Espregueira e Oliveira, e acabar o dia a conversar com os seus proprietários. Foram eles que fizeram com que a nossa estadia em Viana do Castelo tivesse sido uma experiência ainda mais gratificante e a qual contamos repetir no futuro. Porque Viana do Castelo merece.
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