O Aqua Village Health Resort & Spa abriu em 2016, mas tudo começou em 2008. “A ideia era um bocado maluca”, conta Francisco Cruz, o proprietário e diretor do hotel, e filho de outro Francisco Cruz. Este é um projeto de pai e filho, homónimos, e que se baseia na proximidade com a região, afinal são ambos de Oliveira do Hospital, e com o conhecimento e experiência dos melhores hotéis internacionais.
Acima de tudo, juntaram o lado mais local ao lado mais internacional, e com muita vontade e talento, criaram uma “aldeia dentro da aldeia”. “Queríamos edifícios autónomos dentro do terreno para ficar enquadrado na paisagem, era importante que não tivesse um impacto visual grande”. Depois, o enorme potencial termal era já conhecido. “O meu pai dava mergulhos no inverno com os amigos na nascente”, conta Francisco.
Terreno comprado, os planos e os sonhos fizeram-se A1 acima depois dos negócios assinados em Lisboa e pai e filho meteram mãos à obra. Quase literalmente. Entre muitos avanços e recuos, o Aqua Village abriu em setembro de 2016. Em outubro de 2017, os incêndios de Oliveira do Hospital destruíram a paisagem envolvente, do hotel e do concelho – 97% da floresta do concelho foi devastada. Seguiram-se tempos de recuperação e reflorestação. Plantaram 2600 medronheiros na encosta e quem hoje desfruta da paisagem do Aqua Village, totalmente verdejante, só consegue sentir o fresco e a paz da natureza.
Em cima do rio Alva há camas de rede, uma ideia que importaram das Maldivas. Há vários cantos e recantos para descansar, sofás, cadeiras, bancos, relvas, redes de pano. E para os que preferem mais atividades: há caiaques, stand-up paddle, bicicletas. Tudo ao dispor dos clientes com a calma que o local proporciona.
“Não queremos ser um hotel de massas, queremos ser um hotel de muita exclusividade”, conta Francisco. Mesmo assim, brinca, porque a capacidade do hotel é maior do que os habitantes da aldeia.
O Aqua Village tem no total oito edifícios espalhados por quatro hectares. Além da suite presidencial, com três pisos, 220 metros quadrados, jacúzi, hidromassagem e mais uns quantos serviços, há vinte apartamentos T1 e dez T2. Todos têm varanda, área de refeições, cozinha e vista para o rio Alva. Os apartamentos premium têm banheira de hidromassagem na varanda.
O prazer da água termal, o SPA e as propriedades terapêuticas
O hotel conta com três piscinas: duas de água quente, muito quente – as mais quentes do país. Uma delas a 34º e hidrodinâmica, e a outra a 36º, coberta mas de ambiente exterior. Depois, há outra piscina completamente ao ar livre. Isto permite também criar vários espaços, “nichos autónomos”, explica o diretor, para assegurar a exclusividade dos espaços.
Depois, nada mais exclusivo, e talvez uma das imagens de marca do Aqua Village, a estrutura a fazer lembrar uma gota de água, no choupal à beira-rio, para uma massagem, à base de cremes e óleo à base do mel da região.
Além das piscinas, há sauna, banho turco, duche de contraste e ginásio. Tudo faz parte do Spa Sensations, que funciona para clientes também externos ao hotel. Este spa aproveita as melhores propriedades das águas termais para disponibilizar massagens e tratamentos de rosto e corpo. Exemplo disto, é o Duche Vichy: a pessoa deitada recebe jatos de água termal da cabeça aos pés enquanto lhe é feita uma massagem que pode ser de duas ou quatro mãos com manteiga de carité. São 15 minutos apenas, “mas vale muito a pena”, conta Nuno Ferrão terapeuta.
Nesta zona do país, esta água tem propriedades terapêuticas mais específicas para a pele e os ossos. “O spa está mais direcionado para o lazer e relaxamento, e só isso já ajuda o bem-estar muscular e articular”, explica Nuno.
Com água termal, há ainda o Duche Escocês e Hydromel, mas há muitos mais tratamentos, massagens localizadas e muita variedade. Em salas decoradas com as pedras do rio, há estrela nautilus, massagens de casal e mais recentemente entraram para a lista massagens com os pais e crianças e para as futuras mães. Pode consultar aqui todo o menu.
Há tratamentos de 180€, como a massagem para casal, 50€, como é o caso do Duche Vichy, ou 25€, como o Duche Escocês. Além disso, qualquer pessoa pode também usufruir do circuito spa, com acesso às piscinas aquecidas, sauna, banho turco, ginásio e duche de contraste dos 15 aos 45 euros (dependendo da duração e da época do ano).
Restaurante Roots: os sabores locais e as memórias da infância servidas com elegância
O Restaurante Roots, uma já referência na região, apresentou a carta de verão mas manteve o conceito: a cozinha de autor e os produtos locais. A chef Andreia Nunes, de 27 anos, é a responsável pela cozinha. “Santos à porta não fazem milagres, costumava dizer, mas enganei-me”, começa por contar Andreia, natural de Oliveira do Hospital, que estudou cozinha, e trabalhou no DOC, na Régua, e no DOP, no Porto, com o chef Rui Paula, e que não esperava que fosse encontrar um lugar onde pudesse expressar a sua paixão na sua terra natal.
À frente do restaurante do hotel de cinco estrelas, explica que o que é “essencial é puxar o que é nosso, o mais tradicional: queijos, enchidos, cabrito e os sabores da terra” e a isso junta-lhe muita elegância. “É uma cozinha tradicional um bocadinho mais elaborada”, pois às técnicas de cozinha junta-lhes ainda a infância na região. “O cabrito com arroz de miúdos faz-me lembrar a Páscoa em casa dos meus avós, depois altero algumas coisas. A caldeirada é a que a minha mãe costuma fazer, com o sabor da batata e do pimento…”. “Tem uma variedade de peixes interessantes, o camarão tigre em cima, o caldo de coentros e marisco absolutamente divinal”, complementa Francisco, o filho.
“E o folhadinho de queixo e mel?”, lembra Francisco, o pai. Nada há mais português do que estar à mesa a falar de comida. Magré de pato, ovos a baixa temperatura, polvo algarvio, migas serranas foram alguns dos pratos que passaram pela mesa de jantar. Cogumelos à Bulhão Pato, Bacalhau à Braz, Beringela recheada com lentilhas marcaram os sabores ao almoço. Os doces acompanham a qualidade de sabores dos pratos principais, e um especial destaque para o crème brûlée de citrinos.
Tal como os pratos principais, com exemplos da gastronomia de norte a sul mas com destaque para a zona Centro, a carta de vinhos também dá especial realce aos vinhos do Dão, e salientamos a Quinta Vale do Cesto, por exemplo.
Andreia Nunes relembra que trabalhar na região tem vantagens incomparáveis com os melhores restaurantes dos centros das cidades. Afinal, além do contacto mais direto com os produtores, consegue uma relação mais próxima com os clientes. Saber o que querem, o que gostam, responder a desafios ou apetites.
Tudo isto torna o serviço muito mais exclusivo, e Andreia comenta que um cliente a sair a sorrir é para ela uma satisfação enorme. O preço médio para jantar (sem vinho) ronda os 45€ por pessoa e para almoçar (também sem vinho), os 25€. O restaurante Roots está também aberto ao público, mas se não estiver hospedado no hotel, é aconselhável fazer reserva.
O melhor de Caldas de São Paulo premiado internacionalmente
Aos 27 anos, Andreia é uma das mais velhas da equipa de cozinha, e em geral a equipa do hotel é bastante jovem. Para os responsáveis é importante manter todas as pessoas a trabalhar durante o ano todo, sem recorrer a outsourcing – nem no spa, nem na limpeza, por exemplo –, pois só assim acreditam que podem garantir a consistência e os stantards em todos os serviços.
Francisco Cruz, o pai, é professor de Educação Visual e Educação Tecnológica, há 40 anos. Em 2004 decidiu abrir a Quinta do Forninho, um turismo rural relativamente perto do Aqua Village. Foi estudar gestão e sustentabilidade do turismo. Francisco, o filho, tinha 14 anos quando o pai se meteu nesta aventura. Estudou Engenharia Civil e depois meteu-se na Gestão Turística Hoteleira. Foram adquirindo conhecimento ao longo do tempo e levando a aldeia de Caldas de São Paulo para o topo dos melhores hotéis do mundo. “Já levamos 18 anos disto”, contam os vencedores de vários galardões internacionais e em várias categorias, entre prémios para o spa e para o restaurante, em 2019 revalidaram o prémio de melhor hotel de águas termais do mundo dos Haute Grandeur Global Excellence Awards, na Malásia.
Os clientes dão maioritariamente portugueses e procuram estar preto da natureza. Como o hotel tem todos estes serviços e características, muitos pousam o carro à chegada e só pegam nele no check-out. Relaxar, abrandar e apreciar parecem ser as palavras-chave deste bocadinho de luxo à beira-rio. Neste hotel não há época alta ou baixa, ou melhor, não mudam conforme as estações, afinal os atrativos deste espaço não são sazonais e as piscinas de água quente termal um chamativo durante todo o ano. Assim, os preços médios costumam alterar dependendo dos dias: por noite durante a semana fica à volta dos 160€ e ao fim de semana dos 300€, em ambos os casos está incluído o pequeno-almoço (maravihoso!) e acesso ao circuito spa.
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