Quem vive em Miami já está habituado a ver esta casa flutuante que costuma ficar atracada perto do porto, embora também tenha aparecido em outras águas da Baía de Biscayne. Custa 4,5 milhões de euros e ajusta-se à subida do nível do mar.
"Parece uma casa, mas tecnicamente é um barco", explica à AFP Nicolas Derouin, co-fundador e diretor-gerente da Arkup, empresa baseada em Miami responsável pela criação desta casa flutuante com um terraço retrátil sobre o mar.
"Quisemos primeiro dar resposta à subida do nível do mar e às mudanças climáticas, tal como mostrar novas formas de viver na água de forma sustentável", acrescentou.
Coberta por um teto de painéis solares, a casa mantém-se estável graças a quatro pilares hidráulicos, fixos no leito submarino. Mas, quando navega, fá-lo a uma velocidade máxima de 5 nós (9,2 km/h).
Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, ao longo da costa da Flórida, "a superfície terrestre está a afundar" e, se continuar o processo de aquecimento global, "é possível que o nível do mar suba de 30 a 120 cm no próximo século".
O presidente Joe Biden prometeu que os Estados Unidos vão liderar a batalha para enfrentar a "ameaça existencial" da crise climática, enquanto o antecessor, Donald Trump, foi um cético nesta questão.
"A mudança de administração agora nos Estados Unidos é, para nós, um sinal positivo", avaliou Derouin.
Biliões para enfrentar a subida do nível do mar
Na passada sexta-feira, dia 26 de fevereiro, as autoridades de Miami anunciaram que vão investir biliões de dólares para adaptar Miami-Dade à subida do nível do mar, uma realidade que afeta a vida quotidiana dos seus moradores, já habituados a conviver com inundações constantes.
A mayor deste condado do sul da Flórida, Daniella Levine-Cava, anunciou que vai proteger as comunidades mais afetadas pela subida do nível do mar, que avança sobre as praias e deixa os moradores particularmente vulneráveis a inundações durante a temporada de furacões.
"Devemos continuar a concentrar-nos no restauro, preservação e proteção deste espaço sagrado", disse durante uma conferência de imprensa. "E investiremos biliões de dólares em infraestrutura".
Para começar, serão analisadas as regiões onde são urgentes as "ações de adaptação", como levantamento de ruas, impermeabilização de fossas sépticas e sistemas de esgoto, explicou a mayor democrata.
Esta preocupação, que em outros locais pode parecer distante, é muito real na Flórida.
A planície, áreas alagadas e as características do solo da Flórida - uma pedra porosa que se comporta como uma esponja - transformam este estado do sudeste dos Estados Unidos em uma das regiões mais afetadas pela subida do nível do mar.
O problema é tão visível que, quando se intensifica a temporada de chuvas de verão, é frequente ver os moradores de Miami a praticar caiaque em avenidas inundadas e carros com água na altura da janela.
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