Imagine um hotel construído em bambu, de forma sustentável, com bungalows à beira de um mar cristalino, rodeado por uma floresta de coqueiros, numa ilha das Maldivas onde ainda é possível experienciar a cultura do país de forma autêntica. Não imagine mais, este lugar existe, chama-se Ecoboo e surgiu da ideia de um português.

Já dizia o poeta “o homem sonha, a obra nasce” e, neste caso, o projeto surgiu do sonho e da paixão de António Marques. Visitou as Maldivas, pela primeira vez, em 1996 e, desde então, apaixonou-se pelo país. “Durante 25 anos consecutivos, passei férias com a minha família e amigos de forma simples e económica, normalmente a bordo de barcos safari. Isso permitiu-me conhecer bem o arquipélago e a sua cultura”, conta ao SAPO Viagens, o engenheiro agrónomo reformado.

Foi, precisamente, quando se reformou que decidiu começar a criar projetos nas Maldivas. Primeiro, através de um barco safari, em 2018, depois, com a criação de uma pequena guesthouse de 12 quartos na ilha de Thinadhoo. “Com a pandemia, surgiu a oportunidade de adquirir terrenos e infraestruturas contíguas e passámos a hotel com 26 quartos”, refere.

Desde então, o projeto foi crescendo e hoje é um boutique hotel com 43 quartos, spa e centro de mergulho. “Tudo foi construído por nós, com uma equipa própria e sempre com um conceito de sustentabilidade que nos orgulha”, afirma o empresário.

Ecoboo: um hotel sustentável com alma portuguesa nas Maldivas
Ecoboo: um hotel sustentável com alma portuguesa nas Maldivas Detalhes do Ecoboo créditos: Divulgação

Um pedaço de paraíso chamado Thinadhoo

“Thinadhoo é uma das ilhas habitadas mais autênticas e preservadas das Maldivas, situada no atol de Vaavu, a sul de Malé, capital do país”, indica António Marques.

Num país onde o turismo é o principal motor e os resorts dominam, no Ecoboo “os hóspedes podem viver a cultura maldiva de forma genuína, longe dos grandes resorts”.

Ecoboo: um hotel sustentável com alma portuguesa nas Maldivas
Ecoboo: um hotel sustentável com alma portuguesa nas Maldivas Ilha de Thinadhoo créditos: Divulgação

“É uma ilha muito calma e mais de 50 por cento do seu território permanece coberto pela vegetação original, predominantemente coqueiros. Não existem veículos motorizados, e apenas 40 habitantes locais vivem na ilha, sendo os restantes estrangeiros que trabalham no setor do turismo”, descreve António Marques.

Para lá chegar, os hóspedes podem apanhar, a partir do aeroporto de Malé, uma lancha rápida até à ilha, através de uma viagem de uma hora e meia, onde “já se pode desfrutar da beleza do oceano e começar a experiência Ecoboo”, ou, em alternativa, o hidroavião, através de um voo de 20 minutos.

Thinadhoo
Thinadhoo O Ecoboo fica na ilha de Thinadhoo créditos: Divulgação

Sustentabilidade no centro

O processo de construção do Ecoboo, fundado em 2022, foi “progressivo e muito ligado ao contexto local”. “Construímos tudo com uma equipa própria, sempre com o objetivo de integrar o hotel na natureza da ilha e minimizar o impacto ambiental”, salienta António.

“Apostámos em energias renováveis, em soluções para reduzir resíduos e em materiais naturais. A sustentabilidade esteve no centro de cada decisão”. A começar pela escolha de um dos principais materiais de construção: o bambu.

Segundo António, o bambu é “uma planta de crescimento rápido, que pode ser colhida em três a cinco anos. Em condições ideais, cresce até 60 centímetros em 24 horas, não precisa de pesticidas nem fertilizantes, regenera-se naturalmente e não necessita de replantação. O bambu produz 30 por cento mais oxigénio e sequestra duas vezes mais dióxido de carbono do que a maioria das árvores, com uma pegada neutra de carbono — para nós, fazia todo o sentido construir com um material com estas características”.

Ecoboo
Ecoboo Detalhes do Ecoboo créditos: Divulgação

Além disso, as práticas sustentáveis fazem parte do dia a dia do hotel. “Somos autossuficientes na geração de energia através de sistemas solares, produzimos a nossa própria água com dessalinização e filtragem, tratamos águas residuais e reutilizamos a água tratada, compostamos resíduos orgânicos, limitamos ao máximo o uso de plástico e implementamos sistemas de poupança energética”, explica o fundador do Ecoboo.

O trabalho tem sido reconhecido e, em 2024, o hotel recebeu o Lowa Award como “Melhor Hotel Boutique com Práticas Sustentáveis nas Maldivas, Sri Lanka e Índia”.

O que esperar durante a estadia?

“Criámos um ambiente que promove o descanso, o contacto com a natureza e a imersão cultural”, responde António, destacando o Pack Experience, um serviço disponibilizado pelo hotel, inspirado nas suas viagens em safari boats. Aí, o viajante poderá fazer “natação com tubarões-nodriza, observação de golfinhos, visitas a bancos de areia, entre outras atividades”, a bordo do Safira, o barco safari do hotel.

O Ecoboo disponibiliza também centro de mergulho, yoga, spa e três restaurantes com menus variados, além de uma loja com produtos tradicionais.

Os 43 quartos estão divididos em várias categorias — desde quartos confortáveis e acessíveis até suites com vista mar. “É um hotel ecológico, com design minimalista e foco na natureza e no bem-estar”. Casamentos e retiros também podem ser organizados no Ecoboo.

“Os preços variam consoante a época, o regime de refeições e o tipo de quarto. Em geral, as tarifas começam a partir de 111 dólares por noite, em quarto duplo com pequeno-almoço incluído. Oferecemos promoções em épocas específicas e para estadias prolongadas, assim como tarifas especiais para clientes repetentes”, explica António Marques.

Apesar de terem um perfil de hóspede “bem diverso”, o hotel tem recebido “cada vez mais hóspedes portugueses” e também muitos turistas italianos. Acima de tudo, “são pessoas que procuram um turismo mais consciente, ligado à natureza e com impacto positivo, desejando um misto de descanso e atividades variadas — algo nem sempre disponível em resorts e a um custo mais competitivo”, indica o empresário, deixando também algumas dicas para quem viajar até às Maldivas: reservar com antecedência, escolher hotéis em ilhas locais para uma experiência mais autêntica e planear os transfers internos.

"Visitar as Maldivas é mais do que uma viagem, é um reencontro com a natureza, com o mar, com o tempo — e, muitas vezes, connosco próprios. No Ecoboo, procuramos oferecer exatamente isso: um espaço onde cada detalhe foi pensado para respeitar o lugar e proporcionar aos nossos hóspedes momentos autênticos e inesquecíveis", conclui António Marques.