Agra e o Rio Ave
Agra foi pioneira na classificação como Aldeia de Portugal em Vieira do Minho. Tipicamente serrana e minhota, está localizada na freguesia de Rossas, em plena Serra da Cabreira, e é fronteiriça com o concelho de Cabeceiras de Basto.
A identidade granítica está expressa nas habitações, antigas ou recuperadas. O Rio Ave percorre esta aldeia em grande extensão e brinda-nos com uma zona de lazer, decorada com uma ponte românica, enquadrada na envolvente natural, mas servida pela estrada principal e de fácil acesso.
Esta linha de água foi criando ao longo do tempo locais de grande beleza e indicados para atividades veraneantes, como o Poço Negro, que integra, tal como uma pequena parte da Aldeia, um dos mais belos e desafiantes percursos pedestres do concelho, o PR 6 – Moinhos do Ave.
No centro da aldeia, ainda são visíveis alguns elementos que remetem para a antiguidade, como o cruzeiro de Agra, o relógio de sol, a igreja e vários tanques e bebedouros de água que serviam tanto as populações como os seus animais.
Existe ainda a possibilidade de conhecer Agra através de passeios a cavalo, com várias opções e níveis de dificuldade.
Campos e o ciclo do pão
Campos faz fronteira com a aldeia de Lamalonga, que por sua vez limita com o Concelho de Montalegre. Percebe-se o valor desta aldeia por dar o nome à freguesia onde se insere. À semelhança da aldeia de Agra, também está classificada como Aldeia de Portugal e igualmente dentro dos limites da Serra da Cabreira.
Neste local, é patente a herança das atividades rurais que ainda se realizam. A envolvente serrana é rasgada por campos e leiras lavradas ou com pasto para os animais. No centro da aldeia, as habitações foram todas erguidas utilizando o granito da região. Também em granito surgem imponentes espigueiros, estruturas que servem de armazenamento do milho.
Nesta localidade subsiste ainda uma construção que terá tido a maior importância no passado, o forno comunitário que, tal como o nome indica, servia a comunidade. Seria um local de convivência, partilha e trabalho, e servia essencialmente para cozer o pão usando lenha.
O pão era confecionado com a farinha resultante do processo de moagem dos grãos de milho previamente armazenados. Para este processo era usado um moinho de água também ele comunitário, localizado num dos pontos mais inferiores da aldeia, junto ao rio da Lage, que há relativamente pouco tempo sofreu ações de renovação, que culminaram com a implementação de uma das mais belas praias fluviais da região, a Praia fluvial de Campos.
É realizado de forma anual um evento que explora todas as fases do ciclo do pão, da mesma forma que se faria antigamente, desde a colheita das espigas à cozedura do pão.
De referir que Campos engloba um percurso pedestre, um dos mais extensos do concelho, o PR 2 – Campos.
Espindo e o mítico Buraco da Gola
Aldeia serrana junto à freguesia de Ruivães, alcançável pela Estrada Nacional 103 ou pela Estrada Municipal que liga Serradela a Zebral, considerada uma das mais bonitas de Portugal. Este local é conhecido pelos caminhos especialmente estreitos por entre as casas, algumas delas com passadiços sobre o caminho.
À entrada da aldeia somos brindados pela magnífica igreja que dá trono à padroeira de Espindo, Santa Isabel. Para além das casas típicas, das imensas casas de alojamento turístico, do forno comunitário recentemente restaurado e do Centro Interpretativo do Lobo, existe um local que traz à tona a mística e o lendário, o Buraco da Gola. Trata-se de um poço construído ao longo do tempo pela força das águas, que se diz ser tão profundo que os mais velhos acreditam não ter fundo.
O local onde se encontra o Buraco da Gola contém tudo o que de mais belo pode haver a nível natural, e também do que mais belo pode ser construído pelo homem, pois ao longo da linha de água é possível encontrar-se vários moinhos, já há muito desativados, mas que ao longo do tempo se foram misturando com o meio envolvente. Em Espindo estão em evidência muitas atividades agrícolas e rurais, pelo que é frequente o encontro com rebanhos de todo o tipo de gado.
Lamalonga e o Carvalhal do Esporão
Lamalonga é a localidade limítrofe com o concelho de Montalegre. É evidente a herança granítica na construção das casas e dos caminhos e ruas, na existência de estruturas como os espigueiros, tanques, bebedouros e fontes e, talvez aquele que terá maior valor, o forno comunitário. Este forno, em granito, tem o nome da aldeia cravado no mesmo tipo de rocha, em grandes dimensões, de modo a ser bem visível da estrada adjacente.
Para além destes pontos de interesse, Lamalonga tem uma pequena área de lazer com enormes carvalhos e outras árvores de grande porte que, em conjunto com mesas em pedra e uma área de jogos polidesportiva, formam o Carvalhal do Esporão.
Lamedo e os Moinhos do Ave
Pertencente à freguesia de Rossas, Lamedo é uma pequena aldeia serrana com muitos anos de história. Esta é uma aldeia com uma área urbana pequena, mas com muito valor pitoresco.
Nos últimos anos tem crescido na vertente de alojamento turístico a olhos vistos, uma das evidências são os acessos melhorados de ano para ano e o interesse cada vez maior em recuperar casas antigas e transformá-las em negócios turísticos.
Apesar de se encontrar um pouco afastada de serviços e lojas ou mercearias, este recanto regado pelo Ave tem despertado muito interesse ao visitante. É aqui que começa aquele que é considerado por muitos, o percurso pedestre mais bonito do Minho, o PR 6 – Moinhos do Ave. Logo no início do percurso existe uma ponte datada da era medieval, de configuração arcada e feita em blocos de granito. À medida que se segue para montante, nas margens do rio surgem dezenas de moinhos, feitos em granito, de acesso apenas pedonal, que torna o local ainda mais mágico.
A Cascata da Candosa é talvez o ponto mais importante desta aldeia. Trata-se de um curso de água que forma uma pequena lagoa por entre os enormes penedos que configuram a área. É especialmente usada por praticantes de caminhadas e veraneantes corajosos. Junto à aldeia, num caminho em terra, surgem dois sobreiros centenários, dignos de registo e memória.
Para além da vertente natural desta aldeia, existe também um monumento religioso, em plena envolvente florestal e serrana, denominada de alminhas, que brinda um local completamente recôndito à vista desarmada, com um cenário deslumbrante sobre os montes envoltos e sobre o vale rasgado pelo Rio Ave.
Louredo e a transumância do gado
Louredo é facilmente alcançável pela Estrada Nacional 103. Esta aldeia, plantada no sopé da Serra da Cabreira, situa-se num terreno de encosta virada para o Rio Cávado, em confluência com a albufeira da Caniçada e de frente para a Serra do Gerês.
A imagem da aldeia é dominada pelo granito, visível nas casas, caminhos e espigueiros. Algo curioso acontece com as portas e janelas de madeira, pois são predominantemente de cor “vermelho sangue de boi” que abrilhanta o enquadramento algo austero e rural das habitações. Ao longo dos últimos anos, a aldeia de Louredo foi, por um lado, perdendo população residente, e por outro ganhando, a um ritmo exponencial, alojamentos destinados a turismo rural, de salientar o aldeamento turístico de Louredo.
Esta localidade é também conhecida por um evento muito peculiar e único na região. Sabe-se que na implementação da Albufeira da Caniçada, a subida do nível da água impede ou torna muito difícil a passagem do gado para zonas de pastagem. A solução encontrada resume-se à cedência de uma plataforma flutuante, dotada de um pequeno motor, que permite a travessia entre as duas margens da albufeira. Esta mesma plataforma tem a capacidade para dezenas de cabeças de gado e anualmente é feita esta travessia, em forma de evento, muito acarinhado pela comunidade.
Zebral e a Cascata do Caldeirão
É no coração da Serra da Cabreira, entre as aldeias de Espindo e Campos, que se ergue a aldeia típica de Zebral.
Esta povoação diferencia-se de todas as outras não só pela antiguidade das construções humanas, mas também pela zona de encosta acentuada onde se insere. Seria de se esperar que as populações se fixassem junto a linhas de água e em terrenos pouco acidentados, porém, o que acontece em Zebral é exatamente o oposto.
Das características que dão mais valor a este lugar, é de salientar as leiras lavradas e de pasto ao longo da vertente, a imensa mancha florestal de carvalhos, de valor inestimável, que vão pintando as margens dos rios, os socalcos, as bermas das estradas e dos caminhos rurais que lá existem, e ainda a Cascata do Caldeirão.
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