“Não cedas, ainda que o frio na espinha te queime, ainda que o medo te morda…”
As frases usadas num vídeo promocional da Via Ferrata da Ecovia do Rabaçal, em Valpaços ganham sentido quando te atreves a realizar esta experiência, que desafia os teus limites físicos e, principalmente, mentais.
A espetacularidade da paisagem mistura-se com o impacto brutal que nos proporciona a contemplação próxima do afloramento rochoso que devemos superar e que se impõe, ao primeiro olhar, como uma adversidade.
Foi essa a sensação que tive quando decidi realizar esta experiência.
A equipa de guias da PORTUGALNTN que nos orientou nesta subida, muniu-nos de todo o equipamento necessário, capacete, luvas, arnês, dissipador de Via Ferrata e deu-nos todas as indicações de como proceder, sempre em segurança.
Enquanto ouvia atentamente, o olhar insistia em me plantar uma semente de arrependimento, pelo atrevimento de querer enfrentar o que a natureza parece ter ali colocado como um obstáculo.
Observar o guia que seguia no comando, Domingos Pires (militar na reserva, com grande disciplina, excelente preparação física e voz firme e decidida), inspirava confiança, o que me ajudou a varrer da mente o arrependimento e a mudar a postura mental, para uma atitude firme e confiante. Os primeiros metros fazem-se com alguma facilidade, reforçando o ânimo e a alegria e até nos permitem olhar ao redor e sentir a tranquilidade daquele espaço extremamente belo.
O grande desafio chega pouco depois: uma enorme rocha que se perfila como uma parede, com dez metros de altura e uma inclinação negativa. Fazer a transição, da rocha onde me encontrava para essa parede foi o momento crucial desta subida, foi onde “o frio me queimou na espinha, o medo me mordeu a coragem”. O guia, sempre atento, conta que por momentos parecia que eu tinha deixado de respirar. Não me recordo, o que sei é que deixei de ouvir as palavras de encorajamento e confiança que me dizia, cravei o olhar na parede, as mãos e os pés nos degraus de aço fixados na rocha, recordei mais algumas palavras do vídeo promocional, que naquele momento entendi como um vídeo motivacional: “agarra-te à experiência, sente a brisa, mesmo que o vento se cale…”.
De repente: “Já está?”.
Não tinha palavras para descrever a conquista porque, eu ainda não contei, tenho síndrome vertiginoso e, ainda assim, consegui.
A adrenalina corria-me nas veias sem freios e sentia-me quase “invencível”. A satisfação pela superação do medo, pela superação das amarras mentais foi muito mais forte e importante do que a superação do desafio físico que, afinal, até não era assim tão exigente.
Caminhamos alguns minutos por um trilho em terra batida até chegar ao início da segunda fase da subida: mais alguns metros ascensão pelas rochas e depois uma ponte himalaia (ponte suspensa construída com cabos de aço).
Nesta altura a confiança já era maior, mas… há sempre um mas… que me causava um ligeiro temor de fazer a ponte himalaia, de novo o calafrio na espinha.
Chegou o momento, o cabo de aço onde colocava os pés não parava de balancear e eu não queria (não podia) olhar para baixo. “Ana olha para mim, isso! Tranquila, usa o meio do pé para pisar o cabo, isso, anda, tens de olhar para mim”, dizia, calmamente, o guia Domingos Pires. Eu seguia, devagar, a pensar que naquele momento eu não percebia muito bem onde era o meio do pé. Mais uns passos, olhar fixo no guia e mais uma prova superada. Faltavam três metros de subida para chegar ao topo e “o sonho” deve-me ter dado asas porque parecia que voava enquanto concluía a via Ferrata, incrivelmente sem sinais de cansaço físico.
Durante dias o sentimento de realização e superação pessoal acompanhou-me. Queria provar ao meu filho de nove anos que o medo se supera, enfrentando-o com segurança, alcancei também essa vitória.
Esta experiência pode ser feita em família, dos 12 aos 80 anos (de acordo com a condição física). Não exige preparação física acima do que é normal, é necessária alguma perícia, força nos braços e nas pernas, a maior barreira é mental, mas a confiança que a equipa da PORTUGALNTN nos transmite é quanto basta para enfrentar o medo e aceitar o desafio.
A Via Ferrata está integrada na Ecovia do Rio Rabaçal que é marcada por três extraordinários e distintos percursos pedestres de Pequena Rota (PR). Pode começar em Sonim (PR1), em Tinhela ou junto à Foz do Rio Torto com o seu epicentro na Praia Fluvial do rio Rabaçal.
Informação útil: A Via Ferrata da Ecovia do Rabaçal é um equipamento municipal de acesso livre. A sua ascensão exige uso de equipamento adequado e conhecimento, podendo ser feito em autonomia. Quem não disponha nem do equipamento nem do conhecimento, deve contratar os serviços de uma empresa especializada.
No território, atualmente, a única empresa que presta este serviço é a PORTUGALNTN. A subida custa 20€/pax, (mínimo 80 €), os grupos devem ter, no mínimo quatro e no máximo 12 pessoas.
As marcações podem ser feitas por telefone 919310675, por e-mail geral@portugalntn.com, ou através de mensagem privada pelo Facebook @PortugalNTN.
Ecovia do Rabaçal
O PR 1 possui uma paisagem excecional muito marcada por uma natureza pura e por características muito representativas do território de Trás-os-Montes.
O percurso pedestre mais extenso, de quase vinte quilómetros, é o do rio Calvo (PR3), onde se encontra a aldeia homónima e o seu ribeiro refrescante. Neste percurso, privilegiam-se recursos culturais, encontram-se os moinhos abandonados, muitos lagares escavados na rocha e aldeias perdidas entre vales e montes.
O terceiro percurso no Rabaçal Sul (PR2) é, seguramente, o mais requisitado para os observadores de fauna e, simultaneamente, de contacto com a agricultura – pastos, vinhas, olivais e amendoais e toda a agricultura de base preenchem praticamente todas as parcelas disponíveis de terreno. Neste trajeto, o ponto alto é a praia fluvial de Rio Torto, onde o Torto encontra o Rabaçal.
A não perder
Passeio de Canoa no Rio Rabaçal, na praia de Rio Torto/Miradeses
O Rio Rabaçal corre tranquilo, protegido por enormes rochas que mais parecem esculturas artísticas, criadas por mão divina. A vegetação e o arvoredo frondoso em torno do rio é abundante, garantindo sombras ao longo de todo o percurso, que funcionam também como uma barreira visual e sonora para o resto do mundo. Aqui e ali crescem videiras dentro do rio e trepam pelas enormes árvores, cerrando ainda mais a cortina com o exterior. Ali só há rio.
O cenário é idílico e, para surpresa do visitante, ainda guarda mais tesouros. A certo ponto deste delicioso passeio, largamos as canoas, caminhamos escassos metros pela densa vegetação para descobrir uma praia secreta e deserta. A água está quase sempre morna, a rocha mantém o calor e a noite não é suficiente para que baixe a temperatura, ainda que seja água corrente. É o êxtase do relaxamento.
Casa do Vinho de Valpaços
A Casa do Vinho representa uma infraestruturas municipal de referência no âmbito da valorização, divulgação e comercialização dos produtos oriundos do setor primário, enquanto nota de sucesso da intervenção e dinamização da autarquia local, bem como da promoção da riqueza e diversidade patrimonial, paisagística, natural, gastronómica e cultural da região transmontana e do concelho de Valpaços em particular.
No edifício, encontra-se ainda a Loja Interativa de Turismo de Valpaços que está ligada à rede de espaços de promoção e divulgação turística da Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP), um local de passagem obrigatória para a obtenção de informações sobre a região e o concelho de Valpaços e onde é possível obter produtos tradicionais deste concelho.
Morada: 482, Av. Eng. Luís de Castro Saraiva, Valpaços
Horário: diariamente das 09h00 às12:30 e das 14h00às 17h30
Encerra à segunda-feira
Telefone: 278 710 138
Adegas de Sonim
O vinho Encostas de Sonim é produzido nas encostas do Rio Rabaçal, incluindo na região Denominada de Trás-os-Montes, sub-região de Valpaços. Sendo na Aldeia de Sonim que este vinho é produzido, numa das melhores zonas do nosso país. de referir que esta aldeia é conhecida pela sua história desde há muitos anos como terra do bom vinho dito pelos visitantes e população da zona.
Esta adega tem vindo a conquistar uma posição de referência no mercado, assumindo sempre uma filosofia de seriedade e credibilidade. Postura esta, da qual nos orgulhamos, resultando numa relação de confiança e satisfação estabelecida com todos os nossos clientes.
Morada: 1, rua da Mourisca n, 5430-273 Sonim
Telefone: +351 278 759 227
Lagares Cavados nas Rochas
Os lagares cavados na rocha estão entre os vestígios mais antigos associados ao cultivo da vinha no Douro e em Trás-os-Montes, e há investigadores que acreditam que, neste território, a produção de vinho pode ser remontar à época pré-histórica.
Estudos realizados recentemente revelam que existem mais de uma centena de lagares cavados na rocha em pelo menos 15 freguesias do concelho de Valpaços.
É um património que o município pretende preservar e promover. Nesse sentido criou a Rota dos Lagares Cavados na rocha que permite visitar 17 locais devidamente identificados.
Conselho: Programe a sua visita na Casa do Vinho e solicite o apoio da arqueóloga da autarquia.
Ponte do Arquinho
A Ponte Romana do Arquinho, também conhecida por Pontão de Possacos localiza-se na freguesia de Possacos, no concelho de Valpaços, situada num encantador vale do rio Calvo.
Esta histórica construção data provavelmente do século I d.C., na altura de ocupação Romana do território, e integraria a Via XVII do Império Romano, que ligaria "Bracara Augusta" (Braga) a "Asturica Augusta" (Astorga, Espanha).
No local foram encontrados marcos miliários atribuídos aos imperadores Maximino e Máximo, atestando a importância histórica e arqueológica do monumento.
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