Em alguns locais os sinos cumprem outras funções além de dar as horas: avisam, dão o alerta e antes marcavam o principio e o fim da jornada de trabalho.
Os sinos estão muito associados ao cristianismo e apesar de serem fabricados em Portugal há pelo menos um milénio, o sino mais antigo que temos é do século XIII.
Está no Museu Municipal de Coruche e seguindo a explicação da diretora, Cristina Calais, rapidamente percebemos que se trata de um sino histórico. O sino estava no campanário da Igreja de São Pedro, tem a inscrição de 1287 e através de um trabalho cientifico foi possível reconstituir o som original.
O sino foi encontrado numa cripta que estava ao lado da igreja. Estava junto a ossadas de cerca de 50 pessoas e atribui-se o seu depósito neste lugar como uma forma de sacralizar o espaço.
O sino é também conotado como o condutor das almas.
Apesar desta conotação, não é habitual os sinos serem colocados em cemitérios.
A quase totalidade dos sinos danificados eram refundidos e talvez este seja um dos motivos porque não encontramos sinos muito antigos.
O de Coruche não é grande, tem cerca de 30 cm de altura e 22 cm de diâmetro da boca. À semelhança de outros sinos desta época medieval tem uma inscrição da cruz e de um pentagrama, um símbolo com origem na estrela salomónica e representa a boa sorte e proteção mágica. O sino é constituído maioritariamente por cobre (76%) e estanho (21%).
Em quase toda a Europa a fundição artesanal de sinos teve uma queda significativa após a Segunda Guerra Mundial. Em Portugal foi muito mais tarde. Actualmente sobrevivem apenas duas fábricas sineiras, uma em Braga e outra em Rio Tinto.
No Museu Municipal de Coruche além dos sinos pode ver ainda outros objectos que estavam na cripta como moedas, jarras de cerâmica e telhas. Todo este material terá sido depositado numa trasladação, provavelmente após a destruição da igreja de S. Pedro no terramoto de 1531.
A galeria do sino faz parte da Exposição O Céu, a Terra e os Homens que a partir do sagrado conta a evolução desta região, em particular de Coruche.
Estão em exposição vários artefactos e a exposição termina com a projeção do futuro, a descoberta do espaço, com uma das componentes do Space Shuttle ser uma referencia local: a cortiça.
Para quem ficou com curiosidade sobre a história dos sinos e a sua produção em Portugal pode consultar aqui a obra História da fundição sineira em Portugal, de Luis Sebastian. É um estudo realizado em 2008 e tem o apoio da Câmara Municipal de Coruche.
Sino de Coruche é o mais antigo em Portugal faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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