Hoje em dia, as mensagens de amor são escritas nas redes sociais e não num lenço, mas a tradição é preservada. A "cantarinha dos namorados", apesar de não ter o significado de outros tempos, continua a ser muito oferecida no Dia dos Namorados. Em Vila Real, as raparigas ainda oferecem o pito e os rapazes a gancha.

Portugal é rico em tradições namoradeiras e estas são algumas das mais famosas.

Abraços e beijos do Milho Rei

Na altura da desfolhada do milho eram chamados jovens para participarem na mesma e era comum encontrar-se sempre, pelo menos, uma espiga vermelha, denominada de “Espiga do Milho Rei”. Se um rapaz encontrasse a espiga, tinha o direito de escolher uma rapariga da desfolhada e dar-lhe um beijo ou um abraço, e vice-versa.

Lenço dos Namorados

A jovem, em idade de casar, bordava um lenço usando um pano de linho fino ou um lenço de algodão. O lenço era bordado pela rapariga apaixonada que ia transpondo para o lenço os sentimentos que lhe iam na alma, para mais tarde oferecê-lo-ia ao rapaz que amava como forma de compromisso, este passaria a usá-lo ao pescoço, no bolso do casaco do fato domingueiro, no chapéu ou no cajado.Caso a rapariga não fosse correspondida o lenço voltaria às suas mãos. Os “lenços dos namorados” existem por todo o país, sendo no Minho que surge a mais importante recuperação desta arte.

Cantarinha dos Namorados

Segundo a tradição, quando um rapaz queria fazer o pedido de casamento oferecia primeiro uma cantarinha, moldada em barro à namorada. Se ela aceitasse, estava formalizado o pedido, passando a depender apenas da vontade dos pais o anúncio do noivado. Uma vez dado o consentimento, a cantarinha servia então para guardar as prendas - peças em ouro- que o noivo e os pais da noiva ofereciam. A "cantarinha dos namorados" de Guimarães continua a ser uma prenda muito oferecida por alturas de São Valentim.

Caretos de Podence

Na aldeia de Podence, perto de Macedo de Cavaleiros, no Carnaval, aparecem os famosos Caretos de Podence. No Domingo Gordo e na 3ª Feira de Carnaval, percorrem a aldeia aos saltos e gritos e um dos principais motivos das correrias é encontrar raparigas para dançar e as "chocalhar". Na noite de Domingo Gordo realizam-se casamentos fictícios entre os rapazes e raparigas, numa cerimónia trocista. Na manhã do dia seguinte, a tradição manda que o rapaz vá visitar a rapariga que lhe calhou por sorteio, recebendo doces e vinho em gesto de agradecimento.

Caretos de Podence
Caretos de Podence créditos: Unsplash/ Márcio Pêgo

Furto de Vasos

Na altura do Santos Populares, era costume os rapazes solteiros roubarem os vasos das raparigas solteiras e colocá-los num lugar de acesso público - geralmente no largo da igreja - para que as raparigas fossem lá buscá-los e assim os rapazes terem uma oportunidade de “namoriscar”.

Oferecer um Manjerico

Conhecido como “erva dos namorados”, o Manjerico é popular das festas de São João, no Porto, e de Santo António, em Lisboa. Segundo a tradição, na altura das festas, os namorados ofereciam um manjerico às namoradas. Além da planta, o vaso tem um cravo feito em papel e uma bandeira com um verso popular alusivo ao amor. Oferecer um manjerico, era quase como fazer um pedido.

Oferecer a Gancha e o Pito

Segundo manda a tradição, em Vila Real, os rapazes oferecem a gancha de São Brás às raparigas, como forma de retribuir o pito de Santa Luzia que elas lhes terão oferecido em dezembro.

A gancha é doce típico de Vila Real em forma de bengala, inspirado no báculo de São Brás, feito de é açúcar e água. O pito, com recheio de doce de abóbora e cobertura de massa de farinha, tem o formato de penso antigo que se colocava na vista, alusivo ao facto de Santa Luzia ser padroeira dos doentes com problemas de olhos.

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