É uma viagem histórica muito frequentada por turistas estrangeiros.
Para alguns, pode ser o reviver de viagens passadas de comboio porque, locomotiva e carruagens, têm quase um século de existência e estiveram em atividade durante muitas décadas.
A locomotiva a vapor 0186 foi construída em 1925 e circulou durante muitos anos nos caminhos de ferro portugueses.
Chegou a fazer a viagem do Comboio Histórico do Douro, mas foi retirada de circulação em 2013 para substituição da caldeira.
Deixou de ser a carvão e passou a diesel. Reproduz a original mas é muito menos poluente, não deita cinza e reduz, significativamente, o risco de provocar incêndios.
A locomotiva regressou no ano passado ao Comboio Histórico do Douro.
Apesar destas melhorias, nada impede que o rosto dos viajantes fique um pouco farrusco, se estiverem muito tempo na passagem entre as carruagens. O fumo, onde o caminho estreita na encosta da serra, fica muito concentrado entre as carruagens. É para recriar a sensação de como era andar de comboio há muitos anos atrás.
As cinco carruagens são também do início do séc. XX. São de madeira, estão renovadas e as janelas permitem, a qualquer um dos viajantes, tirar partido do outro elemento fundamental desta viagem: o Douro vinhateiro, classificado património mundial pela Unesco.
Com o privilégio de se verem algumas das melhores vinhas, classificadas com a letra A. Poucos minutos após a saída da Régua, deixamos o meio urbano e, rapidamente, a paisagem é dominada pelo rio Douro a serpentear as encostas da serra.
É admirável a natureza e também o engenho e o labor humano, ao plantar as vinhas e recolher e transportar as uvas, no meio de socalcos íngremes e encostas enormes.
Em algumas partes do percurso, são visíveis casas das quintas do Douro, com os respetivos cais, as estruturas das adegas e o rio por onde, no passado recente, andavam os barcos rabelo, a transportar o vinho.
Hoje as embarcações são muito maiores, cheias de turistas.
Na viagem de comboio, após a descoberta inicial do contexto e da paisagem que nos rodeia, o olhar começa à procura de pormenores.
Satisfazer a curiosidade sobre como se mantêm em funcionamento muitas das peças originais do comboio, ao fim de tantos anos, de como seria viajar um século antes...
A imaginação e a contemplação é quebrada quando a linha de comboio fica vizinha da água do Douro ou de um pequeno desfiladeiro.
O grupo de música e cantares também ajuda a contextualizar a viagem. Percorrem e animam as carruagens, e oferecem rebuçados da Régua e um cálice de vinho do Porto.
Na paragem no Pinhão temos novo motivo de interesse. Trata-se de uma paragem por motivos técnicos.
Na prática, mais parece para uma sessão fotográfica, os ferroviários que colocam água na locomotiva e avaliam se está tudo bem com os rodados e o nível do óleo. São cenas fotogénicas e remetem, em alguns momentos, para o imaginário dos westerns de Hollywood.
A estação do Pinhão é igualmente interessante de visitar, em particular pelos painéis de azulejos.
O Tua fica no concelho de Carrazeda de Ansiães, a estação é grande, tem várias linhas e assiste-se às manobras da locomotiva para inverter a sua posição no alinhamento das carruagens. Porque, pouco depois, vai fazer a viagem de regresso.
Ao lado da estação há cafés e restaurantes.
A viagem, na Régua, começa às 15.22h. O regresso está previsto para as 18.30h.
O resto da tarde pode ser aproveitado para um passeio na Régua.
Além do centro histórico, uma sugestão é uma caminhada pela ponte pedonal que liga a Régua ao concelho de Lamego.
A ponte foi reabilitada em 2012 e permite apenas a circulação a peões e bicicletas.
A ponte foi inaugurada pelo rei D. Luís, em 1 de Dezembro de 1872.
A vista do Douro é magnífica e, com o pôr-do-sol, torna-se ainda mais fascinante.
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