Nos último anos o número de artesãos tem vindo a diminuir drasticamente.
Agora só está em atividade João Marques, mais conhecido por João Patolas e já tem uma idade avançada. Começa a trabalhar manhã cedo no anexo ao lado da casa. É bom conversador. Se o quiser visitar ele gosta de companhia porque passa o dia sozinho a trabalhar.
Fui ter com ele a meio da tarde. Tinha a porta semi-aberta para evitar o vento e frio. Estava sentado, curvo, a fazer uma cesta que tinha nas mãos e que manuseava com perícia, mesmo com pouca luz.
É um trabalho demorado. No dia em que o visitei lamentava-se que ainda não tinha feito uma única cesta. Tinha apenas “duas começadas” e começou a trabalhar às 9 da manhã.
Além de ser demorado a cestaria tradicional sofreu a concorrência devastadora do plástico e os 10 euros que leva por uma cesta, o trabalho de um dia, não compensa.
Antes os artesãos ganhavam algum dinheiro porque vendiam muito mas, entretanto, “apareceu o plástico e deu cabo disto tudo”. João Patolas diz que continua a fazer as cestas e canastras mais para se entreter.
Neste contexto a Cestaria de Nandufe corre o risco de extinção. Um grupo de pessoas pôs em marcha uma petição para uma candidatura à UNESCO para salvaguarda urgente deste património imaterial. Algumas iniciativas já foram desencadeadas mas José Patolas não está optimista após a experiência de um curso onde ensinou as técnicas da cestaria. Participaram dez mulheres mas nenhuma quis ser artesã da Cestaria de Nandufe.
O Museu Terras de Besteiros fez um levantamento documental e fotográfico e há ainda a esperança de surgirem novos artesãos.As canastras e as cestas de Nandufe têm sempre a mesma forma, varia apenas o tamanho. Antes as canastras maiores eram usadas como berços.
João Patolas luta contra a extinção da Cestaria de Nandufe faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, João Patolas luta contra a extinção da Cestaria de Nandufe, pode ouvir aqui.
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