A sua nobre história está retratada nas muralhas do antigo castelo, nas belas igrejas onde o mármore é presença constante, e nos edifícios apalaçados com varandas de ferro. Uma história que também pode ser contada pelos artesãos e antiquários e saboreada nos bons vinhos, enchidos e queijos.
A povoação é antiga, mas pouco se sabe sobre as suas origens. Ao certo conta-nos a História, que o Rei D. Dinis concedeu carta de foral a Borba em 1302, iniciando-se um período de prosperidade para a cidade. A construção do castelo também teve início naquele ano com o objetivo de defender Borba da região limítrofe de Castela, na Espanha, fixada em 1297 no Tratado de Alcanizes (que ainda hoje estabelece as fronteiras entre Portugal e Espanha).
Borba assumia, assim, juntamente com outros castelos de fronteira, uma função militar importante de observação, já que das suas muralhas se avistava todo o território em direção a Espanha. Em caso de invasão, esta era a última defesa antes de Estremoz e Vila Viçosa.
Desse castelo, atualmente, restam apenas algumas muralhas e portas, das quais se destacam a Porta da Torre do Relógio e a Porta de Estremoz que se mantém em bom estado com os seus dois imponentes torreões.
É tão bom perdermo-nos por entre o casario branco, com pequenos apontamentos de cor, do centro histórico de Borba.
O tempo parece que passa mais devagar aqui, neste lugar onde as pessoas ainda param para conversar, as laranjeiras estão carregadas de fruta e os gatos espreitam a cada esquina.
Passo a passo, é um prazer conhecer o interior da Igreja de São Bartolomeu e as fachadas de palacetes como a Casa Nobre dos Morgados Cardosos ou o Palacete dos Melos — todos eles edifícios erguidos em Borba no final do século XVIII, símbolos da riqueza que a produção de vinho trouxe a algumas famílias da região.
É inevitável admirar a Fonte das Bicas, construída com o mármore branco típico da região para comemorar uma visita da família real portuguesa, ou dar uma volta pela Rua de São Bartolomeu, onde estão os antiquários que guardam uma incrível panóplia de objetos de outros tempos: móveis, porcelanas, lustres, objetos de cobre, ferramentas agrícolas… um pouco de tudo.
Fiquei particularmente fascinada com a Igreja do Senhor Jesus dos Aflitos — uma pequena capela fundada em 1676 pela Venerável Ordem Terceira, cuja fachada principal está decorada com um original xadrez de mármores brancos e negros, e com os quatro Passos Processionais de Borba — quatro capelas espalhadas pelo centro histórico, construídas como representação de estações da Via Sacra.
Os passos processionais de Borba são monumentos com uma importância artística e cultural de nível nacional. Demarcam-se dos demais por serem os maiores do país e os últimos de um conjunto a serem construídos no Alentejo.
A tradição de construir passos processionais com perfil monumental iniciou-se em Évora em 1719. Seguiram-se os de Vila Viçosa e Estremoz e por fim os de Borba. O arquiteto responsável pelos quatro passos terá sido José Francisco de Abreu, importante figura do barroco alentejano.
Uma das melhores épocas para visitar Borba é durante a Festa do Vinho e da Vinha, em novembro, mas a verdade é que todas as ocasiões são boas para fazer uma paragem na cidade e provar os seus excelentes vinhos e saborosa gastronomia local.
A Adega de Borba, que se insere na rota dos vinhos do Alentejo, oferece provas de vinhos (e azeites) e o restaurante O Espiga, que fica ao lado da loja de vinhos, serve pitéus tradicionais que são “de comer e chorar por mais”.
Antes de deixar Borba, vale a pena parar na freguesia da Orada para visitar a Coleção de Marionetas do Mestre Sandes no Polo Museológico do Azinhal Abelho, um espaço dedicado à etnografia do Alentejo (atualmente em remodelação e temporariamente indisponível para visita).
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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