Na primeira manhã em Ella, o destino foi o Little (ou Mini) Adam’s Peak. A primeira parte da caminhada foi feita pela estrada de alcatrão. O resto do caminho por um troço em terra batida, através das plantações de chá, e umas escadas que nos levaram até ao topo. Valeu a pena a subida! Lá em cima esperava-me uma vista de 360° sobre as montanhas, plantações de chá e vales de Ella. Mantos verdes de perder de vista num cenário épico.
Com a vista devidamente apreciada e registada, estava na hora de seguir para a próxima grande atracção: a Ponte dos 9 Arcos (Nine Arches Bridge). Descemos a colina e voltámos à estrada de alcatrão para seguir rumo à ponte. Não é difícil chegar até à ponte. O que já não é tão fácil é chegar a um sítio especial com umas vistas tremendas e o melhor sítio para assistir à passagem do comboio. A meio caminho um homem passa por nós e diz-nos para nos despacharmos que o comboio passava daí a 10 minutos. Nunca corri tão rápido por uma colina abaixo, carambas. Chegámos a tempo. Passados poucos minutos o comboio passava pela ponte para desaparecer logo de seguida por um túnel.
Descemos para a ponte por um caminho improvisado (confesso que parte foi feito de rabo no chão…) e fizemos o resto do caminho para Ella pela linha do comboio.
Caminhar pela linha de comboio é algo que faz parte da vida diária dos habitantes de Ella. Pelo caminho vi idosos, trabalhadores das plantações de chá, crianças que iam ou vinham da escola e alguns turistas que viviam a mesma experiência que nós. Ao chegar à estação ainda vi algumas placas que diziam que andar na linha de comboio era proibido e punível com uma multa, mas tendo em conta que ainda em cima da Nine Arches Bridge o caminho nos foi indicado por um polícia, presumo que não seja assim tão “proibido” quanto isso…
Nesse mesmo dia, a caminho do hotel, o Ella Rock House (que recomendo, já agora: quartos confortáveis, preço acessível e óptimo pequeno almoço) decidi experimentar os tratamentos ayurvédicos, tão típicos no Sri Lanka. Como as minhas amigas “sinusite” e “rinite” insistem em acompanhar-me para todo o lado para onde vou, tentei ver se me conseguia ver livre delas através de um tratamento alternativo. O centro era gerido por uma médica que me aconselhou uma série de massagens e tratamentos para essa mesma tarde, seguido por um tratamento que consistia em despejar um óleo pelo nariz na manhã seguinte, em jejum. Pronto, ok, vamos lá a isso então. Tentar não custa e isto não é assim muito caro.
Estive lá dentro quase 2 horas. Fui massajada da cabeça aos pés, incluindo uma espécie de sauna. Meteram-me dentro de um aparelho em madeira, em que apenas a cabeça ficava de fora. Estilo aqueles “caixões” que os mágicos usam para serrar as pessoas ao meio. Saí de lá de dentro a parecer uma lagosta fumada. Mas confesso que todo o tratamento me deixou beeeem relaxada, tanto que passei levemente pelas brasas umas 2 a 3 vezes.
No dia seguinte voltei para o tal óleo pelo nariz. Antes disso ainda tive direito a uma massagem na cabeça, cara e ombros. Saí de lá ainda acompanhada pelas minhas amigas “sinu” e “rini”, mas vínhamos todas um pouco mais relaxadas. A ver se se mantêm assim por mais um tempinho.
A seguir partimos por mais uma “expedição”. O caminho foi feito desta vez tanto à ida como à volta pela linha de comboio. O destino: uma pequena cascata e o Ella Rock de onde, supostamente, se conseguiam vistas magníficas sobre a zona. Chegar à cascata não foi difícil. Mas ao seguir caminho para o Ella Rock, deparámos-nos com trilhos pouco definidos que nos deixaram um bocadinho hesitantes.
Um pouco mais à frente pedimos indicações a um homem que, aparentemente, fazia de uma pequena barraquinha no meio do mato a sua casa. Ofereceu-se para nos mostrar o caminho e acabou por nos levar mesmo até ao miradouro do Ella Rock. Não tivemos sorte com o tempo. Na verdade, deveríamos ter começado o passeio mais cedo. O tempo em Ella nesta altura não engana: pode-se contar com sol de manhã, mas ao início da tarde a chuva é certa. Consegui perceber que aquela vista num dia limpo seria magnífica, mas naquele momento apenas conseguia ver nuvens à frente. Passados poucos minutos iniciávamos a descida em direcção à linha de comboio para continuarmos para Ella. Despedimos-nos do nosso guia improvisado a meio do caminho (ele tinha de ir ver da vaca dele que estava a pastar ali perto), agradecemos-lhe com algumas rupias e fizemos-nos ao caminho.
Como destino seguinte no roteiro, tínhamos o Yala National Park, o maior parque natural do Sri Lanka. Mas como é normal nestas viagens, acabámos por mudar de planos à noite, durante o jantar, depois de uma conversa com um casal suíço/alemão que nos sugeriu que fossemos antes ao Parque de Udawalawe. O Yala era demasiado turístico e era provável (ainda por cima a um fim de semana) que estivesse repleto de visitantes. O parque de Udawalawe por sua vez era menos conhecido e mais pequeno, o que acabava por aumentar a probabilidade de avistar animais. Aceitámos a sugestão, e no dia seguinte de manhã cedo, estávamos a apanhar um autocarro em direcção ao nosso novo destino.
Escrevo-vos esta crónica já no final da minha estadia em Udawalawe. E o que vos posso dizer é que foi uma experiência incrível. Mas conto-vos tudo na próxima crónica, porque tenho um autocarro à espera para seguir para as praias no Sul.
Até já!
Comentários