A ilha é real e amistosamente conhecida pelas tartarugas às quais chamei de últimos simpáticos dinossauros. Portanto, verdadeiramente, há três nomes para esta ilha. Além das tartarugas com idades que vão até aos 200 anos, nesta ilha há mais duas atrações na pequena ilha (é pequena, não muito maior que a ilha dos macacos conhecida, assim, na Tailândia, no arquipélago Phi Phi).

Essas atrações são outras experiências extraordinárias, mesmo as tartarugas ganhando sempre a nossa vista. Portanto, depois de massajar, fotografar e alimentar as tartarugas (horário de alimentação até às 16h), vá em direção ao outro lado da ilha e entra na prisão. Essa prisão parece tudo menos uma prisão: uma derradeira lembrança colonial em amarelo e azul turquesa com paredes elevadíssimas e amplos espaços. Antes de entrar fiquei parada minutos a olhar e a ‘respirar’ aquele espaço: “tudo menos uma prisão” – foi o que senti.

Efetivamente, esta prisão nunca chegou a funcionar como tal. E porquê este nome, à primeira vista, tão grotesco: Prison Island? Não se trata da ilha de Alcatraz em São Francisco, Califórnia, porém esta ilha tinha um destino preparado de forma similar: dedicada a ser o abrigo de uma prisão. Há algumas décadas o edifício foi construído para ficar na ilha mais afastada da Tanzânia, mas quis o destino (não é lenda, é factual) que o edifício se convertesse num hospital para cuidar da população que estava de quarentena na altura do fim da colonização.

Assim, o edifício é um espaço que se tornou verdadeiramente instagramável onde encontra um recreio e também um bar muito pitoresco. Aqui as suas fotos podem ser deslumbrantes porque as cores amarelo/azul funcionam com o azul do mar que logo, à porta de saída da prisão, vai ver. Desce umas pequenas escadas e tem o mar aos seus pés, aliás não convém avançar mais que dois metros em frente pois o Índico acena logo ali. Árvores também se juntam no mesmo pequeno espaço. A terceira atração nesta ilha, ainda, é a praia que pode desfrutar plenamente. É a primeira ‘porta’ azul em que vai mergulhar em Zanzibar. Se já estava descalça de tanto cirandar entre as tartarugas gigantes e a fotografar maravilhas na Prisão, então mais agradeci não ter sapatos e poder entrar no Índico, desprevenida.

Prison Island
Prison Island créditos: Sandra Figueiredo

As águas escaldam e a areia encandeia a nossa visão, tudo num formato paraíso com as belas tartarugas atrás de nós. Volto a lembrar que nadar com tartarugas não é aqui, mas noutros locais. Basta agendar com a pessoa que mais nos ajudou: @yascoguidezanzibar.

Depois de sair da Prison Island – gosto mais de chamar de Turtles’ Island – volta à cidade Stone, visita a música de Freddie Mercury e segue para paraísos incansáveis, mas tem de saber quais são as reais praias maravilhosas do sonho chamado Zanzibar e que atividades pode fazer. Ora fique a saber:

- Da zona do ferry (caso opte por vir da Tanzânia) deve escolher a costa Este ou Norte que fica a cerca de uma hora de carro e fica extremamente económico (cerca de 35 USD). Nessa costa estão as praias mais bonitas de Zanzibar, efetivamente. Todo o arquipélago é lindíssimo, mas as praias mais impactantes estão na parte mais oriental (onde eu fiquei) e de destacar a praia na zona de Kendwa. Prepare-se para o absoluto choque azul. Um azul de vários tons índicos. Água extremamente quente todo o ano e com areais brancos. Redes de pesca a descansar nas areias e pessoas muito hospitaleiras. É esta costa que tem mais oferta hoteleira e com excelente serviço.

- Pode passar algum tempo em Kendwa sem ter de se alojar na zona, pois está sempre muito cheia. As praias livres e igualmente bonitas estão na zona mais a Este que a Norte: Kiwengwa.

- Em Kiwengwa, aliás, existe uma câmara à qual todo o mundo pode aceder, em tempo real, para se deliciar com as maravilhas destas praias e com a sua estrutura livre de magotes de pessoas. Essa câmara é uma espécie de yoga só usando a visão e sem ter de sair de casa.

- Qualquer altura é boa para visitar Tanzânia e Zanzibar, mas os nossos meses de inverno (falando do caso europeu) são os melhores para lá estar.

Zanzibar
créditos: Sandra Figueiredo

- Durante uma reportagem que fiz no hotel onde fiquei alojada, a gestora (de Cabo Verde) referiu que há algo que distingue Zanzibar de outros destinos paradisíacos: é seguro e pode passear muito além das praias. E a qualquer hora.

- Quanto à indumentária, não vi restrições, mas tenha em atenção que em Zanzibar uma grande parte da população é muçulmana. Assim, poderá haver casos de evitar fatos de banho 24 horas. Aconteceu-me no espaço perto do resort ser surpreendida por um olhar feminino muçulmano quanto à roupa.

- Tem várias atividades (não económicas) que pode realizar e que recomendo: cavalgar no oceano. Há várias zonas onde pode fazê-lo, mas escolha Kendwa se houver disponibilidade para o passeio. Já fiz estes passeios em vários oceanos e ilhas, aqui e no Camboja foram os melhores pois os cavalos seguem para alto-mar e muito seguros.

Escrevo-vos da Tanzânia e de Zanzibar: estão a ouvir-me, Portugal? Aqui é paraíso
créditos: Sandra Figueiredo

- Atividades de mergulho nas águas transparentes.

- Apanhe conchas e búzios inigualáveis (só vi parecidos nas Filipinas), mas não os grandes pois são ‘património’, digamos, e devemos respeitar. São realmente preciosos.

- Tenha em atenção algo quando reserva: o wifi funciona de forma parca em quase todo o território. Mas se se assegurar que fica num hotel com boa rede, não se preocupe. Por outro lado, desligue o telemóvel e aproveite totalmente a viagem. Substitua o telefone por um búzio ao ouvido.

- Dicas de poupança: caso não tenha pensão completa no hotel, peça ao motorista (previamente reservado) que pare em lojas de rua com a estrutura de mercearias. Estas são as mais económicas e com os mesmos produtos que outros locais onde cobram demasiado aos turistas.

- A distância entre praias e aeroporto é curta (máximo 1h30).

- A comida é ótima, mas nunca beber água que não engarrafada.

- Reforço que quem esteja a pensar ir a Zanzibar, não perca nunca a Tanzânia. E se puder ir a ambos os destinos, primeiro aterre (saindo de Lisboa) em Dar es Salaam (Tanzânia), faça o máximo possível de safari e abrace muitas crianças… e depois siga, via ferry, para Zanzibar.

Zanzibar
créditos: Sandra Figueiredo

- Não é correto o que se costuma ler noutras plataformas quanto a Zanzibar: não é para descansar apenas. É para saborear, há milhares de sítios num só arquipélago que o vão surpreender. Poderão ir só para a praia, mesmo assim é no plural. Felizmente. Após os grandes paraísos como Filipinas, praias do Caribe e do Médio Oriente, além das belezas asiáticas, Zanzibar ganha.

- Caso esteja no percurso Zanzibar-continente, por favor, vá abraçar e ajudar crianças dos orfanatos na capital. Eles precisam de material escolar sobretudo. Passei ali o meu Natal, foi o melhor da minha vida, pois dei de mim. Não procurei receber nada.

Sobre ganhos e experiências que é o que levamos desta vida, continuamos a viajar no próximo artigo. E, reitero: desliguem o telefone e coloquem um búzio no ouvido.

Hakuna matata!