Elas são as reais e principais habitantes que ‘governam’ a ilha. Já visitei cerca de sessenta países e contactei com algumas tartarugas, mas não com esta espécie. É única.

Coisas que importam saber antes de ir a esta ilha do arquipélago:

- tem de apanhar um barco na capital (cidade da Pedra: Stone) de Zanzibar, mesmo em frente ao restaurante de Freddie Mercury. Por pouquíssimos dólares americanos (mas aceitam mais facilmente xelins tanzanianos – há ali mesmo de frente para o restaurante uma caixa eletrónica);

- pode tratar de tudo com o @yascoguidezanzibar pois nem tivemos de pagar diretamente ao timoneiro, o Yasco (guia e companhia turística) tratou de tudo para nos sentirmos livres em direção a Prison Island;

- a viagem é de cerca de 20 minutos apenas, pois fica muito perto entre Stone e a ilha;

Sabe que pode massajar as maiores tartarugas do planeta? Conto-lhe tudo aqui em Zanzibar
créditos: Sandra Figueiredo

- quando aporta, pisa a areia mais branca que já viu e entra no caminho de pedra (fui descalça) que o leva às tartarugas famosas. Algumas já estão no início do caminho, por isso eu fiquei emocionada e estupefacta, simultaneamente;

- encontre couves e folhas (sobretudo folhas de couve que cirandam por ali mesmo, no chão – não paga nada) para dar às tartarugas, pois elas gostam muito. E aproxime-se bem delas, pois não mordem apesar do tamanho gigantesco;

- a tartaruga mais velha, atualmente, tem 197 anos. A primeira com que me encontrei tinha 51. A idade delas está escrita na carapaça para poderem monitorizar as mesmas;

- as tartarugas adoram a sombra da zona onde são visitadas, mas também vão à praia como nós.  E essa praia está a 200 metros;

- apenas um alerta: cuidado com os seus pés e os das crianças pois quando as tartarugas se baixam, a sua carapaça é tão pesada que pode podar qualquer coisa na área circundante;

- tire muitas fotos e vídeos enquanto lhes dá folhinhas, elas parecem saber fazer pose;

- aproxime-se mesmo, pois elas só aceitam a sua oferenda caso esteja com a mão mesmo perto da boca (enorme) delas. Não se assuste com o barulho ruminante, pois elas comem como quem ‘masca’ batata ruffles;

- aqui não pode nadar com as tartarugas, mas sim noutro espaço de Zanzibar (basta falar com o @yascoguidezanzibar). Recomendo, para este destino, sempre este guia pois sem o conhecermos, foi um dos melhores guias que tive até hoje. A energia dele é estonteante, é um genuíno ‘zanzibar’;

Sabe que pode massajar as maiores tartarugas do planeta? Conto-lhe tudo aqui em Zanzibar
créditos: Sandra Figueiredo

- esta ilha funciona, naturalmente, como um espaço de resgate e conservação desta espécie rara no planeta. Mas, há imensas tartarugas. Centenas, tentei tocar em quase todas. Algumas estavam dentro da carapaça pois havia muitos turistas naquele dia. Elas não se importam, mas por algum motivo algumas dormiam ou se escondiam.

- pode e deve massajar as tartarugas pois elas agradecem.  Se massajar as ‘axilas’, o pescoço, a cauda e por baixo das pernas traseiras, as tartarugas levantam-se e ficam em pé a aguardar as festinhas. A pele é rugosa, mas muito agradável de se tocar. A sensação é empática. É como um abraço ao universo.

Tenho vídeos com as indicações de um profissional que lá vai diariamente e nos explica como fazer as tartarugas felizes. E como é a história real delas. Por exemplo, quem quiser mais dicas, conduzi reportagem com o principal guia e com um dos responsáveis pela conservação destas tartarugas. Ele adora viajar para esta ilha, também num pequeno barco, todos os dias. Para levar estrangeiros ali, mas admite que também o faz por sua alegria própria.

Vemos um mesmo sorriso honesto em diferentes línguas, pois são várias as nacionalidades que ali se cruzam para ter a experiência incrível de estar com uma tartaruga.

Não se trata de uma visita a uma ilha e a umas tartarugas. Pode ficar o tempo que quiser, não tem limite (só para as alimentar: pois o horário é até às 16h!) e ainda pode ficar a tomar banho, na frente delas, numa praia impossivelmente bonita com as águas de azul índico. É aqui que se começa a ver o paraíso na terra. É que Zanzibar tem praias e praias, as mais belas estão na costa oriental, não deste lado da capital Stone.

Pode voltar e ficar sentado, até, com as tartarugas. O chão onde elas estão não é de areia, é pantanoso. Tem árvores fenomenais e de raízes igualmente gigantes. Tenho mil fotos no chão, sem chinelos, sem me importar com a lama, com a breve chuva quente que apareceu. Fiquei a olhar e a massajar as tartarugas. Sobretudo a dar-lhes folhas. Elas comem imenso. O meu noivo massajava mais, pois elas têm um diâmetro jurássico. Fiquei a agradecer cada momento.

Sabe que pode massajar as maiores tartarugas do planeta? Conto-lhe tudo aqui em Zanzibar
créditos: Sandra Figueiredo

Jurássico, sim. Aqui parece um parque jurássico real. Algo muito interessante é que enquanto eu filmava, fiz questão de gravar a conversa de uma criança muito pequena (cerca de 7 anos) com uma tartaruga anciã (cerca de 150 anos que esta tinha):

- “Já sei porque vives tanto tempo tartaruga, porque aqui é o paraíso. Eu assim também viveria muito”.

Vou confessar: eu estava muito cansada nesse dia, pois estava a recuperar de um maravilhoso safari do continente africano (Tanzânia), de um cruzeiro (estatelada na proa) até Zanzibar, de um almoço picante com música Mercury, de um sol escaldante a adormecer-me a alma e o corpo. Nesse estado de dormência, entrei no barco de pequena dimensão – “Hakuna Matata”, cumprimentámos os dois simpáticos tanzanianos – e eu deixei-me levar pelo calor e pelas ondas leves do mar. O Rumo ao mundo Jurássico das Tartarugas. Como estava sem óculos nesse momento, recordo-me de ver algo dourado ao longe, demasiado dourado para ser uma ilha de verdade. Quase adormeci durante os 20 minutos. Quando disseram, em inglês, que chegámos, agradeci tanto o que via: aquela quimera dourada que eu julgava que via era esta ilha pequena, mas paradisíaca. É dourada, ao longe, porque a areia branca tem componentes cristalinos que são destacados pelo sol.

No regresso, no mesmo barco – pode deixar os seus pertences à vontade no barco -, ficámos a avistar como uma ilha tão bonita e tão misteriosa se afastava dos nossos olhos. Uma onda ligeira despertou-me os sentidos e subi para a proa tosca do barco colorido. Pedi ao rapaz que estava a controlar a âncora, usando um pouco de swali (uma das cem línguas do país completo) pois ele não falava inglês, para se sentar comigo e olhar para a lente. Fizemos uma fotografia que vale milhões na minha moeda da vida: duas peles, dois mundos, uma proa simples nas águas do Índico.

Sobre o nome da ilha e a verdadeira prisão que o destino não quis o fosse, falarei no próximo artigo, pois vi e tenho provas mágicas que desaguam no mar.