Este importante património histórico tem o seu centro na Piazza del Foro, uma das praças mais antigas de Bréscia. Cruzamento entre a antiga Decumanus, a principal rua leste-oeste da época romana, e Cardus, a rua norte-sul, a Piazza del Foro funcionava como uma espécie de “umbigo” da cidade e é junto a ela que ainda hoje encontramos os vestígios do Templo Capitólino e do Teatro Romano.

O nível do solo nos tempos romanos era muito mais baixo do que é hoje e, para visitar alguns dos vestígios como a 4ª câmara do Templo Republicano, o edifício mais antigo do parque arqueológico, temos de descer. 

A entrada é controlada e apenas poucas pessoas podem permanecer ao mesmo tempo no recinto para não danificar os esplêndidos frescos e os interessantes elementos arquitetónicos, como as colunas jónicas que lá se encontram.

Junto à praça, rodeado de residências aristocráticas históricas, encontra-se também o Palazzo Martinengo, construído no século XVII e hoje utilizado para acolher exposições temporárias. Contém uma maqueta em madeira, de toda a área, que vale a pena ver já que nos proporciona uma verdadeira janela sobre o passado da cidade.

Se o Teatro Romano, uma obra do século I d.C. com capacidade para cerca de 15 mil espetadores e que no seu apogeu chegou a ser um dos principais teatros da antiguidade clássica, ainda aguarda restauro, o Templo Capitolino está aberto para visitas desde 2013 e tornou-se um dos símbolos da Bréscia Romana.

O Templo, dedicado ao culto de Júpiter, Juno e Minerva, os três deuses venerados na colina Capitolina em Roma, foi mandado construir em 73 d.C. pelo imperador Vespasiano e manteve-se de pé por muitos séculos. Na Idade Média porém, já se encontrava em muito mau estado e acabou soterrado por deslizamentos de terra e escombros que caíram da colina Cidneo.

Só em 1823, foi redescoberto e desenterrado. Partes do templo e três salas foram reconstruidas com os poucos fragmentos encontrados por Rodolfo Vantini, Giovanni Antonio Labus e Luigi Biasetti, dando posteriormente origem ao Museu Cívico Romano que em 2015, depois de uma renovação, reabriu ao público e hoje é um dos museus mais visitados de Bréscia.

Olhando para a parte do templo que foi reconstruída, percebe-se o tamanho da construção original que, apesar de agora se encontrar em ruínas, continua a emanar uma aura de sacramentalidade e poder, confirmando que esta é, efetivamente, uma das zonas arqueológicas mais espetaculares e extensas do norte de Itália.

Para além da arquitetura, decoração, mosaicos, pavimentos de mármore, murais e esculturas em relevo, que podemos observar no museu instalado no antigo convento de Santa Giulia e nas ruínas dos edifícios que datam do século I a.C. ao século III d.C., um elemento em particular destaca-se de todos os outros do Parque Arqueológico — a “Vitória Alada” de Bréscia— uma escultura com 200 anos que se transformou no símbolo da resiliência local em tempos difíceis. 

Criada no século I da era cristã, a belíssima estátua de bronze foi redescoberta em 20 de julho de 1826, durante uma escavação arqueológica no centro da cidade.

Intacta, escondida entre os escombros de um templo gigante onde fora colocada séculos antes, a “Vitória Alada” transformou rapidamente Bréscia num destino popular entre os viajantes do século XIX que embarcavam no Grand Tour pela Europa. 

Eram centenas as pessoas ansiosas por a ver de perto e cópias da obra começaram a ter uma grande procura entre os museus e colecionadores de arte de todo o mundo.

A "Vitória Alada" fez renascer o orgulho local na herança romana, quando Brixia — nome pelo qual Bréscia era conhecida na antiguidade —  era um lugar rico e próspero.

Quando a observamos de perto e com detalhe não é difícil perceber porquê, pois ainda hoje esta escultura, colocada numa imensa sala que lhe é totalmente dedicada, emana uma beleza e força rara. 

O Parque Arqueológico de Bréscia Romana é uma rota arqueológica incrível.  Se passarem por esta bonita cidade do norte de Itália, não deixem de visitar.

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