Ultimamente, devido à pressão demográfica, Queens e Brooklyn também passaram a fazer parte desta realidade. A gentrificação (subida de preços do imobiliário, porque os muito ricos do mundo inteiro gostam de ter um espaço em Nova Iorque) levou a que a população mais eclética e menos abonada se mudasse para estes dois bairros. Mas o Bronx e Staten Island continuam a ser considerados subúrbios pelos nova-iorquinos e têm menos interesse para o visitante.
Sendo um centro mundial de finanças, negócios, cultura e arte, a cidade tem uma actividade constante – a qualquer hora do dia ou da noite há alguma coisa a acontecer e o movimento nas ruas só diminui de madrugada. Daí que se diga que a cidade nunca dorme.
Há muito que ver e fazer em Nova Iorque; na verdade, há actividades para todos os gostos, desde música medieval a baseball, passando por escolas de cinema, teatro, origami, tai-chi, moda... Tem o maior espaço verde urbano do mundo, o Central Park, passeios pelo rio Hudson e bairros de todas as etnias e respetivas religiões. A arquitetura é majestosa, com o mais icónico arranha-céus do século XX, o Chrysler Building. Mas para uma visita curta, digamos de uma semana (pouco tempo!) os dois fortes são as artes e a restauração.
Cultura
Passear por Manhattan, que é plana, faz-se com à vontade e espanto. Os nova-iorquinos são por natureza amigáveis – coisa rara numa grande cidade – e bem-humorados. É normal as pessoas trocarem impressões ocasionais na rua, sem que isso implique outras intenções. É de bom tom retrucar e seguir em frente. Surpreendentes são os edifícios, desde os icónicos, como o Empire State Building (pode-se subir ao último andar para ver a vista) ou os Cloisters (uma igreja e claustro medievais importados de Espanha pedra por pedra), ao conjunto do Rockfeller Center. Há espectáculos de todos os géneros: comédia, em vários teatros e “halls” espalhados por todos os bairros, e grandes centros culturais: o Lincoln Center, com ópera, ballet e teatro; a Brooklyn Academy of Music, com artes cénicas de vanguarda; o Carnegie Hall, com ópera e bailado.
O Museum of Modern Art (MoMA) tem a maior coleção de pintura contemporânea à face da Terra, incluindo quadros icónicos de Kandinsky, Picasso, Andy Wharol - a lista é interminável. Ou então o Guggenheim, um edifício icónico de Frank Lloyd Wright que, além da colecção permanente, tem agora uma retrospectiva de Gustav Klimt. O Metropolitan tem um mastaba egípcio, papiros chineses milenares e preciosidades que seria preciso dar a volta ao mundo para ver nas origens. O American Museum of Natural History apresenta dioramas (cenas recriadas da natureza) com animais de todas as espécies, inclusive uma enorme baleia, em tamanho natural, pendurada no tecto de uma das salas. O Whitney, outro edifício famoso desenhado por Marcel Breuer e renovado por Renzo Piano, tem um acervo de arte americana abrangente, com incidência para os modernos do período pós-guerra, expressionistas abstractos, hiper-realistas, etc. Para quem gosta de design, o Cooper Hewitt é essencial.
Duas bibliotecas cobrem tudo o que uma biblioteca universal pode cobrir: a Pierpont Morgan Library, começada em 1906 para abrigar a colecção do famoso milionário J.P.Morgan e redesenhada por Renzo Piano; e a New York Public Library, que tem a maior colecção digitalizada de jornais norte-americanos.
Impõe-se uma visita ao Ground Zero, a zona onde estavam as torres gémeas que foram destruídas no atentado de 2001. Tem uma dignidade impressionante.
Espectáculos, é só escolher o género; desde rock alternativo a ópera novecentista, de música de câmara a grandes bandas militares, os famosos musicais e teatro de vanguarda (na Cooper Union, por exemplo), há de tudo a acontecer constantemente. A única regra é comprar bilhetes com antecedência, tanto para as grandes exposições como para os espectáculos, que costumam esgotar com meses de antecedência.
Restauração e compras
Tal como com a cultura e arte, há restaurantes com cozinhas de todo o mundo e de todos os géneros. Pode-se comer nepalês, italiano, etíope, árabe, kosher, mexicano ou português. Os nova-iorquinos têm o hábito americano de almoçar um snack simples e para isso há incontáveis “delis”, uma mistura de pastelaria com cafetaria. As sanduíches são as melhores do mundo e de uma fartura inacreditável. Há também os “diners”, aquilo que em Portugal se chama de “snack bar” (nome desconhecido por estas partes) e onde o serviço de chapa inclui ovos de todas as maneiras, batatas preparadas de modos que desconhecemos, carnes frias e o tal café americano, aguado e do tamanho de meio galão. Se quer experimentar algo diferente, peça “home fries” (batatas cozidas e depois fritas na chapa, quase um puré) e sandes de pasta de fígado de galinha ou de atum – são feitas com maionaise e outros ingredientes secretos. E não se pode esquecer dos famosos bagels - uma rodela de pão ázimo, como um donut, recheada com queijo-creme e salmão ou “sable”, peixe-espada fumado.
Depois há os grandes restaurantes (reserva absolutamente necessária - peça no hotel que tratem disso), dos clássicos e étnicos (cozinha indochinesa, fantástica!) às experiências de fusão mais exorbitantes. No Per Se, em Columbus Circle, pode experimentar não se sabe bem o quê – eles explicam – pelo preço de uma semana de delis. E não se esqueça de ir a uma steak house – a Empire, na Rua 50, é uma boa proposta – para provar o famoso bife americano, do tamanho do prato, com três centímetros de altura, mal passado (“rare”).
Quanto a compras, o céu é o limite. Em Nova Iorque há raros centros comerciais, porque o comércio tem portas abertas para a rua. Todas as marcas conhecidas internacionalmente e desconhecidas entre nós têm as suas lojas principais (“flagship stores”) em Manhattan, além dos grandes armazéns multimarca de sonho: Barney’s, Bloomingdale’s e Sack’s Fifth Avenue. O ideal é ter um cartão de crédito sem plafond!
Não se pode morrer sem conhecer o mundo, e conhecer o mundo é visitar Nova Iorque. Fácil, todas as semanas, pela TAP, que tem seis voos para a "Big Apple".
Texto: José Couto Nogueira
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