
Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva
MSC Poesia, um gigante dos mares
Com 293,8 metros de comprimento e 32,2 metros de largura, o MSC Poesia tem capacidade para mais de três mil passageiros e cerca de mil tripulantes. Inaugurado em 2008, este navio de cruzeiro faz parte da classe Música da MSC Cruzeiros, conhecida pelo seu design elegante e atmosfera acolhedora. O navio foi concebido para criar um ambiente sofisticado e relaxante para os passageiros.
O MSC Poesia aposta num leque variado de atividades para todas as idades. As três piscinas e os diversos jacuzzis ao ar livre são ideais para momentos de lazer ao sol. Para quem procura relaxamento, o Spa disponibiliza tratamentos de bem-estar e massagens. Os mais ativos podem usufruir do ginásio bem equipado com máquinas, na proa do navio, perfeito para quem pretende trabalhar a sua condição física, com uma vista privilegiada. O navio dispõe ainda de uma área de matraquilhos, ténis de mesa, campo de jogos ao ar livre e mini golfe.
As atividades para crianças no Kids Club são a resposta para os mais novos. Nos dias de navegação os adultos têm uma grande variedade de opções, desde as animadas aulas de dança, a workshops de artes manuais.

Seja para um café matinal, um cocktail ao pôr do sol ou uma conversa animada com amigos, o MSC Poesia conta com bares e lounges únicos. A música ao vivo é a grande atração de espaços como o Pigalle Lounge, The Zebra Bar, Giada Bar ou Le Rendez Vous Bar. À noite, todos os caminhos vão dar ao Teatro Felice, amplo espaço com lugar para todos (não requer reserva prévia), onde os espetáculos musicais temáticos abarcam os diferentes interesses. Desde clássicos rock a bandas sonoras memoráveis, as atuações são uma combinação feliz de canto, dança e acrobacias.
A bordo do MSC Poesia, os passageiros podem deliciar-se com uma oferta gastronómica variada, que inclui restaurantes de inspiração internacional. O Il Palladio e o Le Fontane são os principais restaurantes do navio, servindo menus requintados em ambiente elegante. Para quem prefere um toque mais descontraído e com horários mais abrangentes, o buffet Villa Pompeiana dispõe de uma seleção diversificada de opções a qualquer hora do dia. O navio disponibiliza ainda um espaço mais exclusivo: no Kaito Sushi Bar encontram-se pratos da cozinha japonesa.
De Buenos Aires a Montevidéu
Navegar pela costa da América do Sul em cruzeiro é como folhear um livro de postais que ganha vida. A beleza natural encontra-se com a cultura e a energia vibrante das grandes cidades.
Embarcámos em Buenos Aires, a cidade que respira tango e futebol, para atravessar o estuário do Rio Prata e desembarcar em Montevidéu, no Uruguai.
A capital argentina recebeu-nos depois de uma dúzia de horas de voo e, por isso, quem chega deve planear a estadia com tempo para absorver o pulsar desta cidade vibrante. Buenos Aires tem alma de tango e coração de futebol, mas é também uma metrópole marcada por uma elegância europeia, reflexo da forte influência espanhola e italiana.

O primeiro impacto é dado pelas suas largas avenidas, onde edifícios históricos convivem com espaços modernos. Os portenhos (designação dos residentes em Buenos Aires) mantêm o hábito de frequentar cafés ao longo do dia, fazendo destas paragens um ritual obrigatório. Entre conversas e jornais folheados, tomam um café cortado ou saboreiam um alfajor recheado com o tradicional doce de leite.
Ao final da tarde, a cidade reflete-se nos seus amplos espaços verdes. Nos parques, grupos de amigos e famílias reúnem-se para conviver e beber mate, a infusão feita com folhas de erva-mate, servida numa pequena cuia e sorvida por uma bombilla. Mais do que uma bebida, é um ritual social.
A cultura vibra no Teatro Colón, uma das mais importantes casas de ópera do mundo, inaugurada em 1912. A sua acústica perfeita e arquitetura imponente fazem dele um marco incontornável para os amantes das artes cénicas.
Não se pode falar de Buenos Aires sem mencionar a Casa Rosada, sede do Governo e cenário de momentos históricos da Argentina. Situada na Plaza de Mayo, distingue-se pela sua tonalidade singular e pelos detalhes neoclássicos da sua fachada, que a tornam um verdadeiro ícone urbano.

Seguimos depois para San Telmo, bairro de ruas empedradas e mercados de antiguidades, antes de chegarmos à Boca. Aqui, o colorido das casas do Caminito contrasta com o azul e amarelo da Bombonera, o estádio do Boca Juniors. Com capacidade para 55 mil pessoas, tem uma característica arquitetónica peculiar: estremece com a energia da claque, tornando cada jogo um espetáculo vibrante.
Nenhuma visita a Buenos Aires fica completa sem mergulhar na sua gastronomia. As empanadas, recheadas com carne ou queijo, são um clássico, mas o rei da mesa é o bife de chorizo, um corte suculento que faz da carne argentina uma das melhores do mundo. Para sobremesa, os alfajores de doce de leite conquistam os verdadeiramente gulosos.
E, para fechar com chave de ouro, nada como assistir a um espetáculo de tango. A sua origem é disputada com o Uruguai, mas a paixão com que os portenhos dançam não deixa dúvidas: Buenos Aires respira tango em cada esquina, num ritmo que se sente na pele e na alma.
Montevidéu: primeira paragem
A viagem de cruzeiro teve início em Buenos Aires, capital da Argentina, onde embarcámos para explorar a costa do Atlântico Sul. A primeira paragem foi Montevidéu, capital do Uruguai, mas antes de lá chegarmos, foi necessário atravessar o Rio da Prata, um verdadeiro desafio para a navegação, devido à sua pouca profundidade. O estuário do Rio da Prata impressiona: de tão largo, parece mar, mas ainda é rio.
Desembarcámos no Terminal de Pasajeros Benito Quinquela Martín, um dos principais pontos de chegada para quem visita a cidade por via marítima.
No centro da cidade, a Praça da Independência é um dos principais marcos históricos. No seu centro ergue-se a estátua de José Artigas, herói da independência uruguaia. À volta da praça, destacam-se edifícios históricos, entre eles o Teatro Solís, um dos mais antigos da América do Sul e classificado como monumento histórico. Outro monumento bem conservado é a Porta da Cidadela, construída pelos espanhóis, durante o século XVIII, para permitir o acesso à Cidadela de Montevidéu.

Uma das principais características de Montevidéu é a abundância de áreas verdes. A cidade é conhecida por ser um local agradável para se viver, e isso reflete-se na presença de muitas árvores, que no verão, formam túneis de sombra sobre as ruas e passeios. Durante o percurso, passámos pelo Palácio Legislativo, sede da Assembleia Nacional, onde ficámos a saber que no Uruguai o voto é obrigatório.

Ao contornarmos o Parque El Prado, percebemos a importância dos espaços públicos na vida dos habitantes. Nos parques, as pessoas encontram-se para conversar e partilhar um mate, a infusão tradicional da região. A cidade tem avenidas largas designadas por boulevards, ao estilo europeu, que ligam as zonas residenciais. Com uma baixa densidade populacional, nesta capital o trânsito é relativamente fluído, apesar de Montevidéu não dispor de metro nem de rede ferroviária – o transporte é exclusivamente rodoviário.
Junto ao porto, encontramos um Mercado repleto de lojas de artesanato local e restaurantes onde as grandes grelhas estão sempre acesas para preparar os famosos assados (churrascos), uma das especialidades do Uruguai. A gastronomia e a hospitalidade local encerraram da melhor forma a nossa primeira paragem nesta viagem.
Balneário Camboriú: paragem no "Dubai do Brasil"
Depois de zarpar de Buenos Aires e de uma primeira paragem em Montevidéu, o cruzeiro prosseguiu viagem rumo ao Brasil. Seguiu-se Balneário Camboriú, Ilhabela e Rio de Janeiro, três destinos que combinam praias paradisíacas, natureza exuberante e uma energia vibrante.
Conhecida como a “Dubai do Brasil”, Balneário Camboriú impressiona pelo seu horizonte repleto de arranha-céus imponentes. O maior edifício da cidade tem atualmente 86 pisos, mas a disputa pelo título de construção mais alta não para. Está em construção a Senna Tower, um arranha-céus com 156 andares, inspirado no legado do piloto Ayrton Senna. Este projeto ambiciona tornar-se um marco icónico na paisagem da cidade, consolidando Balneário Camboriú como um destino de luxo, onde o metro quadrado é dos mais valorizados do Brasil.
Para quem quer desfrutar de vistas panorâmicas deslumbrantes, o teleférico é uma experiência obrigatória. Liga a Barra Sul ao Morro da Aguada e à Praia de Laranjeiras, oferecendo uma perspetiva única da cidade e da imensidão do oceano. No topo do morro, há trilhos ecológicos e atrações emocionantes, como o Youhooo!, um trenó de montanha que desce a grande velocidade por entre a vegetação.
Os mais aventureiros podem optar pela descida de zipline, sobrevoando a floresta com uma vista incrível para o mar. No final do percurso, espera-nos a Praia de Laranjeiras, uma pequena baía de águas calmas e cristalinas, perfeita para relaxar ou dar um mergulho refrescante.
O arquipélago de Ilhabela, situado no litoral norte do estado de São Paulo, Brasil, é um verdadeiro paraíso natural. Composto por 14 ilhas, destaca-se a maior de todas, Ilhabela, cujo nome faz jus à paisagem deslumbrante que oferece.
Foi descoberta em 1502, por uma expedição enviada ao Brasil pelos portugueses, comandada pelo navegador português Gonçalo Coelho e trazendo a bordo o cosmógrafo italiano Américo Vespúcio. Ilhabela impressiona pela diversidade de ecossistemas, um combinação de mar, montanhas e um número surpreendente de quedas de água.
Ilhabela é conhecida pelas suas 360 cascatas, alimentadas pelas inúmeras nascentes que traçam a montanha coberta de Mata Atlântica. Tivemos a oportunidade de visitar três delas: a Cachoeira da Toca, da Ducha e do Tobogã. Cada uma com o seu encanto, proporcionam banhos refrescantes em águas cristalinas, rodeadas por vegetação exuberante. O Parque Estadual de Ilhabela, uma das maiores áreas de preservação do Brasil, é um espetáculo à parte, com trilhos que revelam a riqueza da fauna e flora local.
Além das belezas naturais, Ilhabela guarda importantes marcos históricos, como a Fazenda Engenho D’Água e o Engenho da Toca, ambos muito bem conservados. Nestes locais, é possível conhecer um pouco mais sobre o passado colonial da ilha e o funcionamento dos antigos engenhos de cana-de-açúcar.
Finalmente, chegamos ao Rio de Janeiro, uma cidade de contrastes intensos. De um lado, a paisagem natural de cortar a respiração: morros imponentes que desenham o horizonte, o verde exuberante da Floresta da Tijuca a servir de moldura, e um litoral adornado por algumas das praias mais icónicas do mundo. Do outro, uma realidade social marcada pela desigualdade, com favelas que se espalham pelas encostas e onde a vida segue num ritmo próprio, muitas vezes distante do brilho das zonas turísticas.

Quando visitámos o Rio, a cidade preparava-se para a sua temporada mais áurea: o Carnaval. Nas ruas, era possível sentir a antecipação. Escolas de samba davam os últimos retoques nos carros alegóricos, enquanto nos barracões da Cidade do Samba os ensaios fervilhavam. Os blocos de rua já aqueciam os tamborins, prometendo mais uma edição de folia inesquecível.
A zona sul do Rio é sinónimo de sofisticação e belezas naturais. A Barra da Tijuca, com as suas amplas avenidas e praias de mar revolto, contrasta com a elegância de São Conrado, onde o verde da Mata Atlântica se mistura com condomínios de luxo. No Leblon, em Ipanema e Copacabana, a vida pulsa à beira-mar. O calçadão icónico convida a caminhadas sob um pôr do sol dourado, enquanto o mar é um convite constante para um mergulho refrescante.
No centro da cidade, a história e a cultura encontram-se em cada esquina. A Igreja da Candelária, imponente e repleta de detalhes barrocos, resiste ao tempo como um dos símbolos da arquitetura colonial brasileira. A poucos passos dali, a Escadaria Selarón é um mosaico de cores vibrantes, resultado da paixão do artista chileno Jorge Selarón pelo Brasil.
Junto ao porto, o Museu do Amanhã, obra futurista de Santiago Calatrava, projeta-se sobre a Baía de Guanabara como um símbolo de modernidade e reflexão sobre o futuro. Nessa mesma área, o Pier Mauá tornou-se um espaço de arte e expressão. O mural “Etnias”, do artista brasileiro Eduardo Kobra, é um dos maiores grafites do mundo e retrata cinco rostos de diferentes povos indígenas, celebrando a diversidade cultural.
A arte urbana, espalhada pelas ruas e becos, reflete o espírito carioca: uma mistura de resistência, criatividade e identidade. Entre a beleza natural e os desafios diários, o Rio de Janeiro segue a sua batida própria, um lugar onde o esplendor e a dura realidade coexistem numa harmonia intensa e, por vezes, inesperada.
Neste inverno, o MSC Poesia navegou pelas águas da América do Sul. No verão, o destino muda para o Mediterrâneo e, em 2025 e 2026, o Norte da Europa será o palco de novas viagens deste MSC Poesia.
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