Até aqui, em meses de viagem, um destino de praia ainda não tinha sido assinalado no nosso mapa. O mundo é bem mais do que estar ao sol e dar mergulhos, mas também é estar ao sol e dar mergulhos, por isso, deixámos as montanhas de Mae On e dirigimo-nos para o sul da Tailândia.
A (angustiada) travessia de ferri
Para lá chegar, apanhámos o tuk-tuk até à estação, aí o comboio nocturno até Chiang Mai e às 6h30 estávamos em Bangkok. Um dia de descanso e, quando o sol se pôs, já nós estávamos acomodados no autocarro nocturno. Partimos às 19h30, às 6h30 estávamos em Krabi, neste momento apenas nos faltava um mini autocarro e a travessia de ferri. Mas esse 'apenas' estava longe de ser bem vivido:
A dada altura estávamos dentro desse mini autocarro, que levava mais gente do que devia. Fomos dos primeiros a entrar, por isso, ficamos encostados do lado da janela – no lado oposto à porta. Depois de algum tempo ali: apertados (uns pelos outros e pelas necessidades fisiológicas); transpirados; cansados… o nosso mini autocarro entra no ferri e, ao todo que já vos tinha assinalado, acrescenta-se: o medo.
Sim, e se algo acontece? Se o ferri cede, se o mar entra… eu não teria tempo, nunca nos safaríamos, ali encostados à janela – pequena. Tinha de sair! Tinha de tirar a Mia dali. Pedi para sair, a porta não abria, quem estava na ponta não a conseguia fazer correr; outros ajudaram e finalmente abriu. Saímos! Quase todos saíram, como se partilhassem da mesma angústia e desconforto. Subimos para a estrutura onde os passageiros que saem do transporte podem viajar, o resto da viagem fez-se melhor ao ar livre, apenas tivemos de voltar a entrar na carrinha para sair do ferri.
Finalmente estávamos em solo firme – Koh Lanta é o nome da ilha – mas as surpresas estavam longe de terem terminado. Enfrentámos uma fila de duas horas e um condutor com muita dificuldade em encontrar os hotéis dos vários passageiros.
O bungalow (re)visitado por animais vários
Chegámos ao Sun Moon Bungalow, depois de perdidos entre hotéis, ruas, telefonemas… devido a uma má localização assinalada no Google Maps.
E aqui foi esse lugar onde até ponderámos avançar com uma petição pelo falecimento de certos animais, recordam-se? O lugar onde nos visitavam, sem autorização: sapos noctívagos, macacos charlatães e ratos intrusos. Lembram-se?
O Parque Natural, o baloiço e o farol
Esta Tailândia é bem diferente da que vivemos na capital e no norte. As imagens do rei quase desapareceram, a comunidade muçulmana cresce e as mulheres aparecem nas suas burcas, onde apenas os olhos se dão a ver. A comida também sofre alterações e tudo parece acontecer a um ritmo mais lento.
E foi a um ritmo lento que baloiçamos, nesse baloiço no meio do Mu Ko Lanta National Park, com o farol lá no cimo, a olhar-nos.
Aqui pintámos pedras juntas, desenhamos-lhes flores, flores nas pedras, e demos-lhes cores vivas. Paus e mais pedras. Mãos escondidas, pela água, pela areia: que ensina novas brincadeiras; que traz novas amizades.
Percorremos quilómetros e encontrámos uma cascata no meio da selva.
E ela pegou em folhas gigantes, com as suas mãos pequenas, as mesmas que enfiou na areia e com as quais fez comida, de faz-de-conta.
E depois do Norte e do Sul da Tailândia, estávamos prontos para: atravessar mais uma fronteira; entrar num novo país. No próximo post já vos falarei da Malásia e da acolhedora George Town.
Este artigo foi originalmente publicado em Menina Mundo.
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