Alguns dias antes tinha reservado o meu lugar numa expedição de barco organizada pela TAO Philippines, uma das mais (senão a mais, mesmo) conceituadas e populares empresas de tours entre ilhas das Filipinas. Seriam 3 dias e 2 noites num barco com um grupo de outros viajantes. As noites seriam passadas em acampamentos em 2 ilhas desertas que ficavam no caminho para El Nido. Mas, até lá, ainda teria de sair de Bohol.

No dia seguinte, em Bohol, esperava-me uma viagem de ferry de 2 horas, às 08h da manhã, seguida por um voo de 1h30 de Cebu até Coron. A chuva continuava a cair, tanto em Bohol como em Cebu, e eu só esperava não ter a mesma sorte em Coron. O karma decidiu compensar-me: fui recebida em Coron com um sol radioso. Diria até um pouco radioso demais… Assim que saí do avião da Philippine Airlines, senti que tinha acabado de entrar num forno que me cozinhava lentamente. Com a bagagem já comigo, procuro um táxi à saída do pequeno aeroporto. Procura infrutífera já que dali só conseguiria sair de mini-bus juntamente com outros turistas com o mesmo destino. Sou a primeira a ser deixada no meu hotel, mais ou menos no início da estrada principal de Coron. Mal tenho tempo para pousar a mala porque tenho de seguir de imediato para os escritórios da TAO para um briefing antes do início da expedição que teria lugar no dia seguinte pelas 08h da manhã.

Coron, a cidade, não tem absolutamente encanto nenhum: um trânsito caótico, numa estrada apertada onde quem circula a pé tem de participar num jogo que consiste em não ser albaroado por uma scooter, um trycicle ou uma carrinha. O caminho até ao centro da cidade é feito em zigue-zague, tentando constantemente desviar-me de todos os obstáculos que iam surgindo.

Já nos escritórios da TAO, todos os passageiros da expedição começam a chegar: franceses, belgas, holandeses, italianos, suecos… Alguns em casal, outros sozinhos. O briefing começa com um cocktail de boas-vindas que serve perfeitamente para quebrar o gelo. As conversas começam a surgir e começo a ter a sensação que me esperava uma experiência inesquecível. Briefing feito, dúvidas esclarecidas e estávamos prontos para começar esta aventura. Durante o briefing acabo por criar uma maior empatia com outra viajante a solo que se senta ao meu lado, a Elodie, de França. Uma miúda impecável de 28 anos que se viria a revelar uma excelente companhia de viagem durante os dias seguintes.

De ilha paradisíaca em ilha paradisíaca

No dia seguinte, às 08h em ponto, encontrávamos-nos todos nos escritórios da TAO. Dividimo-nos em duas carrinhas para seguirmos todos em direção ao porto onde finalmente embarcaríamos para dar início à expedição. A viagem de mini-bus foi mais longa do que eu esperava, mas foi uma boa oportunidade para irmos falando uns com os outros e conhecermos-nos melhor. Naturalmente, a ligação com as outras miúdas que também viajavam sozinhas foi imediata: 3 francesas (cada uma de lados diferentes de França) e uma belga. Nos próximos 3 dias o grupo todo viria-se a revelar um excelente “match”. A empatia entre todos foi quase imediata. As paisagens paradisíacas, as refeições deliciosas preparadas pelo mais jovem Chef do mundo - o Tata, de 19 anos -, as horas de gargalhadas, conversas sobre tudo e mais alguma coisa e o ambiente de partilha que se fazia sentir entre todos (staff e tripulantes) fizeram com que eu tivesse a certeza que este tinha sido o dinheiro melhor gasto dos últimos tempos para mim.

Os dias eram passados a navegar de ilha paradisíaca em ilha paradisíaca, a fazer snorkelling sobre os recifes que rodeavam as praias (e a tentar fugir às dezenas de alforrecas e plancton que davam uma comichão tenebrosa) ou simplesmente a relaxar no deck do barco acompanhada por um excelente livro que comprei ainda em Londres (“The Amazing Story of the man who cycled form India to Europe for love”, de Per J. Andersson).

A última noite foi particularmente especial. Ao final do dia, perto do pôr-do-sol, o barco chegava ao segundo acampamento da TAO. Uma série de pequenas cabanas extremamente simples, rodeadas de palmeiras com vista para o mar, preenchiam o recinto. Basicamente, a matéria-prima de que os sonhos são feitos. Sabem aquela expressão “amor e uma cabana”? Acho que esta é a cabana a que normalmente se referem.

Ao chegar, houve tempo apenas para pousar a mala na minha cabana e seguir logo de imediato para uma outra zona do acampamento onde 4 senhoras filipinas nos esperavam para uma massagem gratuita. Eu tinha quase a certeza que só podia estar a sonhar. O que vos digo é que foi a melhor massagem da minha vida. Praticamente uma hora de massagem onde nenhum músculo foi esquecido. Nem mesmo o facto de ela me ter destapado a bunda que ficou à vista de quem por ali passasse me incomodou. Foi a primeira vez que alguém me massajou as nádegas e devo dizer (apesar de soar mal para caraças) que nunca pensei gostar tanto!

À noite, depois de um banho de água fria que me soube pela vida e de mais um jantar delicioso, deixámos-nos ficar todos para mais umas horas de conversa e gargalhadas à volta da mesa, desta vez regadas com um belo rum filipino. Esta seria a última noite de uma experiência incrível de 3 dias sem Wi-Fi, sem espelhos e sem eletricidade grande parte do tempo. Um “back to basics” que me fez ter vontade de, de vez em quando, fazer um pequeno detox de civilização.

No dia seguinte chegávamos a El Nido a meio da tarde. Na cara um sorriso enorme de satisfação e a certeza que não poderia ter aproveitado melhor estes últimos dias. As Filipinas tinham-se entranhado de vez.

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